tag:blogger.com,1999:blog-45738912427188482024-03-05T08:44:33.999+00:00AntologiasAntologias é um espaço onde se colocam partes de textos de livros ou websites que tocam sobretudo as ciências do Homem: psicologia, história, sociologia. biografias, relatos de viagens e de explorações geográficas...
É um espaço de referências de autores importantes...Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.comBlogger976125tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-87723574496668287792013-07-08T20:01:00.000+01:002013-07-08T20:01:00.485+01:00Partidos para quê?<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgppebgYGHY1KsGBMWuwLK6P-vtmUYYTsIf7nJh3yU1laJtD18P1xoBNNHBVVuL-KOSiSb39Mx_hZU74XiIogURbZ4Uz99YtFyFxLtFpYjrGHTTeQU2hC0_KPMA7Yic83gYvCnc9MOIcmQ/s1600/partidocracia_urna.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgppebgYGHY1KsGBMWuwLK6P-vtmUYYTsIf7nJh3yU1laJtD18P1xoBNNHBVVuL-KOSiSb39Mx_hZU74XiIogURbZ4Uz99YtFyFxLtFpYjrGHTTeQU2hC0_KPMA7Yic83gYvCnc9MOIcmQ/s1600/partidocracia_urna.png" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Que desapareçam os partidos políticos. Nunca ninguém nasceu membro de um partido político; em troca, todos nascemos membros de uma família, somos todos vizinhos num município, esforçamo-nos todos no exercício de um trabalho. Pois se essas são as nossas unidades naturais, se a família e o município e a corporação é no que verdadeiramente vivemos, para que necessitamos do instrumento intermédio e pernicioso dos partidos políticos que, para unir-nos em grupos artificiais, começam por desunir-nos nas nossas realidades autênticas?</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>José Antonio Primo de Rivera</b> <i>in</i> «Discurso de fundação da Falange Espanhola».</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte: Blogue <a href="http://accao-integral.blogspot.pt/2013/04/partidos-para-que.html">"Acção Integral", post de 21Abr2013</a></span></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-37489097838432604962013-07-07T16:57:00.000+01:002013-07-07T16:57:21.841+01:00O progresso traz felicidade?<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu6-HqQwuxqeNOYwOff71_MPWNqjYtozQSxWNpJqyGghZvTG3ZYXnDBAG7jnJZRKWyKw5i7M8mQKMRZs5fCbUKrMIQb0wm1WxNquagTdfdAFuJgYO9ZsyLZ9Tt0Biv5j0ul_ZFy8XrTjE/s1600/Labor_0.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="166" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu6-HqQwuxqeNOYwOff71_MPWNqjYtozQSxWNpJqyGghZvTG3ZYXnDBAG7jnJZRKWyKw5i7M8mQKMRZs5fCbUKrMIQb0wm1WxNquagTdfdAFuJgYO9ZsyLZ9Tt0Biv5j0ul_ZFy8XrTjE/s400/Labor_0.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Que tem feito a sociedade há três séculos a favor da parte moral do homem? Nada, querer iluminar o homem, tirar-lhe ilusões. E tiradas essas ilusões, que sucedeu? O homem materializou-se, e a sociedade corrompeu-se. Vejamos que progressos materiais obtivemos nesses três séculos: obtivemos as aplicações do vapor, a química fez passos de gigante, as ciências naturais chegaram quase à perfeição, os resultados científicos e artísticos simplificaram-se, inventou-se o galvanismo, o telégrafo eléctrico, a fotografia, desapareceram as distâncias, o comércio reina dominador sobre todos, somos engolfados em prosperidade material, e ao mesmo tempo somos muito infelizes.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>D. Pedro V</b> <i>in</i> «Escritos de El-Rei D. Pedro V».</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span> <span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte: Blogue <a href="http://accao-integral.blogspot.pt/2013/04/o-progresso-traz-felicidade.html">"Acção Integral", post de 08Abr2013</a></span></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-41487507347682296782013-02-27T20:17:00.000+00:002013-02-27T20:17:00.628+00:00"Nunca Tive os Olhos Postos em Clientelas Políticas" - António de Oliveira Salazar<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-LaF1VBAPuGw/UPXMXMJSgFI/AAAAAAAAGjw/juks619VwRA/s1600/Salazar-na-Intimidade1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-LaF1VBAPuGw/UPXMXMJSgFI/AAAAAAAAGjw/juks619VwRA/s1600/Salazar-na-Intimidade1.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: large;"><i><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: x-large;">«D</span>evo à Providência a graça de ser pobre: sem bens que valham, por muito pouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugares rendosos, riquezas, ostentações. <a href="http://historiamaximus.blogspot.pt/2013/01/nunca-tive-os-olhos-postos-em.html">Ler mais</a></span></i></span></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: large;"><i><span style="line-height: 150%;"> E para ganhar, na modéstia a que me habituei e em que posso viver, o pão de cada dia não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou em comprometedoras solidariedades. Sou um homem independente. Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formar partido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação e os limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante de quem tantos se curvam no Mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção. Se lhes defendo tenazmente os interesses, se me ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposição da minha consciência de governante, não por ligações partidárias ou compromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, um homem livre. Jamais empreguei o insulto ou a agressão de modo que homens dignos se considerassem impossibilitados de colaborar. No exame dos tristes períodos que nos antecederam esforcei-me sempre por demonstrar como de pouco valiam as qualidades dos homens contra a força implacável dos erros que se viam obrigados a servir. E não é minha culpa se, passados vinte anos de uma experiência luminosa, eles próprios continuam a apresentar-se como inteiramente responsáveis do anterior descalabro, visto teimarem em proclamar a bondade dos princípios e a sua correcta aplicação à Nação Portuguesa. Fui humano».</span></i></span></span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: large;"> </span></span><br />
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<b><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 150%;">Assim disse António de Oliveira Salazar, num discurso proferido no Porto, em 1949.</span></span></span></b><br />
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 150%;"><br />
</span></span></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: large;"><span style="line-height: 150%;">Fonte: Blogue <a href="http://historiamaximus.blogspot.pt/2013/01/nunca-tive-os-olhos-postos-em.html">"História Maximus", post de 15Jan2013</a></span></span></span></b></div>
</div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<br />
<br /></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-53023813556228305412013-02-23T16:22:00.000+00:002013-02-23T16:22:00.217+00:00NO METROPOLITANO DE PARIS<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; text-align: justify;">Não há dúvida que sem dinheiro a vida é impossível. Mas nem tudo na vida se reduz a dinheiro: estão nesta categoria todos os bens que não são quantificáveis. Conto aqui um episódio, que é bom exemplo do que acabo de afirmar e o qual, apesar de vivido em circunstâncias particularmente duras, nem por isso deixa de constituir uma das lembranças mais gratas de toda a minha vida. <a href="http://legitimismo.blogspot.pt/2013/01/no-metropolitano-de-paris_17.html">Ler mais</a></span><br />
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">À data do desastre --- </span><i style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">25ABR74 ---</i><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">, encontrava-me em Angola à espera de entrar nas Forças de Intervenção do Comando-Chefe daquela Província. Era a minha segunda ida a África para defender aquele terrão. Escusado será dizer que esse sonho de poder continuar o combate ficou anulado pela traição que se conhece.</span><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"></span><br /></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-GB"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">Entretanto, dava-se o <i>28 de Setembro</i>na Metrópole. </span><a href="http://legitimismo.blogspot.com/2008/09/manifesto.html"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">A 03OUT74, era eu lá detido por ordem de Rosa Coutinho</span></a>.<span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"> Assim estive poucos dias (três semanas e mais qualquer coisa), mas com a nota muito desagradável de ter passado esse período praticamente incomunicável e sem saber quanto tempo ia durar o que veio a ser um cárcere curto.</span></span></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"><span lang="EN-GB" style="color: black;">Quando me libertaram, passei à África do Sul e daí, decorrido mês e meio, voei para Madrid. </span><span lang="EN-GB" style="color: black;">Em Espanha, mandaram-me para Barcelona, onde estive uns quatro meses. No rectângulo português, ia viver-se o <i>Verão Quente. </i>Antes de entrar nele, tive de deslocar-me a Paris.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"></span><br /></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="color: black;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">E aí é que sucede o que me propus narrar. Todo este relato teve a finalidade de mostrar um quadro que, dadas as razões, não era nada agradável, o que ajudará a compreender a emoção sentida por mim na ocorrência que segue.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"></span><br /></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="color: black;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">Percorria eu os corredores do <i>Metro</i>, bastante atribulado, quando começo a ouvir uma música lindíssima. Saía das cordas de um violino: Brahms? Beethoven? Sempre confundi os dois, nalguns trechos. O compositor até podia ser um terceiro. Mas, para o efeito que trato, isso de nada interessa: sei é que a música parecia caída do Céu. Já não me lembro se caminhava na direcção de onde vinha o som. É provável que eu tivesse feito um desvio, tal a magia daquele momento.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"></span><br /></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="color: black;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">O certo é que, ia caminhando para lá e à medida que descia umas escadas, começo a ver a figura de um homem que arrancava aquelas notas de tanta beleza. Era cego. Tinha aos pés, como é costume nestes casos, uma caixa onde se via dinheiro. Aproximei-me e, em termos genéricos, disse-lhe que me encontrava ali condicionado por causas muito especiais, não podendo levar-lhe nenhum socorro material. Acrescentei ainda que, mesmo tendo os bolsos a abarrotar, supunha que não conseguiria pagar-lhe o conforto que recebera com a música por ele tocada.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"></span><br /></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="color: black;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">Não menos comovido que eu, retorquiu-me num tom que parecia mais agradecido do que ficaria se eu o tivesse coberto de moedas!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif; font-size: large;"></span><br /></div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<span lang="EN-GB" style="color: black; font-family: Times,"Times New Roman",serif; font-size: large;">Joaquim Maria Cymbron</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="color: black; font-family: Times,"Times New Roman",serif; font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span lang="EN-GB" style="color: black; font-family: Times,"Times New Roman",serif; font-size: large;">Fonte: <a href="http://legitimismo.blogspot.pt/2013/01/no-metropolitano-de-paris_17.html">Blogue "Movimento Legitimista Português", post de 17Jan2013</a></span></div>
</div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-29203817345247444712013-02-20T18:02:00.000+00:002013-02-20T18:02:00.120+00:00O significado dos governos democráticos<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicWbOiQG3lSma7nLusyHHwMS3u3xx0l0kkFrLLniLGRobTcAvQ-tq12etWI4aVtH0-Hjrb5YbVdU1d57QfefBeVnULRn1yJL3fXAFv7FL7ZgTg0iovbOhdc2k3mCvaUSXzBToTWiDhRvs/s1600/politicians.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicWbOiQG3lSma7nLusyHHwMS3u3xx0l0kkFrLLniLGRobTcAvQ-tq12etWI4aVtH0-Hjrb5YbVdU1d57QfefBeVnULRn1yJL3fXAFv7FL7ZgTg0iovbOhdc2k3mCvaUSXzBToTWiDhRvs/s400/politicians.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Estes politiqueiros, com as suas famílias e os seus agentes, têm necessidade de dinheiro: dinheiro para as diversões, para manter a clientela política, para os votos e para comprar consciências humanas. A seguir as suas hordas correrão e despojarão o País. É isto o significado, em última análise, do seu governo e da sua obra. Esgotarão o orçamento do Estado e dos Municípios; agarrar-se-ão como carrapatos aos conselhos de administração de todas as empresas, das quais receberão percentagens de dezenas de milhões sem fazerem trabalho algum, subtraindo-o do suor e do sangue dos trabalhadores esgotados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Estarão enquadrados nos conselhos dos banqueiros eleitos, dos quais receberão mais milhões e dezenas de milhões como preço da estirpe que venderam.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Criarão negócios escandalosos que assombrarão o mundo; a corrupção estender-se-á à vida pública do País como uma praga, desde o mais ínfimo criado até aos ministros. Vender-se-ão a qualquer um...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>Corneliu Zelea Codreanu</b> <i>in</i> «Guarda de Ferro».</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte: Blogue <a href="http://accao-integral.blogspot.pt/2013/02/o-significado-dos-governos-democraticos.html">"Acção Integral", post de 05Fev2013</a></span></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-6346449472064523672013-02-16T09:22:00.000+00:002013-02-16T09:22:00.078+00:00Tomates portugueses e outras "viandas"<span style="text-align: justify;">"Em 1537, António da Silveira escreveu assim ao turco Suleimão Paxá, em resposta a uma proposta de rendição da fortaleza de Diu, onde um exército de 25.000 homens defrontava 600 Portugueses (note-se que Suleimão Páxá era um eunuco):</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Muito honrado capitão Paxá, bem vi as palavras da tua carta. Se em Rodes tivessem estado os cavaleiros que aqui estão neste curral podes crer que não a terias tomado. Fica a saber que aqui estão Portugueses acostumados a matar muitos mouros e têm por capitão António da Silveira, que tem um par de tomates mais fortes que as balas dos teus canhões e que todos os Portugueses aqui têm tomates e não temem quem os não tenha". "</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Diu permaneceu em mãos Portuguesas até 1961..."</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue;">VER MAIS AQUI</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Oh, Tanto orgulho pátrio!!!<br />
<br />
Fonte: Blogue <a href="http://terraimunda.blogspot.pt/2013/02/tomates-portugueses-e-outras-viandas.html">"Terra Imunda", post de 09Fev2013</a></div>
</div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-71996467409675022772013-02-09T17:50:00.000+00:002013-02-09T17:50:09.788+00:00MORREU JAIME NEVES<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyFJTJjO838H_wsPpeDda9IeDu8tRcJCajLuc_QCVneNvv8Sj03AY9Sn0xPg2ubczYTbCDflA22xvtvs1koyxZyTQhwttc83z75nhb_2S3PLxCVAJoEFuaKhLgmozYb1G7Dt0YiNOSgmQ/s1600/JN.jpg" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyFJTJjO838H_wsPpeDda9IeDu8tRcJCajLuc_QCVneNvv8Sj03AY9Sn0xPg2ubczYTbCDflA22xvtvs1koyxZyTQhwttc83z75nhb_2S3PLxCVAJoEFuaKhLgmozYb1G7Dt0YiNOSgmQ/s320/JN.jpg" width="181" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: blue; font-family: inherit;">Português, transmontano, militar e amante das coisas da vida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span><span style="font-family: inherit;">Conheci o Major General Jaime Neves, mas não privei com ele. Por isso não tenho um conhecimento sequer razoável do seu carácter e personalidade, não podendo, assim, escrever sobre ele com profundidade. Estimáva - o como camarada mais antigo. <a href="http://novoadamastor.blogspot.pt/2013/01/morreu-jaime-neves.html">Ler mais</a></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Mas sei que foi um combatente de eleição e um bom condutor de homens.</span><span style="font-family: inherit;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Era um homem franco, rijo e amigo do seu amigo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Como militar as suas qualidades operacionais destacavam-se relativamente aos atributos relacionados com a actividade de Estado-Maior. Não era um teórico nem um estudioso, mas sim um prático e um intuitivo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Participou no golpe de estado do 25 de Abril, como a maioria que o fez, por queixas várias contra governos e hierarquias, algum idealismo e muita ingenuidade à mistura. Situação que virou pouco refletida e ponderada a que não é estranha a falta de preparação política e intelectual da maioria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Sem embargo, e "a posteriori", de muitos terem manchado a sua “folha de serviços” por oportunismo e acções contrárias ao dever, brio e decoro militares.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Neste último lote não está incluído o “Comando” – especialidade que sempre honrou – Jaime Neves que, vendo-se envolvido na espiral de loucura que assolou o país, no Verão de 1975, se situou no lado são, da Instituição Militar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">E, nesse âmbito, se destacou na acção preponderante que teve como comandante do Regimento de Comandos na contenção (mas não na derrota) das forças político – partidárias de carácter internacionalista e totalitário, que tinham colocado o país à beira da guerra civil. O que restou do país deve-lhe isso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">O que, infelizmente, não foi possível fazer nas parcelas ultramarinas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Só depois daquela acção - onde se destacaram, também, algumas unidades aéreas da Força Aérea- se conseguiu prosseguir com a retoma da “Democracia” (a ser tentada desde 1820…), previsto no Programa do MFA e único desiderato dos “3 Ds” nele constante, a ter algum sucesso até hoje.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Pelo que fez o Major General Jaime Neves ganhou jus a ter o seu nome, para sempre, gravado na História de Portugal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Jaime Neves foi, sobretudo, um bravo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Um bravo militar do Exército Português.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br />
</span> <span style="font-family: inherit;">Fonte: Blogue <a href="http://novoadamastor.blogspot.pt/2013/01/morreu-jaime-neves.html">"Adamastor", post de 29Jan2013</a></span></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-43516215041391451572013-02-02T10:10:00.000+00:002013-02-02T10:10:00.472+00:00A doutrina política de S. Tomás de Aquino<a href="http://accao-integral.blogspot.com/2013/01/a-doutrina-politica-de-s-tomas-de-aquino.html">A doutrina política de S. Tomás de Aquino</a>: <br />
<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD-ywYaCNe1T240FvpJzI0lv6XX6ubSeJnaF04_FXmffGjawqZZOl_Y56Raswf4nQyLHxMRmaijv7DzkBXrLJwETJM43kAfK_Tzbw9R7Z-GzhA2oNeXP510RxciCbZmC2O1-32oEbTy6A/s1600/st-thomas-aquinas-granger.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD-ywYaCNe1T240FvpJzI0lv6XX6ubSeJnaF04_FXmffGjawqZZOl_Y56Raswf4nQyLHxMRmaijv7DzkBXrLJwETJM43kAfK_Tzbw9R7Z-GzhA2oNeXP510RxciCbZmC2O1-32oEbTy6A/s400/st-thomas-aquinas-granger.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Para S. Tomás, como para Aristóteles, há três formas de sociedade possíveis:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="background-color: white; color: white;">__</span>a) Monarquia;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: white;">__</span>b) Aristocracia;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: white;">__</span>c) Democracia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">A cada uma destas três formas correspondem três outras formas que são a sua corrupção:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: white;">__</span>a) Tirania, corrupção da Monarquia;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: white;">__</span>b) Oligarquia, corrupção da Aristocracia;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: white;">__</span>c) Demagogia, corrupção da Democracia. <a href="http://accao-integral.blogspot.pt/2013/01/a-doutrina-politica-de-s-tomas-de-aquino.html">Ler mais</a></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">A Monarquia é o governo dum povo por um só, e a Tirania é a opressão de todo o Povo. A Aristocracia é a administração do povo por um grupo de homens virtuosos, e a Oligarquia é a opressão de todo o povo ou de uma parte, um grupo. A Democracia é o governo do Estado por uma classe numerosa, e a Demagogia é a opressão duma classe social por outra como por exemplo, quando a plebe, abusando da sua superioridade numérica, oprime os ricos; é a Tirania da multidão. Qual das três formas de governo é a melhor, isto é, a mais justa?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Há sempre perigo, esclarece o Doutor Angélico, ou em renunciar à melhor forma de governo, que é a Monarquia, pelo receio da Tirania, ou, pelo temor da renúncia, em adoptar o governo monárquico, correndo-se o risco de o ver degenerar em tirania. A corrupção do melhor é sempre o pior. Então, que devemos fazer: contentar-se a gente com o não estar muito bem pelo medo de ficar muito mal, ou aspirar ao melhor sem pensar no pior? A resposta só pode ser dada, depois de sabermos as razões porque a Monarquia é o melhor dos governos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Antes de mais nada, vejamos: qual é mais vantajoso para uma cidade ou para uma província: o governo de um ou o governo de muitos? Para se responder a isto, temos que fixar qual seja o fim que deve propor-se qualquer governo. Ora a intenção de quem exerce a função governativa deve ser garantir a salvação daqueles sobre quem tem domínio. Mas em que consiste o bem e a salvação da sociedade política? Na paz, – sem a qual a vida social perde toda a razão de ser. Logo todo aquele que governa um povo deve, antes de mais nada, garantir-lhe a unidade da paz, isto é, na ordem. Logo, um regime será tanto mais útil, quanto mais eficaz for na sua missão de garantir a unidade do povo na paz. É evidente que o que é um só é mais capaz de realizar a unidade do que muitos, – como as fontes de calor mais poderosas são os objectos quentes por si mesmos. Logo, o governo dum só é mais útil ao povo de que o governo de muitos. Além disso, tudo quanto se passa naturalmente, passa-se bem, porque a natureza faz sempre o que é melhor.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Ora o modo comum, na natureza, é o governo dum só. No corpo humano, há um órgão que move todos os outros: o coração. Na alma, há uma parte que preside às outras: a razão. As abelhas têm uma rainha, e no universo inteiro, só há um Deus que criou todas as coisas e as governa. Se uma pluralidade deriva sempre duma unidade, e se os produtos da arte são tanto mais perfeitos quanto mais se parecem com as obras da natureza, – o melhor governo para um povo consiste necessariamente no governo de um só. E a experiência o confirma: as províncias ou as cidades governadas por muitos sofrem dissensões, e são perturbadas pela falta de paz. Foi por isso que o Senhor prometeu, aos seu povo, como dom magnífico, dar-lhe um só chefe, e colocar um só príncipe no seu seio. E o perigo da Tirania? Consideremo-lo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">A Tirania não é o perigo exclusivo da Monarquia: a Oligarquia e a Demagogia, são tiranias também, e que por serem as dum grupo ou duma classe, não são sempre menos pesadas. Se dizemos que a tirania dum só, corrupção do melhor, é a pior tirania, é na suposição de que ela fosse absoluta. Mas esta tirania absoluta é rara; a maior parte das vezes, limita-se a exercer-se sobre algumas famílias, ou sobre uma classe mais ou menos numerosa de cidadãos. Pelo contrário, quando se trata da tirania de muitos, o mal reside no próprio governo e atinge o País inteiro. Se acrescentarmos que o governo de muitos gera mais frequentemente tiranias do que o governo dum só em virtude das rivalidades dos chefes que os atiram uns contra os outros, para se eliminarem em proveito dum, conclui-se que é a Monarquia que apresenta menos perigos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Dois males, temos que escolher um – o menor. Ora dum lado, vemos o governo melhor, pouco arriscado a cair no pior; doutro lado, vemos governos menos bons, muito arriscados a cair em tiranias, das quais a menor afectaria já a boa ordem de todo o Estado. Se, portanto, a única razão de nos privarmos do melhor regime é o receio da tirania, e se a tirania mais a temer é a dos regimes menos bons, não fica razão alguma para que não escolhamos o melhor governo: o governo dum só. Se apesar de tudo, o Rei se revelar tirano, devemos suportá-lo tanto quanto pudermos, porque muitas vezes, só se muda dum mau tirano para um pior. Mas nunca se deve recorrer à violência e ao assassinato, e deve-se procurar, pelas vias legais, obter do tirano que ele se demita, porque o povo que escolhe os reis tem sempre o poder de destituir os tiranos indignos da sua missão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Tal é a doutrina política de S. Tomás de Aquino que temos muito prazer em oferecer, resumidamente, àqueles que pelo seu conhecimento se interessaram.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>Alfredo Pimenta</b> <i>in</i> «Nas Vésperas do Estado Novo».</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte: Blogue <a href="http://accao-integral.blogspot.pt/2013/01/a-doutrina-politica-de-s-tomas-de-aquino.html">"Acção Integral", post de 09Jan2013</a></span></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-47797311618021726242013-01-30T10:48:00.000+00:002013-01-30T10:48:00.334+00:00“Verídicas: poucas pessoas sabem sê-lo. (...)<span style="text-align: justify;">“Verídicas: poucas pessoas sabem sê-lo. E aqueles que o sabem estão ainda longe de o querer. E menos do que ninguém, os bons.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
Oh! esses bons! <i>Os bons nunca dizem a verdade</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ser bom desta maneira é uma doença do espírito.</div>
<div style="text-align: justify;">
Estão sempre prontos a ceder, esses bons, a render-se; o seu coração aprova, obedecem com toda a sua alma; mas aquele que ouve toda a gente <i>deixa de se ouvir a si próprio</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
É preciso reunir tudo que os bons chamam mau para produzir uma única verdade; ó meus irmãos, sois bastante maldosos para produzir semelhante verdade?</div>
<div style="text-align: justify;">
Audácia temerária, prolongada desconfiança, recusa cruel, aversão, ferro que corta o que é vivo - como é raro encontrar tudo isto reunido! Mas é desta semente que nasce a verdade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Foi na proximidade da má consciência que nasceu e se desenvolveu até agora toda a ciência. Quebrai, discípulos do Conhecimento, oh!, quebrai as antigas tábuas!”</div>
<div style="text-align: right;">
— Nietzsche, Assim Falava Zaratustra<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Fonte: Blogue <a href="http://legiaovertical.blogspot.pt/2013/01/veridicas-poucas-pessoas-sabem-se-lo.html">"Legião Vertical", post de 06Jan2013</a></div>
</div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-45853859360046093152013-01-26T14:28:00.000+00:002013-01-26T14:28:00.169+00:00"Eu não tenho dúvidas de que o mundo se transforma..."<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_fH2En7-laR1M75Niy6sSTarrui0DM1amAELgT7zOd_eNb-5g0LF9bG1-5NaI_Kmz3xPGCDxbm6UMWNPLcMM0IG0TpBxbp5v-0E5IMwP1dWic_wVBRdS7sw-BKCzC3waO32pjqtDmZqI/s1600/regio2.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_fH2En7-laR1M75Niy6sSTarrui0DM1amAELgT7zOd_eNb-5g0LF9bG1-5NaI_Kmz3xPGCDxbm6UMWNPLcMM0IG0TpBxbp5v-0E5IMwP1dWic_wVBRdS7sw-BKCzC3waO32pjqtDmZqI/s1600/regio2.png" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Do livro de José Régio <i><a href="http://avozportalegrense.blogspot.pt/2010/01/cronica-de-nenhures_18.html">Poesia de Ontem e de Hoje</a></i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte: Blogue <a href="http://accao-integral.blogspot.pt/2013/01/uma-licao-de-salazar-para-2013.html">"Acção Integral", post de 02Jan2013.</a></span></div>
</div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-12124142040129401322013-01-23T12:18:00.000+00:002013-01-23T12:18:00.223+00:00Entrevista do Prof. António Marques Bessa. "Portugal já é um protectorado, está a caminho de não existir. Só um autêntico milagre o pode salvar"<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAjSbWkx8U2Pt7YjOhMFCBSccb_E1PM0mzA_U5090-IQbvncGHDIRRlA9j8ohTP7Vr5OHR3FP9TMDWjBQe4EE8fABmNAHdI7HN_W6GWvpOVPgvE47QsTjQJclscvA9nzxDH2QhO_ZZ_Xc/s1600/Ant%C3%B3nio+Marques+Bessa+-+Entrevista+a+O+Diabo+-+2012.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAjSbWkx8U2Pt7YjOhMFCBSccb_E1PM0mzA_U5090-IQbvncGHDIRRlA9j8ohTP7Vr5OHR3FP9TMDWjBQe4EE8fABmNAHdI7HN_W6GWvpOVPgvE47QsTjQJclscvA9nzxDH2QhO_ZZ_Xc/s320/Ant%C3%B3nio+Marques+Bessa+-+Entrevista+a+O+Diabo+-+2012.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Clicar duplamente na imagem para ampliar.</span></div>
<br />
Fonte. <a href="http://nonas-nonas.blogspot.pt/2012/12/entrevista-do-prof-antonio-marques-bessa.html">"Nonas", post de 29Dez2012</a>Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-50758920267582963982013-01-19T12:05:00.000+00:002013-01-19T12:05:00.745+00:00parâmetros da delimitação de fronteiras entre Angola e o antigo Kongo Belga<div dir="ltr" style="text-align: left;">
<div align="center">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><img alt="" src="http://www.revistamilitar.pt/UserFiles/Image/imgs2004/Rm2485_170.jpg" /> </span></div>
<div align="center">
</div>
<div align="center">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">No caso da delimitação de fronteiras que tiveram por base a bacia do rio Zaire foi preciso um entendimento científico entre as potências ocupantes (o governo português e o rei Leopoldo da Bélgica) para que se percebesse a quem se deveria atribuir as responsabilidades do território que viesse a ocupar. Para que tal se conseguisse, utilizaram‑se métodos geográficos dos quais faz parte a carta geográfica que a seguir reproduzimos. Esta é testemunho primacial do resultado (e a um só tempo, a causa) de uma série de factos histórico‑políticos internacionalmente relevantes para o futuro dos<i> </i>zombo<i> </i>e de todas as sociedades presentes neste espaço histórico‑geográfico, das quais destacamos a sociedade portuguesa que com eles tem vindo a compartilhar o mesmo espaço geopolítico.</span></span></span></div>
<div align="center">
</div>
<div align="center">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"> </span>Este mapa foi assinado por comissários autorizados pelos governos português, inglês e belga e diz respeito à localização de pontos geográficos estratégicos para a conclusão da documentação que viria a regulamentar os parâmetros da delimitação de fronteiras entre Angola e o antigo Kongo Belga, hoje República Democrática do Congo. No lado esquerdo do documento, está representada a região do rio <i>Kuango</i>, o vértice da fronteira noroeste de Angola. Em toda a carta são visíveis os traçados dos percursos feitos a pé por exploradores investigadores que, após demoradas visitas aos potentados e baseados nesses passos, viriam a prestar as melhores informações para a definição da delimitação das fronteiras luso‑belga. Isto viria a ter um papel profundamente relevante para a Convenção de Berlim de 1884/1885.</span></span></div>
<div align="center">
</div>
<div align="center">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Texto integral <a href="http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=464"><span style="color: yellow;"><b>AQUI </b></span></a></span></span><br />
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><br />
</span> <span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Autor: </span><span style="background-color: white; color: #4e4e4e; font-family: Verdana; font-size: x-small; text-align: -webkit-right;">José Carlos de Oliveira</span><span style="font-family: Verdana; font-size: x-small; text-align: left;"> </span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"> Fonte. Blogue <a href="http://tudosobreangola.blogspot.pt/2012/09/parametros-da-delimitacao-de-fronteiras.html">"Angola do Outro lado do Tempo"</a></span></div>
</div>
<div align="justify">
</div>
</div>
<div>
<img alt="" height="1" src="https://blogger.googleusercontent.com/tracker/2945120924621475415-5534617066627981614?l=tudosobreangola.blogspot.com" width="1" /></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-61344657779399799292013-01-16T14:11:00.000+00:002013-01-16T14:11:00.235+00:00Forças Armadas: Assim Se Vai Fazendo a História e Jornalismo<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;">O jornal Público publicou um título "Tropas Portuguesas decapitaram em Angola". Segue resposta. Há 51 anos passou-se um dos Natais mais dolorosos de toda a nossa História colectiva. Angola estava a "arder" e o país em pé de guerra; Goa, Damão e Diu, estavam debaixo da pata militar da União Indiana, mas a esmagadora maioria da Nação estava coesa e pronta para a luta, à volta da lareira dos seus antepassados, com a velha cruz de Ourique ao peito, a espada numa mão e a charrua na outra. A vigília foi nossa! Hoje o Sr. Ministro ds Defesa escusa-se a ir visitar as tropas no Kosovo e no Afeganistão (onde não defendem terras nem gentes portuguesas), para poupar uns euros (maldita moeda). Sinais dos tempos...</span><br />
<div style="color: blue; font-family: inherit; text-align: justify;">
<div style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: black;">Fiquem bem.</span></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span> <br />
<div style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
</div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqgDV_wg9kJIJ-hBnXPwCjdqX1PVfV9O_Js_uO1WLGPZhy3G0m7f6U2WmjeTngrV8uqBWHhIto0rLYUTFVEfZNtYxC7GZUz2v6MeDl3yGltPUCunNB6-Ha-lIJBgCS4UYMWybBYq4JeQ8/s1600/bebes+mortos.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqgDV_wg9kJIJ-hBnXPwCjdqX1PVfV9O_Js_uO1WLGPZhy3G0m7f6U2WmjeTngrV8uqBWHhIto0rLYUTFVEfZNtYxC7GZUz2v6MeDl3yGltPUCunNB6-Ha-lIJBgCS4UYMWybBYq4JeQ8/s400/bebes+mortos.jpg" width="400" /></a></span></td></tr>
<tr><td style="text-align: center;"><i><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Perigosos opressores colonialistas eliminados pelos libertadores de Angola (1961)</span></i></td><td style="text-align: center;"></td><td style="text-align: center;"></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="color: blue; font-family: inherit; text-align: justify;">
</div>
<div style="color: blue; font-family: inherit; text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Com parangonas e ar de escândalo, a edição do jornal “Público”, do pretérito dia 16 de Dezembro, entendeu dar a conhecer aos seus leitores que “tropas portuguesas decapitaram em Angola”, remetendo para páginas adentro os comentários a tais façanhas retiradas de um relatório de uma acção militar, em 27 de Abril de 1961, na sanzala Mihungo, Norte de Angola.</span><br />
<div style="color: black;">
<br /></div>
<div style="color: black;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Este relatório terá sido encontrado nos arquivos da PIDE/DGS, na Torre do Tombo, constando de um livro recentemente editado. <a href="http://historiamaximus.blogspot.pt/2012/12/forcas-armadas-assim-se-vai-fazendo.html">Ler mais</a></span><br />
<br />
<a name='more'></a></div>
<div style="color: black;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Presumo que o livro não trate só desta questão, mas foi esta que foi puxada à colação pelas duas jornalistas autoras do referido artigo, que enquadram o episódio na alegada “Guerra Colonial”, termos com que a ignorância atrevida e as ideologias malsãs teimam em apelidar o conflito havido.</span></div>
<br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span> <br />
<div style="color: black;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">O equilíbrio com que alguns dos entrevistados enquadra o evento não chega para ultrapassar o sentido critico, de repulsa e condenação que emana do artigo no seu todo e, especialmente, do seu titulo de 1ª página.</span></div>
<br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span> <br />
<div style="color: black;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">É claro que é fácil às duas moças jornalistas, que nunca cheiraram a pólvora, nem nos foguetes de Santo António, se façam de virgens ofendidas, por tão funesto acto; ou que burgueses, bem - postos na vida, após barriga cheia, se esmerem em dissertar sobre o “como” e o “deviam” as coisas se ter passado.</span></div>
<br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span> <br />
<div style="color: black;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">O que, seguramente, nunca fizeram foi colocar-se na situação daqueles que, há mais de 50 anos, foram confrontados com uma chacina hedionda. Sim, senhoras jornalistas, entrevistados e demais leitores, como é que pensam que reagiriam, já meditaram?</span></div>
<br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span> <span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: black;">E curiosidade das curiosidades, em todo o artigo não aparece uma palavra de condenação relativamente aos terroristas genocidas da UPA e de quem a apoiou, armou e incentivou, por aquilo que fizeram!</span><span style="line-height: 115%;">[1]</span><br />
<br />
A falta de vergonha na cara, desonestidade intelectual e a mais torpe parcialidade ideológica têm campeado em Portugal e tudo teremos que fazer para a erradicar da sociedade, um dia!</span></div>
<br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span> <br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Por outro lado, não conheço povo mais masoquista do que aquele a que pertenço e que se compraz em autoflagelar-se – ainda por cima sem motivo para tal – ao ponto, e por ex., do cineasta português, mais consagrado de todos os tempos, se ter lembrado de fazer um filme só com derrotas que os portugueses sofreram na sua vetusta História…<span style="color: blue;"><span style="line-height: 115%;">[2]</span></span></span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
Não tenho qualquer dúvida que o relatório aludido é verdadeiro e que o caso relatado não foi o único que ocorreu. Isto é, não foi a única vez que se cortaram cabeças aos bandidos que nos retalharam a carne e os haveres – embora, creio, nunca se o tivesse feito a pessoas (?) vivas.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
Quero acrescentar, para eventual escândalo de muitos que, apesar do horror da cena, ela se justificou. E isto não tem nada a ver com a estafada afirmação de que todas as guerras acarretam actos de violência gratuita e inumana.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
Em primeiro lugar, sobretudo para os mais distraídos, deve começar por se dizer que não fomos nós que começámos…</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span> <br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrXfja5qwtZDJXTPffa5Fvm5W9_RY5LWiM2nWbAUqBIGuhRrC3lYO02Fd1lyxyDYvSDg6_xaNHU4F9e-iOtWyCCprskP5OAEfZ-CXkhrf3_NP_vzPzJeyaz_d2DbETXcf0HjJU1aaDPAo/s1600/soba+morto.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="169" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrXfja5qwtZDJXTPffa5Fvm5W9_RY5LWiM2nWbAUqBIGuhRrC3lYO02Fd1lyxyDYvSDg6_xaNHU4F9e-iOtWyCCprskP5OAEfZ-CXkhrf3_NP_vzPzJeyaz_d2DbETXcf0HjJU1aaDPAo/s400/soba+morto.jpg" width="400" /></a></span></td></tr>
<tr><td style="text-align: center;"><i><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Na imagem, um soba esventrado pelos terroristas da UPA (norte de Angola, 1961)</span></i></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>Depois a UPA provocou o genocídio, com inicio em 15 de Março de 1961, deliberadamente – e, também, ainda não vi ninguém preocupado em julgar os responsáveis nos tribunais internacionais, que vão sendo postos de pé para julgarem os inimigos das grandes potências, leia-se EUA e Inglaterra.</b></span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
O objectivo, já ensaiado, com sucesso, no Congo Belga, era causar o pânico e o terror, provocando a debandada dos portugueses brancos e a fuga e o choque das populações indígenas.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
Enganaram-se, pois os portugueses não são belgas…</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
Para além da aplicação do “principio” de que nas guerras se têm de aplicar os meios que melhor neutralizam as tácticas e armamento do inimigo foi, neste caso especifico, necessário usar pontualmente este método, não só para evitar que a UPA continuasse a fazer barbaridades, como a causar real medo a tal corja de assassinos, cujas hordas drogadas por feiticeiros, estavam inculcadas da ideia de que eram invulneráveis às balas.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
Além disso a separação da cabeça do corpo tinha um significado religioso, pois para as crenças daquela gente, tal impedia uma futura ressurreição.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span> <br />
<div style="color: blue;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">E, o que é certo é que a “táctica” teve um sucesso fulminante, pois ao fim dos primeiros dois meses, os actos selvagens por parte da UPA terminaram.</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
O PAIGC e a FRELIMO quando desencadearam a subversão, respectivamente, na Guiné (1963) e Moçambique (1964), não cometeram os mesmos erros.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
O ocorrido não põe em causa a civilidade e, até, o humanismo com que as tropas portuguesas se comportaram na sua esmagadora maioria, em todo o longo conflito.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
A Instituição Militar portuguesa tem quase 900 anos de existência e não tem pejo em se confrontar com qualquer “Exército” das nações mais civilizadas, ou outras, no modo como sempre combateu, relativamente às leis da guerra e sua evolução pelos séculos fora.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
E foi sempre fiel cumpridora das convenções internacionais assinadas pelos diferentes governos portugueses, ao longo dos tempos.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
Penso que isto é claro mesmo para os desertores e traidores que foram pontuando a nossa existência…</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
Só não estou seguro do modo como foram decididas as poucas acções deste tipo desencadeadas pelas nossas tropas e qual a cadeia de comando e directivas (se é que alguma) envolvidos. Mas já era tempo de, quem de direito, tornar público, oficialmente, o que se sabe que se passou, pois não parece que haja nada a esconder.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
O mesmo se aplica à história de “Wiriamu”, que já tresanda!</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
Jornalistas, comentadores e “historiadores”, à falta de melhor, ressuscitam o caso quase com sincronia de calendário – é uma espécie de disco riscado – e nunca se os vê preocupados com os milhares (milhares, leram bem?), de acções violentas, raptos, bombardeamentos, trabalho forçado, assassinatos, etc., que a FNLA, o MPLA, a UNITA, o PAIGC e a FRELIMO fizeram contra as populações de todas as cores que queriam continuar portuguesas.</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
Só mesmo com um pano encharcado no “fácies”!<span style="color: blue;"><span style="line-height: 115%;">[3]</span></span></span></div>
<span style="font-family: inherit;">--------------------------</span><br />
<div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="color: blue;"><span style="line-height: 115%;">[1]</span></span><span style="color: blue;"></span>UPA, União dos Povos de Angola, organização independentista baseada no ex-Congo Belga e chefiada por Holden Roberto. </span></div>
</div>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="color: blue; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;">[2]</span></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;">Já terão pensado, também, naquilo que as populações portuguesas faziam aos franceses invasores (1807-1811), quando os apanhavam à mão, depois das barbaridades que eles cá fizeram?</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span></div>
<div style="font-family: inherit;">
<span style="color: blue; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;">[3]</span></span><span style="color: blue; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;">Em português Vicentino (de Gil Vicente), lê-se “tromba”.</span></div>
<div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
</div>
<div style="font-family: inherit; text-align: justify;">
</div>
<div style="font-family: inherit; text-align: right;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b> João José Brandão Ferreira</b></span></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: right;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>Ten. Cor. Piloto Aviador (ref.) - Cmd. Linha Aérea</b></span></div>
<div style="text-align: right;">
<div style="font-family: inherit;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>21 de Dezembro de 2012</b></span></div>
<div style="font-family: inherit;">
<br /></div>
<div style="font-family: inherit; text-align: left;">
Fonte: Blogue <a href="http://historiamaximus.blogspot.pt/2012/12/forcas-armadas-assim-se-vai-fazendo.html">"História Maximus", post de 27Dez2012</a></div>
</div>
<div style="font-family: inherit; text-align: right;">
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<div style="font-family: inherit; text-align: right;">
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<div style="font-family: inherit; text-align: right;">
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</div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-21605351760503012822013-01-12T14:13:00.000+00:002013-01-12T14:13:00.235+00:00A Baía dos Tigres e Porto Alexandre<a href="http://princesa-do-namibe.blogspot.com/2012/04/baia-dos-tigres.html">A Baía dos Tigres e Porto Alexandre</a>: <br />
<div dir="ltr" style="text-align: left;">
<a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=8470275664220671388&postID=2819059442737294806" name="5921771267833507512"></a> <br />
<div>
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhirTXJEz6w8ThKCXYQOAr1CSGxDdeAd-GCfDLyOh1AYtkkpeViF7hrvI3H_EuEtdjcENmh7O3bqy1Bpa2Csiy1dPdo5BIrxdOMJL7X_gwsi5N9j1f1tfb0fr_kuE_tAso4DAq5YmGYTQ/s1600-h/btigres.JPG"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhirTXJEz6w8ThKCXYQOAr1CSGxDdeAd-GCfDLyOh1AYtkkpeViF7hrvI3H_EuEtdjcENmh7O3bqy1Bpa2Csiy1dPdo5BIrxdOMJL7X_gwsi5N9j1f1tfb0fr_kuE_tAso4DAq5YmGYTQ/s400/btigres.JPG" style="height: 171px; width: 400px;" /></a></div>
<div align="justify">
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiONiyFYujr5d3Qopk5ul3KOVLWoDMO59xrIHbwEZ5yC4HrVK9jGLpS7-GXijk_2nrNsjUZy7BAcbDQYPNHULQ4Rqra2Syb27Kfm7ZX1rnge_2qU42q4HYCl4YNHaALJcm8em9s3OPShQ/s1600-h/pabt.jpg"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiONiyFYujr5d3Qopk5ul3KOVLWoDMO59xrIHbwEZ5yC4HrVK9jGLpS7-GXijk_2nrNsjUZy7BAcbDQYPNHULQ4Rqra2Syb27Kfm7ZX1rnge_2qU42q4HYCl4YNHaALJcm8em9s3OPShQ/s400/pabt.jpg" style="height: 259px; width: 400px;" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b>A BAÍA DOS TIGRES</b></div>
A Baía dos Tigres, a velha "Manga das Areias", nome pelo qual era conhecida a grande enseada quando descoberta por Diogo Cão na sua terceira viagem em 1485, desde o dia 14 de Março de 1962 deixara de ser uma restinga para se tornar numa ilha...<br />
<br />
Tudo aconteceu após uma forte calema, que, atirada de SW, bateu furiosamente a parte de fora do saco da restinga, com ondas de mais de dez metros de altura e cortou a língua de areia que unia o continente à Baía dos Tigres, rompendo com as condutas.<br />
<br />
Algum tempo antes havia sido construído o sistema de captação de águas a partir da Foz do Cunene, sendo que para alguns o acontecimento fora encarado como uma espécie de vingança do mar que deixara ainda mais isolada aquelas isoladas gentes, e ainda mais sofridos os já sofridos pescadores.<br />
<br />
Contam os que da diminuta população viveram este acontecimento que foi um espectáculo a que assistiram impotentes e aterrorizados, temerosos de que a própria ilha fosse tragada pelo Atlântico.<br />
<br />
A verdade é que compusando a historia da Baía dos Tigres tudo leva a crer tratar-se de um fenómeno periódico. Na verdade o Mapa-mundi de 1623 de António Sanches assinala uma restinga, a Carta Geográfica da Costa Ocidental desenhada em 1790 por Pinheiro Furtado, assinala uma ilha; e Pedro Alexandrino na sua visita à Baía dos Tigres, em 1839, a bordo da corveta Izabel Maria, refere ter encontrado alí uma restinga, enquanto Lopes de Lima, em 1846, nos seus Ensaios Estatísticos refere de novo uma ilha. Quando em 1861, os primeiros pescadores Algarvios chegaram à Baía dos Tigres encontram de facto uma restinga fechada, mas a verdade é que desde 1962 até hoje o que alí encontramos é uma ilha.</div>
<div align="justify">
<br />
Na Baía dos Tigres foi completamente abandonada em 1975 quando a vida em Angola em vésperas da independência, se tornara para os brancos impossível, colocados que se encontravam entre o fogo cruzado dos movimentos de libertação em disputa pelo poder, em ambiente de total anarquia, com a administração portuguesa em retirada, e a internacionalização do conflito.<br />
<br />
Hoje quem visita este local, um dos mais desoladores da terra, poderá confrontar-se com toda uma série de edificações abandonadas que alí existiram na época colonial, autênticos monumentos históricos, alguns dos quais em forma de palafita, assentes em pilares para deixarem que as fustigantes areias das dunas movidas pelos ventos fortes que tudo cobriam à sua passagem pudessem prosseguir caminho, tornando a fixação humana possível. Eram o posto sanitário, a escola, a estação radio-telégrafo-postal, o hospital, a delegação marítima , a imponente Capela de São Martinho, alinhando-se de um lado e do outro da única rua cimentada que serve também de pista de aviação.<br />
<br />
Nos primeiros tempos quando os abnegados colonos alí se estabeleceram a partir dos anos 1860, o abastecimento de água provinha de uma ou outra cacimba de água salobra na margem continental da baía. Na praia do lado da baía ficava o depósito de água que era reabastecido pelos Save ou pelo 28 de Maio, a partir do Curoca ou de Moçâmedes. A água tinha sempre que ser fervida e filtrada em sangas como prevenção.<br />
<br />
E se a vida era difícil para os homens também era para os cães. Os cães da Baía dos Tigres ficaram célebres, eles comiam e bebiam o impossível na luta pela sobrevivência. Nadavam e pescavam de cerco e em matilha, empurrando o peixe para terra. Tinham membranas interdigitais. E bebiam água, passando de manhã cedo a língua suavemente por sobre a água salgada, retirando assim a fina camada de água doce que o cacimbo deixava. </div>
<div align="justify">
</div>
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<div>
<div align="justify">
<br />
Para quem estivesse decidido a dalí continuar rumo ao sul, são mais 80 Km até à Foz do Cunene, o ideal era a utilização de dois jipes e de um certo número de pessoas de modo a que, no caso de virem a surgir dificuldade,s se pudesse acudir. O trajecto, fazendo conta às marés, fazia-se pela praia quer até à fronteira com a Namíbia quer avançando até à Costa dos Esqueletos. No regresso era a passagem pelo Iona, pela Espinheira, e finalmente Tambor, S. João do Sul e Moçâmedes. Reforçados de gasóleo e muita água. E já agora um farnel bem composto onde não falte peixe de escabeche.<br />
<br />
Vamos a isso!<br />
<br />
Deixamos para trás Porto Alexandre, onde perdura, no imaginário de algum mais velho que ainda não sofra de deslembranças, o caso de Maria da Cruz Rolão. Mulher Olhanense, viúva do pescador Tomé do Ó, conhecida como a Regedora. Figura lendária do final do século XIX, ficou célebre da forma como enfrentou os oficiais do navio de guerra Inglês HMS. De bandeira ainda monárquica azul e branca desfraldada, meteu-se num bote e intimou os britânicos a retirar das águas portuguesas.<br />
<br />
São dunas e mar e um mar de dunas até à baía dos Tigres. Diz-se que quem ama o deserto ama o mar. E aqui estão os dois elementos em toda a sua grandeza e esplendor. É de matar ou então só cegar incautos esta prenhidão tamanha. Um mar imenso a bombordo que abalroa de frente com a vastidão do deserto a estibordo numa toada que parece de choro sofrido e repetido. Umas vezes vamos a patinhar na água e outras voamos na crista das dunas. Com os pneus meio vazios cavalgamos o tempo numa luta insistente e teimosa contra as vagas de areia solta. Como um veleiro no mar alto a cavar ondas sem parança. Não vemos vivalma. Apenas um garajau tonto e desorientado, perdido da sua costumeira rota. E restos de velhos navios que o mar piedosamente sepultou na praia. A espuma deste oceano, soprada pelas ondas, adormece e morre na areia. Esta terra não foi feita nem para gente nem para bichos. Só o vento consegue viver aqui. E mesmo assim o seu queixume é constante e bastas vezes violento. Há quem diga que a denominação Baía dos Tigres se deve ao ruído enervante de fera molestada que o redemoinhar da areia provoca no cone superior das dunas.<br />
<br />
O sol sente desejos de beijar o dia. O cacimbo cerrado faz-lhe frente, mas o astro vence-o transbordando para além do horizonte o seu vermelho fogo de paixão. Deita então a cabeça no mar e espreguiça-se por sobre as dunas. Como que a querer reanimar este fim do mundo onde nem o mais triste e solitário dos tigres resistiria.</div>
</div>
<br />
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</div>
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<a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=8470275664220671388&postID=2819059442737294806" name="5846893757417165385"></a> <br />
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</div>
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<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3xIhb2C3SliHWmZ-W-GzpT1L4ZRYyeFE6LbT1brWTH4LhzY_IPBH98rUUPded_gHd1q2rwrtFcLCdnE1t2iYbD6P5P2nQeEJkv3jFWStONDTbOLOQgadNzUFFls901wHgsUoQHCEKcw/s1600-h/moss.JPG"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3xIhb2C3SliHWmZ-W-GzpT1L4ZRYyeFE6LbT1brWTH4LhzY_IPBH98rUUPded_gHd1q2rwrtFcLCdnE1t2iYbD6P5P2nQeEJkv3jFWStONDTbOLOQgadNzUFFls901wHgsUoQHCEKcw/s320/moss.JPG" style="height: 238px; width: 320px;" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><b>Porto Alexandre</b></span></div>
<div align="justify">
Hoje vou a Porto Alexandre. Por aquela estrada que é uma recta só, com uma curva no meio, porém suave. E que é costume ser engolida pelas areias e asfaltada de miragens. Saio daqui bem amanhece, depois de um café bom de cafeteira. Sem borra. E vou andando até à Subida Grande. Devagar que nestas terras a pressa não tem pressa. Saio cinquenta metros da estrada, virando à esquerda, para pisar mais uma vez o tapete de ágatas de todas as cores. Retomo a estrada. Passo pela casa que já teve portas, janelas, tecto, paredes pintadas e até cantoneiro mesmo ele próprio.</div>
<div align="justify">
Chego ao Buraco. Estamos a meio caminho dos noventa e três quilómetros que unem Moçâmedes a Porto Alexandre. Os mais velhos, no século antepassado, demoravam tanto tempo na viagem que paravam aqui para almoçar. Merendavam debaixo duma espinheira que ainda cá está de pé e a que ironicamente chamaram de Hotel do Buraco. Algumas vezes pernoitavam ou resguardavam-se, pois o vento era tanto que a estrada, ainda não asfaltada, simplesmente levava sumiço. Trilhavam nova porque a caminhar se faz o caminho.</div>
<div align="justify">
Paro na direcção do Cabo Negro e vou até junto do mar revisitar o Padrão que Diogo Cão aqui deixou. Continua caído e abandonado. Ai Portugal, Portugal!<br />
<br />
Regressado à estrada vejo a placa branca, escrita a negro. Estrada nº 11. Moçâmedes 73 Km. É difícil de ler porque mais parece um passevite. Não houve ninguém que tivesse arma e que por aqui passasse que não lhe mandasse uma fogachada. Não eram garantidamente caçadores. Esses não desperdiçam cartuchos em caça que não deve ser caçada, quanto mais…</div>
<div align="justify">
Começa a fazer calor. A estrada é um sem fim de miragens. Ao olhar para Moçâmedes vejo os postes telefónicos todos alinhados, como se fossem soldados em sentido numa parada, no deserto, com a areia a subir-lhes pelas botas. Os cabos é que voaram ou estão caídos ao longo da formatura. Sigo viagem e passo pelo Curoca com os seus arimbos. Estão duas lavadeiras a bater roupa com sabão macaco azul, junto à ponte. E chego ao Pinda que já foi pescaria do Albino da Cunha. Parece-me meio abandonado. As palmeiras teimam em não morrer. Foi daqui que se iniciou a expedição de Angola à contra-costa de Capelo e Ivens. Ataco a subida para finalmente chegar à última cidade do deserto do Namibe. Depois e só lá longe a Baía dos Tigres. E, como é costume, o deserto invadiu completamente o asfalto. Há garruaço. Agora a estrada é toda areia com algumas poças de negro.<br />
<br />
E vejo Porto Alexandre.<br />
<br />
O cemitério branco como a cal povoado de cruzes, os depósitos de água preciosa, a central eléctrica, as barreiras de caçoarinas que fazem um semi-círculo. E no seu interior até ao mar o casario rasteiro.<br />
<br />
Passeio o olhar pela praia. Vejo ao longe a língua de areia onde o Figueiras apanhava as amêijoas. Dou uma passagem pelas pescarias que continuam a escalar peixe em força. As traineiras ainda têm nomes Olhanenses ou de mulheres e de Santas. Um oceano de tarimbas de peixe seco. E passo pelo cinema, o campo do Independente e um ou outro café sempre com um homem encostado à porta, com o olhar perdido no anteontem. E a estátua ao pescador. Como eu admiro e respeito estes Homens do mar. Ainda mais aqui no cu de Judas com milhões de moscas. E muitos putos que vêm da escola e que parecem felizes.</div>
<div align="justify">
E perguntei pelo Daniel Sangojo, um bailundo contratado, criado e depois amigo do menino Carlos Jorge.Prometeram-me dar notícias. E eu acredito.<br />
<br />
********************<br />
Este interessante texto foi-me enviado sem a identificação do seu autor<br />
Resolvemos publicá-lo. Agradeçemos a quem vier visitar-nos e conheça o autor, entre em contacto. Pena seria perder-se! MariaNJardim<br />
<br />
Fonte: Blogue "Gente do meu Tempo, post de 21Abr2012. posteriormente a proprietária retirou-o do Blogue.</div>
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<img alt="" height="1" src="https://blogger.googleusercontent.com/tracker/8470275664220671388-2819059442737294806?l=princesa-do-namibe.blogspot.com" width="1" /></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-46773619171792568532013-01-09T11:17:00.000+00:002013-01-10T17:22:58.743+00:00Foda-se (por Millôr Fernandes) - óptimo anti-stressO nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela diz.<br />
<br />
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?<br />
O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor.<br />
Reorganiza as coisas. Liberta-me."Não quer sair comigo?! - então, foda-se!"<br />
"Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! - então, foda-se!"<br />
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição.<br />
<a href="http://devaneiosaoriente.blogspot.pt/2011/11/foda-se-por-millor-fernandes-optimo.html">Ler mais</a><br />
<a name='more'></a>Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.<br />
<br />
"Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade que "comó caralho"?<br />
<br />
"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão matemática.<br />
<br />
A Via Láctea tem estrelas comó caralho!<br />
<br />
O Sol está quente comó caralho!<br />
<br />
O universo é antigo comó caralho!<br />
<br />
Eu gosto do meu clube comó caralho!<br />
<br />
O gajo é parvo comó caralho!<br />
<br />
Entendes?<br />
<br />
No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".<br />
<br />
Nem o "Não, não e não!" e tão pouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.<br />
<br />
O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto.<br />
<br />
Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades de maior interesse na tua vida.<br />
<br />
Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência.<br />
<br />
Solta logo um definitivo:<br />
<br />
"Huguinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!".<br />
<br />
O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema, e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)<br />
<br />
Há outros palavrões igualmente clássicos.<br />
<br />
Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou o seu correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba.<br />
<br />
Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito assim, põe-te outra vez nos eixos.<br />
<br />
Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um merecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça.<br />
<br />
E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"?<br />
<br />
Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:<br />
<br />
"Chega! Vai levar no olho do cu!"?<br />
<br />
Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima.<br />
<br />
Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.<br />
<br />
E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".<br />
<br />
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?<br />
<br />
Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autor num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando estás a sem documentos do carro, sem carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!"<br />
<br />
Ou quando te apercebes que és de um país em que quase nada funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a saúde, a educação e … a justiça são de baixa qualidade, os empresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil e em pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para a desejada reforma tem que aumentar … tu pensas “Já me fodi!”<br />
<br />
Então:<br />
Liberdade,<br />
Igualdade,<br />
Fraternidade<br />
<br />
e<br />
<br />
foda-se!!!<br />
Mas não desespere:<br />
Este país … ainda vai ser “um país do caralho!”<br />
Atente no que lhe digo!<br />
<br />
Fonte: Blogue <a href="http://devaneiosaoriente.blogspot.pt/2011/11/foda-se-por-millor-fernandes-optimo.html">"Devaneios a Oriente", post de 23Nov2011.</a>Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-16361714714821238112013-01-05T16:04:00.000+00:002013-01-05T16:04:00.121+00:00Os meus hóbis<div style="text-align: justify;">
Não tenho passatempos, tenho amizades e ideias que me preenchem o tempo. Aproveito para ter um tempo para mim, para fazer outras coisas, que concilio com o trabalho académico e que são também projectos profissionais.</div>
<br />
OBS: Sandra Figueiredo, doutorada em Psicologia e profª. no ensino superior. <br />
Fonte: Artigo "Ensinar Português a estrangeiros" publicado no jornal "Correio da Manhã" de 30Nov2012, caderno "Primeiro Emprego", página 7.Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-56097234336212302632013-01-02T11:09:00.000+00:002013-01-02T11:09:00.745+00:00Entrevista de Hitler ao Diário de Lisboa<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjet-RasN-rwtt0BtqLvzko2HRlNfGsT60eLFUVTHwle6gSMtJNWnYgXY4PH3-ewBti52zP8z0T9J9kzvVnmXApSDpg2jZFgfq6s7QOJqmK7SHPErzaXml1-0agMWAJwsbTkdG1sJwCt5w/s1600/HitleraoDiriodeLisboa.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjet-RasN-rwtt0BtqLvzko2HRlNfGsT60eLFUVTHwle6gSMtJNWnYgXY4PH3-ewBti52zP8z0T9J9kzvVnmXApSDpg2jZFgfq6s7QOJqmK7SHPErzaXml1-0agMWAJwsbTkdG1sJwCt5w/s320/HitleraoDiriodeLisboa.jpg" width="186" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Clicar duplamente na imagem para ampliar</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span> <br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Fonte: Blogue <a href="http://nonas-nonas.blogspot.pt/2012/12/entrevista-de-hitler-ao-diario-de-lisboa.html">"Nonas", post de 06Dez2012</a></span></div>
</div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-52950611045840243792012-12-30T12:00:00.002+00:002012-12-30T12:00:28.558+00:00'Será que já houve uma guerra santa que foi puramente sobre religião?' Ricardo Bonalume Neto entrevista Nigel Ckliff, o autor do livro "Guerra Santa"<a href="http://feedproxy.google.com/~r/blogspot/kxcg/~3/g1ro2iCShjU/sera-que-ja-houve-uma-guerra-santa-que.html">'Será que já houve uma guerra santa que foi puramente sobre religião?'</a>: <br />
<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwUgBF4-7s00Ea0wPVDFfzOT1ffjpWLk-pfjUUwpFE2cjNBcSIDdO2p4ffazV7A0W3XBxnjnIWyn1Ye0b3fYCuV-U-0Fi4BPGQoJb2E70NYKUlyGBN-n4s9mG9zNpvHUbpeJdOaTSp6f8/s1600/guerra+santa.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwUgBF4-7s00Ea0wPVDFfzOT1ffjpWLk-pfjUUwpFE2cjNBcSIDdO2p4ffazV7A0W3XBxnjnIWyn1Ye0b3fYCuV-U-0Fi4BPGQoJb2E70NYKUlyGBN-n4s9mG9zNpvHUbpeJdOaTSp6f8/s320/guerra+santa.jpg" width="220" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
'Será que já houve uma guerra santa que foi puramente sobre religião?', diz historiador</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
RICARDO BONALUME NETO</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entrevista com o historiador, biógrafo e crítico britânico Nigel Cliff, formado na Universidade Oxford. Ele é autor de <a href="http://livraria.folha.com.br/catalogo/1183839/guerra-santa">"Guerra Santa - Como as Viagens de Vasco da Gama Transformaram o Mundo"</a>, agora publicado no Brasil.</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por que o nome do livro é "Guerra Santa"? Você acredita que Vasco da Gama e os portugueses estavam envolvidos em um verdadeiro choque de civilizações, em vez de simplesmente iniciarem uma guerra comercial?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nigel Cliff - Essa é uma questão complexa. Para começar, o meu título original era na verdade "A Última Cruzada: As Viagens Épicas de Vasco da Gama". Esse é o título no Reino Unido e também o título do paperback que saiu em [agosto] nos EUA. Eu concordei em chamar a edição de capa dura nos EUA de "Guerra Santa" para diferenciar de outros títulos semelhantes, mas "A Última Cruzada" representa a tese do livro com mais precisão. <a href="http://historianovest.blogspot.pt/2012/12/sera-que-ja-houve-uma-guerra-santa-que.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/kxcg+(HIST%C3%93RIA+VIVA)">Ler mais</a><br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu certamente não sugiro que houve um estado permanente de conflito entre o islã e o cristianismo nos séculos antes da viagem de Vasco da Gama. Descrevo muitos lugares --al-Andalus, Toledo, Sicília, Veneza-- onde a civilização foi elevada por um espírito de cooperação entre as religiões. O que eu sugiro é que as viagens dos portugueses eram, em muitos aspectos, o produto de quatro séculos de tentativas por parte da Europa ocidental --a maioria das quais foi sob o nome de Cruzadas-- para empurrar de volta o mundo islâmico invasor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É por isso que eu decidi abrir o livro com os avanços do islã, o nascimento das Cruzadas na reconquista ibérica e a expulsão dos cruzados da Terra Santa. As cruzadas são geralmente descritas como tendo terminado naquele momento. Na verdade, as Cruzadas foram convocadas ao longo dos séculos 14 e 15, com crescente urgência quando os otomanos conquistaram Constantinopla, mas com pouco ou nenhum sucesso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acho que faz sentido chamar a missão portuguesa de "A Última Cruzada" porque, ao abrir os oceanos para o comércio e conquista europeias, isso fez pender a balança do poder mundial do islamismo para o cristianismo e marcou o início de cinco séculos de ascendência global ocidental.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É claro que a religião não foi o único fator. Motivos econômicos e políticos claramente desempenharam um grande papel, assim como a ambição pessoal. O mesmo aconteceu com os cruzados anteriores: será que já houve uma guerra santa que foi puramente sobre religião? Espero que eu tenha deixado isso claro no livro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dito isso, eu queria destacar o papel da fé, porque eu sinto que, em nossa época cética, fomos longe demais em atribuir motivos puramente seculares aos descobrimentos --no sentido de que alguns historiadores repudiam toda ideia de fé como pouco mais do que hipocrisia. Para mim, isso não faz sentido numa época em que a religião estava intimamente ligada com a saúde do Estado e do seu povo --particularmente nos intensamente católicos Espanha e Portugal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mesmo tendo em conta a expressão de devoções necessárias para ganhar o apoio papal --que era muito importante numa época em que o papa era o legislador supremo-- o registro mostra que, desde os monarcas até os marinheiros comuns, muitos portugueses estavam convencidos de que estavam fazendo a obra de Deus. De dom Manuel silenciando os céticos na corte, dizendo-lhes que estava seguindo a vontade divina, aos marinheiros da primeira viagem de Vasco da Gama agradecendo a Deus por protegê-los.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Claro que isso não é verdade para todos: a série de motivos entre os diferentes participantes entra em foco tragicômico na segunda viagem de Gama, com Gama afundando um navio repleto de peregrinos muçulmanos e insistindo que os indianos expulsem todos os muçulmanos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao me focar na fé --ou melhor, na mentalidade dos cruzados-- como um ingrediente vital dos descobrimentos, eu certamente não pretendo voltar para a antiga e acrítica ideia de que as viagens eram nobres esforços missionários. Pelo contrário, essa mentalidade nascida das Cruzadas --uma mentalidade que dividiu o mundo em verdadeiros crentes e infiéis, justificando quase qualquer ato de agressão em nome de uma religião expansionista - significou desastre para os portugueses desde o início.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando os portugueses finalmente perceberam que a Índia não estava cheia de cristãos que esperavam para recebê-los de braços abertos, eles foram lançados à deriva em um mundo que não fazia sentido para eles. Foi precisamente porque trouxeram com eles essencialmente uma visão medieval do mundo que eles deixaram de capitalizar totalmente sobre as descobertas e deixaram o caminho aberto para outras nações colherem muitas das recompensas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, para resumir e responder a sua pergunta: eu acho que a longa disputa entre o islã e o cristianismo foi o fator essencial que deu origem às viagens portuguesas. Longe de querer lançar uma guerra comercial, os portugueses esperavam encontrar aliados cristãos no Oriente, que iriam entregar suas especiarias e ajudá-los em seu caminho, talvez até Jerusalém. Mas quando a realidade se revelou muito diferente, eles se encontraram sem querer arrastados para uma guerra comercial - e, eventualmente, como os ideais originais desapareceram, em uma série de confusas brigas locais por riqueza e poder.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1509, os portugueses derrotaram uma grande invasão marítima da Índia ao largo de Diu por uma frota mameluca-gujarate. Em 1538, um cerco ainda maior pelos turcos otomanos foi derrotado lá. E em 1546 outro grande cerco pelas gujarates, incluindo muitos guerreiros turcos e árabes, foi ali derrotado. Estes episódios ocorreram antes da famosa derrota turca no Mediterrâneo em Lepanto, em 1571, que se pode argumentar que foi menos decisiva.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Menos glamourosas e menos divulgadas, as vitórias dos portuguesas contra os muçulmanos no oceano Índico durante a primeira metade do século 16 foram historicamente de uma importância muito maior", escreveu o historiador italiano Carlo M. Cipolla. Você concorda?</div>
<div style="text-align: justify;">
Bernard Lewis fez uma afirmação semelhante alguns anos atrás, sobre a repulsa do avanço otomano em Viena. "A derrota final e retirada dos exércitos do islã foi, sem dúvida devida, em primeira instância, aos valentes defensores de Viena", escreveu ele, "mas na perspectiva mais ampla foi devido a esses aventureiros cujas viagens através do oceano e ganância por ouro despertaram [a ira de seus rivais europeus]".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Você poderia estender esse argumento para incluir Lepanto. As vitórias portuguesas que você menciona são tanto psicológicas quanto físicas: elas permitiram que a Europa acreditasse que poderia flanquear o Império Otomano, que era então, é claro, a única superpotência do mundo. Elas também garantiram o acesso contínuo para navios europeus às águas da Ásia e da riqueza a ser adquirida lá. Ao remover a maior ameaça para a projeção global do poder europeu, concordo que elas foram pelo menos tão decisivas como a vitória sobre os otomanos no Mediterrâneo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em nosso tempo politicamente mais correto, os portugueses não poderiam comemorar a viagem de Vasco da Gama 500 anos atrás como o prelúdio para a conquista, por isso eles a nomearam um "encontro de civilizações", em 1997. Mesmo assim, os indianos não engoliram a coisa. Como é que essas polêmicas ainda podem acontecer depois de meio milênio?</div>
<div style="text-align: justify;">
Um jornalista indiano me lembrou recentemente da indignação --talvez até mesmo descrença-- com a qual a Índia respondeu ao convite de Portugal para comemorar a chegada de Vasco da Gama em suas praias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para mim, esta é mais uma prova do argumento que faço no livro: que a chegada de Vasco da Gama na Índia foi um ponto de viragem nas relações Leste-Oeste, abrindo o caminho para quase meio milênio de ascendência ocidental global e imperialismo --e é lembrada como tal por muitos em toda a Ásia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma razão pela qual eu queria escrever este livro era resgatar Vasco da Gama da sombra de Colombo. Em um momento de islamismo redivivo e de China e Índia ressurgentes, senti que era hora de restaurar esta história na sua devida importância e compreender seu impacto na história mundial.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seu livro cita fontes quase que exclusivamente em inglês. Foi um problema para fazer a pesquisa, sem consultar fontes em português?</div>
<div style="text-align: justify;">
Esta pergunta não faz muito sentido para mim, porque eu consultei uma grande variedade de fontes, portuguesas e em outras línguas europeias (lembrando que muitas das melhores fontes para a segunda viagem de Vasco da Gama, bem como a anterior e aos eventos que se seguiram, não estão em português).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao longo do caminho eu fiz ou encomendei substanciais novas traduções --em alguns casos, as primeiras traduções em inglês. Algumas das traduções dadas no meu texto são de minha autoria; em alguns lugares, eu silenciosamente corrigi traduções existentes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, o livro foi escrito principalmente para um leitor não especialista de língua inglesa, e eu não via necessidade de retraduzir cada palavra de sua fonte original, quando perfeitamente boas versões em inglês já existem e muitas vezes têm outros méritos, como dar um sabor de época ao texto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto às referências, me pareceu muito mais útil enviar os leitores ingleses a um texto em inglês --mesmo imperfeito-- do que a uma fonte em português que provavelmente seriam incapazes de encontrar ou ler.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<a href="http://livraria.folha.com.br/catalogo/1183839/guerra-santa">GUERRA SANTA</a> - AUTOR Nigel Cliff. EDITORA Globo Livros. TRADUÇÃO Renato Rezende<br />
<b><span style="font-size: x-small;">Folha de S. Paulo</span></b></div>
<div>
Fonte: <a href="http://historianovest.blogspot.pt/2012/12/sera-que-ja-houve-uma-guerra-santa-que.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/kxcg+(HIST%C3%93RIA+VIVA)">"História Viva", post de 29Dez201</a>2</div>
<img height="1" src="http://feeds.feedburner.com/~r/blogspot/kxcg/~4/g1ro2iCShjU" width="1" />Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-50471063259781315932012-12-29T01:13:00.000+00:002012-12-29T01:13:00.339+00:00Entrevista de Hitler ao Diário de Notícias<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyibgrwcIwru2Q6lLHcEabDxo0iFCzdUQxvVvTEmexR97tQiN75xcX3fuSNo_v14RPptNIf6SGFSP842Vxy6_n4n7eJZFNM6ku0i2gE4oGJMetHOpLM8e73sG063H4AxZ7tf3OsUenctU/s1600/Quando+Hitler+falou+com+o+DN+1+-+S%C3%A1bado.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyibgrwcIwru2Q6lLHcEabDxo0iFCzdUQxvVvTEmexR97tQiN75xcX3fuSNo_v14RPptNIf6SGFSP842Vxy6_n4n7eJZFNM6ku0i2gE4oGJMetHOpLM8e73sG063H4AxZ7tf3OsUenctU/s1600/Quando+Hitler+falou+com+o+DN+1+-+S%C3%A1bado.jpg" /></a></div>
<br />
<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzINtI14TJIYaiwRVf6wq40TFB94uvw8UH3WAUiGRowvRwHEmK7zJS0lYJnSan49i4eIw-8g-ptdcZaUAeqU2xIXyhLG6piDhvd5hoEo2WG_q7eNC9xa-VYtPQP6bmRtQVaIwN-fjyn8E/s1600/Quando+Hitler+falou+com+o+DN+2+-+S%C3%A1bado.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzINtI14TJIYaiwRVf6wq40TFB94uvw8UH3WAUiGRowvRwHEmK7zJS0lYJnSan49i4eIw-8g-ptdcZaUAeqU2xIXyhLG6piDhvd5hoEo2WG_q7eNC9xa-VYtPQP6bmRtQVaIwN-fjyn8E/s320/Quando+Hitler+falou+com+o+DN+2+-+S%C3%A1bado.jpg" width="83" /></a></div>
<div style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">In revista "Sábado", n.º 449 de 6 de Dezembro de 2012</span></div>
<div style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Clicar duplamente na imagem para ampliar</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Fonte: Blogue <a href="http://nonas-nonas.blogspot.pt/2012/12/entrevista-de-hitler-ao-diario-de.html">"Nonas", post de 06Dez2012</a></span></div>
</div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-9497413881066880682012-12-26T11:32:00.000+00:002012-12-26T11:32:00.638+00:00Companheiros inesquecíveis<br />
<div align="center">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimcaAgHEHSnQBU_bCokMn0ZQ57yrUP3XmBqSEyiMC5_bs0ABoWajho7eLX5VVE9958qX25KOkiiBfwycC_nwvRQc2yPbkBYzZzwQhA2RytvCqhd6Db4aDvaqVhCec6ADz7H0KVRucX/s1600/Photo0001a.jpg"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimcaAgHEHSnQBU_bCokMn0ZQ57yrUP3XmBqSEyiMC5_bs0ABoWajho7eLX5VVE9958qX25KOkiiBfwycC_nwvRQc2yPbkBYzZzwQhA2RytvCqhd6Db4aDvaqVhCec6ADz7H0KVRucX/s400/Photo0001a.jpg" style="display: block; height: 400px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 226px;" /></a><span style="font-size: 85%;">Dois camaradas da companhia a que pertenci durante a minha comissão militar em Angola</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Os camaradas angolanos que tive na minha companhia, durante a minha comissão militar, eram filhos do povo. Do admirável e sofrido povo de Angola. Quer isto dizer que, para a esmagadora maioria deles, foi só quando passaram a fazer parte da nossa companhia que eles puderam, pela primeira vez nas suas vidas, relacionar-se com brancos de igual para igual. Olhos nos olhos, ombro com ombro, de homem para homem. E foram insuperáveis no companheirismo e na dignidade com que se relacionaram connosco, os europeus da companhia. <a href="http://amateriadotempo.blogspot.pt/2012/12/companheiros-inesqueciveis.html">Ler mais</a></div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Isto que acabo de escrever não é retórica. Encontrando-se na mesma situação que nós, de ter que fazer uma guerra que não queriam nem desejavam, no cumprimento do serviço militar obrigatório, os nossos camaradas angolanos não se limitaram a partilhar as suas vidas connosco no seio da companhia; eles fizeram parte integrante de nós mesmos, tanto quanto isto foi possível. Eles travaram os mesmos combates que nós. Eles caíram nas mesmas emboscadas que nós. Eles enfrentaram as mesmas minas que nós. Eles contornaram as mesmas "bocas-de-lobo" que nós. Eles enjoaram as mesmas rações de combate que nós. Eles dormiram debaixo da mesma chuva que nós. Eles tremeram os mesmos medos que nós. Eles riram as mesmas alegrias que nós. Eles choraram as mesmas saudades que nós. Eles acalentaram as mesmas esperanças que nós. Eles foram nós. Todos fomos nós.</div>
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<br /></div>
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À medida que o serviço militar ia decorrendo, os nossos camaradas angolanos iam sendo cada vez menos os jovens assustados dos primeiros tempos, para se tornarem homens de caráter, responsáveis e adultos, que nunca viravam a cara ao perigo e sempre agiam de acordo com a sua consciência (à imagem e semelhança do que acontecia com os seus camaradas portugueses, é muito importante que se diga isto). Ansiavam pelo momento em que, quando acabassem a tropa e regressassem à condição civil, pudessem finalmente construir as suas vidas, isto é, pudessem casar-se, constituir família e arranjar um emprego minimamente estável e razoavelmente remunerado, tanto quanto era possível a africanos vivendo na Angola colonial.</div>
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<br /></div>
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Subitamente, a um par de meses do fim previsto para o nosso serviço militar, deu-se a Revolução do 25 de Abril, à qual manifestei o meu apoio na minha condição de alferes miliciano. A Revolução abriu novos horizontes e gerou novas esperanças no coração de todos, angolanos e portugueses, eu incluído. A partir dessa data, os nossos camaradas angolanos passaram a esperar um futuro que antes não tinham podido esperar, porque lhes estivera vedado.</div>
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<br /></div>
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Eles esperaram poder aceder a empregos que até então tinham sido tacitamente reservados a brancos, como motoristas de táxi ou empregados bancários. Esperaram poder ganhar tanto e ter as mesmas possibilidades de promoção e de aumento de salário que um branco que fizesse o mesmo trabalho que eles. Esperaram poder entrar nos estabelecimentos comerciais que quisessem, sem receio de serem atendidos com maus modos e enxotados e sem terem que pagar mais do que pagaria um branco pelos mesmos artigos. Esperaram ter condições que lhes permitissem viver numa casa que merecesse o nome de casa, e não numa construção precária de adobe ou de blocos de cimento ou numa cubata. Esperaram que os seus filhos viessem a ter os estudos que eles próprios não puderam ter, apesar da sua enorme vontade de aprender. Enfim, eles viram abrir-se diante de si a perspetiva de uma vida muito mais livre, próspera e feliz do que tinham tido até então, uma vida sem humilhações e sem pobreza.</div>
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<br /></div>
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Quando no fim do serviço militar nos separámos, as nossas vidas — as dos portugueses por um lado e as dos angolanos por outro — tomaram caminhos terrivelmente distintos. Enquanto nós, os portugueses, pudemos recomeçar as nossas vidas (melhor ou pior, consoante a condição psíquica e física em que ficámos) num Portugal em paz, os nossos camaradas angolanos mergulharam numa guerra incomparavelmente mais terrível do que a guerra de guerrilhas que eles e nós tínhamos enfrentado juntos: a guerra civil que estalou em Angola em 1975 e que só terminou definitivamente em 2002.</div>
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<br /></div>
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Não sei quantos dos meus camaradas angolanos voltaram então a pegar em armas. Sei apenas que pelo menos um deles o fez, alistando-se nas FAPLA quando Angola foi invadida pelo exército sul-africano. Acabou por morrer em 1982, perto do Huambo. Como lamento a sua morte! Apesar de pequeno em estatura, este meu camarada era um gigante na valentia. É que era mesmo!</div>
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<br /></div>
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Muitos dos nossos camaradas angolanos eram oriundos do Huambo, do Kuito, de Malanje e de outras terras onde a guerra civil atingiu o seu paroxismo. Estes nossos camaradas apanharam em cheio com um dilúvio de fogo e de metralha que durou anos e anos a fio. Mais tarde ou mais cedo devem ter sido obrigados a abandonar tudo o que tinham e a procurar refúgio no mato ou tomar o caminho de Luanda, Benguela, Lubango ou outro sítio onde se pudessem sentir mais seguros. Devem ter enfrentado a fome, as doenças, as minas e sabe-se lá que mais. Quantos deles terão conseguido sobreviver a tudo isto? Tremo só de pensar. Naquela guerra houve tantos mortos! Tantos corpos despedaçados! Tantas famílias destroçadas! Todos os sonhos e todas as esperanças que a seguir ao 25 de Abril esses nossos camaradas tinham alimentado foram varridos por uma arrasadora torrente de guerra e de morte.</div>
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<br /></div>
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De maneira nenhuma eu desejo diminuir o valor dos meus camaradas portugueses, que em tudo era igual ao dos angolanos, sem qualquer sombra de dúvida. Não é disso que se trata. O que apenas pretendo fazer é prestar uma homenagem muito sincera, ainda que canhestra, a pessoas que tive o enorme privilégio de conhecer, cheias de humanidade, de sensibilidade e de coragem, que me deram extraordinárias lições de vida e que eram as últimas pessoas no mundo a merecer a sorte que o destino lhes tinha reservado: os meus antigos camaradas de armas angolanos. Faço-o com nó na garganta.</div>
<br />
Fonte: Blogue <a href="http://amateriadotempo.blogspot.pt/2012/12/companheiros-inesqueciveis.html">"A Matéria do Tempo", post de 06Dez2012.</a><br />
<br />
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<img alt="" height="1" src="https://blogger.googleusercontent.com/tracker/20343277-4131053388153208532?l=amateriadotempo.blogspot.com" width="1" /></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-6463037554135981852012-12-22T01:35:00.000+00:002012-12-22T01:35:00.136+00:00Portugal nasceu à sombra da Igreja<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhg3qSKUfSNpUkQyE2O4DEEkQH9zcswCAuVkkRRuwvH-F9yWlSpnigDiu7Uolg-BGM_JxXslm7xcEbXhoodmfYI4w7lvLXJIjgNSSZEpPOOOA_J-9zwlpXcfYY4Qsxeh05LEZHZW1XSpyQ/s1600/CAPELA6.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhg3qSKUfSNpUkQyE2O4DEEkQH9zcswCAuVkkRRuwvH-F9yWlSpnigDiu7Uolg-BGM_JxXslm7xcEbXhoodmfYI4w7lvLXJIjgNSSZEpPOOOA_J-9zwlpXcfYY4Qsxeh05LEZHZW1XSpyQ/s400/CAPELA6.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Portugal nasceu à sombra da Igreja e a religião católica foi desde o começo elemento formativo da alma da Nação e traço dominante do carácter do povo português. Nas suas andanças pelo Mundo – a descobrir, a mercadejar, a propagar a fé – impôs-se sem hesitações a conclusão: português, logo católico. Tiveram o restrito significado de lutas políticas, e não de questão religiosa, os dissídios dos primeiros séculos entre os reis e os bispos e os que mais tarde envolveram os governos e a Cúria. Na nossa história nem heresias nem cismas; apenas vagas superficiais, que, se atingiam por vezes a disciplina, não chegavam a perturbar a profunda tranquilidade da fé. A adesão da generalidade das consciências aos princípios de uma só religião e aos ditames de uma só moral, digamos, a uniformidade católica do País foi assim, através dos séculos, um dos mais poderosos factores de unidade e coesão da Nação Portuguesa. Portanto, factor político da maior transcendência; e por esse lado nos interessa.</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>António de Oliveira Salazar</b> <i>in</i> «Discursos».</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span> <span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte: Blogue <a href="http://accao-integral.blogspot.pt/2012/12/portugal-nasceu-sombra-da-igreja.html">"Acção Integral", post de 05Dez2012</a></span></div>
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<img alt="" height="1" src="https://blogger.googleusercontent.com/tracker/2517489912414622351-6209435231572309907?l=accao-integral.blogspot.com" width="1" /></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-41870716646381368012012-12-19T15:30:00.000+00:002012-12-19T21:20:06.985+00:00Teoria do Município<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAZsB9QbVx_Mbf-ksHR3gtzb_fyiJ1AImCvgoJgPcL8NwSHv_JLonm54PKdC_FQutkm0iOa1JuDhx22HxT9iBVi30_Xv6Wobf3aox65gb-akmtxDMy-WhzPsjHcCgP_C7GzHs2eDvdR9E/s1600/Braga-mapa_mediaval.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAZsB9QbVx_Mbf-ksHR3gtzb_fyiJ1AImCvgoJgPcL8NwSHv_JLonm54PKdC_FQutkm0iOa1JuDhx22HxT9iBVi30_Xv6Wobf3aox65gb-akmtxDMy-WhzPsjHcCgP_C7GzHs2eDvdR9E/s400/Braga-mapa_mediaval.png" width="400" /></a></div>
<div style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Para o Congresso Nacional Municipalista do Porto, em 1924, escreveu António Sardinha, então Presidente da Câmara Municipal de Elvas, dezasseis teses de apoio à Teoria do Município.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Numa altura em que se discute a reforma administrativa e municipal em Portugal, convém pois recordá-las:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>1ª Tese</i> – O Município não é uma criação legal. Anterior ao Estado, é preciso defini-lo e tê-lo como organismo natural e histórico. Ler mais</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>2ª Tese</i> – A descentralização administrativa não é, por isso, suficiente para resolver o problema municipalista. <a href="http://accao-integral.blogspot.pt/2012/12/teoria-do-municipio.html">Ler Mais</a></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">3ª Tese</i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> – Órgão da vida local, inteiramente extinta, mas que é preciso ressuscitar para que haja vida nacional consistente e intensa, o Município deve ser restaurado nos termos em que vicejaria hoje o velho e tradicional município mediévico, se o seu desenvolvimento não tivesse sido estrangulado por factores de sobejo conhecidos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>4ª Tese</i> – Essa restauração do nosso antigo Município equivale a considerá-lo não como uma simples função administrativa, mas como um centro de vida própria, espécie de unidade orgânica, abrangendo todas as relações e interesses dos seus convizinhos, desde o ponto de vista familiar e económico até ao ponto de vista cultural e espiritual.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>5ª Tese</i> – Restaurado em tais condições, o Município, simultaneamente suporte e descongestionador do Estado, contribuirá para atenuar a crise mortal que este atravessa, vítima do centralismo excessivo que o depaupera e abastarda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>6ª Tese</i> – Como, em harmonia com o meio físico e a sua estrutura económica específica, os Municípios se não podem reduzir a um tipo único, – e esse é o erro da legislação herdada da Revolução Francesa – os Municípios poderão e deverão classificar-se segundo as características que lhe imprimam personalidade em MUNICÍPIOS RURAIS, MUNICÍPIOS INDUSTRIAIS, MUNICÍPIOS MARÍTIMOS, etc., havendo que admitir o MUNICÍPIOS-CIDADE, para os grandes centros urbanos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>7ª Tese</i> – A classificação dos municípios, requerida por eles, importa consigo uma lei orgânica própria, – ou foral –, que o Município redigirá, entrando em vigor desde que receba a sanção do poder central.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>8ª Tese</i> – E como, na tendência crescente para a substituição do "indivíduo" pelo "grupo", é preciso constranger o sufrágio a aceitar novos moldes, a constituição das câmaras municipais deverá sair, em número igual, de vereadores eleitos directamente e de representantes ou delegados das associações e sindicatos existentes na área de concelho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>9ª Tese</i> – Na eleição municipal terão voto, além dos cidadãos em pleno exercício desse direito, as mulheres viúvas com ar constituído.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>10ª Tese</i> – Revogar-se-ão, com critério prudente, as leis de desamortização no tocante aos Municípios, podendo estes adquirir terrenos para aforar nos termos do "casal de família", – regímen a que igualmente poderão ficar sujeitos os baldios ainda existentes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>11ª Tese</i> – Para semelhante fim necessitam os Municípios ser autorizados ao lançamento de um tributo ou imposto especial sobre os proprietários absentistas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>12ª Tese</i> – Dentro dos Municípios e onde houver Misericórdias, a estas admiráveis e tão portuguesas instituições deverão pertencer as funções de assistência pública, como base local e consequentemente descentralizada, cabendo às câmaras municipais dispensar o apoio e auxílio de que as Misericórdias careçam para bem cumprirem a sua augusta missão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>13ª Tese</i> – Poderão os Municípios federar-se constituindo "regiões" em substituição dos "distritos" – decalque da legislação francesa, sem realidade geográfica nem justificação tradicional.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>14ª Tese</i> – Aos Municípios que pela sua pequenez ou insuficiência financeira não seja possível existência autónoma, permitir-se-á também que se federem com outros, mas sem a perda da sua personalidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>15ª Tese</i> – A instrução primária deve ser de base técnica e regional.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><i>16ª Tese</i> – É imperioso restaurar as Províncias, dotando-as de órgãos próprios e adequados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>António Sardinha</b> <i>in</i> «À Sombra dos Pórticos».</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span> <span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Fonte: Blogue <a href="http://accao-integral.blogspot.pt/2012/12/teoria-do-municipio.html">"Acção Integral", post de 03Dez2012</a></span></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-44297763110356166632012-12-15T19:22:00.000+00:002012-12-15T19:22:00.688+00:00O direito ao "Foda-se!"<b>Por Millôr Fernandes</b><br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
(<i>Com pequenas adaptações minhas)</i></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Existe algo mais libertário do que o conceito do <b>“foda-se!”</b>?</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
O <b>“foda-se” </b>aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor.</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Reorganiza as coisas. Liberta-me.</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>“Não queres fazer?! – Então, foda-se!”</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>“Queres fazer tudo sozinho? – Então, foda-se!”</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
O direito ao "<b>foda-se" </b>devia estar consagrado na Constituição.</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Os palavrões não nascem por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o português a fazer a sua língua</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>“Comó caralho!”, </b>por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita e quantidade que <b>“comó caralho!”</b>? Tende para o infinito, é quase uma expressão matemática.</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>“Eu gosto do meu clube comó caralho!”</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>“O sol está quente comó caralho!”</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>“O gajo é parvo comó caralho!”</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
E o <b>“nem que te fodas!”</b>?</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Expressa a mais absoluta negação.</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
O <b>“nem que te fodas!” </b>é irretorquível e liquida o assunto.</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Quando lhe pedirem dinheiro, mate o assunto:</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>“Ó meu caro, não te empresto, nem que te fodas!”</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Há outros palavrões igualmente clássicos:</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Pensa na sonoridade de um <b>“Puta que pariu!”,</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
ou o seu correlativo <b>“Pu-ta-que-o-pa-riu!”</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Diante uma notícia irritante, qualquer <b>“pu-ta-que-o-pariu!”, </b>dito assim, põe-te outra vezes nos eixos.</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
E o que dizer do nosso famoso <b>“vai levar no cu!”</b>?</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
E a sua maravilhosa e reforçada derivação<b> “vai levar no olho do cú!”</b>?</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha do seu interlocutor e solta:</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>“Chega! Ó meu, vai levar no olho do cu!”?</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida e da tua auto-estima.</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória.</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: <b>“Fodeu-se!”</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
E a sua derivação, mais avassaladora ainda: <b>“Já se fodeu!”.</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação.</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Quando ouves uma sirene da polícia atrás de ti a mandar-te parar,</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
o que dizes? <b>“Já me fodi!”.</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
E quando te apercebes que és de um país em que quase nada funciona; o desemprego não baixa; os impostos são altos; a saúde, a educação e a justiça são de baixa qualidade,</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i><u>Agora digo eu:</u></i></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i><u></u></i></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>Foda-se! Pu-ta-que-pa-riu este país!</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
E se alguém - no genérico! - entra no teu bolso:</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>Já me fodi! Estes gajos roubam comó caralho!</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
E a algumas pessoas apetece mesmo dizer:</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>“Vão levar no cu!</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
Mas não desesperemos!</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b><span style="font-size: 14pt;">Portugal ainda vai ser um país do caralho!!!</span></b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b>Só não sei quando…</b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b><i>Luís Castro</i></b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b><i><br />
</i></b></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b><i>Fonte: Blogue <a href="http://cheiroapolvora.blogs.sapo.pt/82772.html">"Cheiro a Pólvora - Blog de Luís Castro", post de 04Jun2009</a></i></b></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-47643240854633957832012-12-12T11:14:00.000+00:002012-12-12T11:14:00.108+00:00Linguagem falada e linguagem escrita<div style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqVEllycKzkfXeV_RJrOlmfohlCU29MBqWxIVaDE5GmXHf7I3gbOUEG62Q3sGE3S53HkIC70F9S0TjVStJVUN9B5IdH4GH33r8UFhD8uaWW-Bou6Ykr6OjRifoNSFckbZRWfWJKLsDz3c/s1600/greek-temple-5-XL.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="260" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqVEllycKzkfXeV_RJrOlmfohlCU29MBqWxIVaDE5GmXHf7I3gbOUEG62Q3sGE3S53HkIC70F9S0TjVStJVUN9B5IdH4GH33r8UFhD8uaWW-Bou6Ykr6OjRifoNSFckbZRWfWJKLsDz3c/s400/greek-temple-5-XL.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">A linguagem falada é popular. A linguagem escrita é aristocrática. Quem aprendeu a ler e a escrever deve conformar-se com as normas aristocráticas que vigoram n'aquele campo aristocrático.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">A linguagem falada é nacional e deve ser o mais nacional possível. A linguagem escrita é – ou deve ser – o mais cosmopolita possível. <i>Philosopho</i> deve escrever-se com 2 vezes PH porque tal é a norma da maioria das nações da Europa, <u>cuja ortografia assenta nas bases clássicas</u> ou pseudo-clássicas.</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>Fernando Pessoa</b> <i>in</i> «Pessoa Inédito».</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">*Sublinhado meu.</span></div>
<div>
<br />
<img alt="" height="1" src="https://blogger.googleusercontent.com/tracker/2517489912414622351-4220318544391549124?l=accao-integral.blogspot.com" width="1" /><br />
Fonte: Blogue <a href="http://accao-integral.blogspot.pt/2012/11/linguagem-falada-e-linguagem-escrita.html">"Acção Integral", post de 01Dez2012.</a></div>
Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573891242718848.post-80530248155473646272012-12-08T11:17:00.000+00:002012-12-08T11:17:00.176+00:00 A Importância do Ultramar para a Economia Nacional<table cellspacing="6"><tbody>
<tr><td><br /></td><td><table border="0" cellpadding="0" cellspacing="1"><tbody>
<tr><th></th></tr>
<tr><td bgcolor="white"><div align="center">
<span style="color: #993300; font-family: Verdana; font-size: medium;"><b> </b></span><span style="color: #993300; font-family: Verdana; font-size: medium;"><b>A Importância do Ultramar para a Economia Nacional</b></span></div>
<div align="center">
<b></b></div>
<div align="center">
<b></b></div>
<div align="right">
<b><span style="color: #993300; font-family: Verdana; font-size: medium;"><img alt="" src="http://www.revistamilitar.pt/UserFiles/Image/autores/TCor_Brandao_Ferreira.jpg" /></span></b></div>
<div align="right">
</div>
<div align="right">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Tenente‑Coronel PilAv João José Brandão Ferreira*</span></div>
<div align="justify">
</div>
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</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">No número 10 de Outubro de 1999 da Revista Militar, escrevemos com o mesmo título um artigo em que a matéria exposta cobria o período em que Portugal se tinha lançado na gesta dos Descobrimentos, até à realização da Conferência de Berlim em 1884/85. Vamos hoje retomar o tema mas agora na tentativa de cobrir o período que dista daquela Conferência até ao golpe de Estado que depôs o regime Corporativo, conhecido por Estado Novo, em 25 de Abril de 1974.</span></div>
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</div>
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</div>
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<span style="font-family: Verdana;"><span style="font-size: x-small;"><b>O Século XIX</b></span></span></div>
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</div>
<div align="justify">
<i><span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">“O primeiro passo de uma Nação para aproveitar as suas vantagens é conhecer perfeitamente as terras que habita, o que em si produzem, o de que são capazes.”</span></i></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Memória Económica</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Abade Correia da Serra</span><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4573891242718848#editor/target=post;postID=8053024815547364627">Ler Mais</a></span><br />
<a name='more'></a></div>
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</div>
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</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A “directiva” do Marquês de Sá da Bandeira de 1836, ao tentar transferir o esforço estratégico do Brasil para a África Portuguesa, teve em mente também, encontrar substituto para os produtos cuja independência daquele território fizera perder. Do igual modo, visava facilitar o combate ao tráfico de escravos por parte do governo de Lisboa já que essa medida iria prejudicar a economia brasileira (muito dependente do trabalho escravo) e que após 1822, passou a ser concorrente com a portuguesa.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Os interesses das potências europeias e ocidentais<sup>1</sup> pelo Continente Africano, que culminaram na Conferência de Berlim, em 1884/5, veio fazer confluir em África avultados meios humanos, financeiros e tecnológicos que visavam a exploração daquele vasto, rico, porém, mal conhecido e explorado Continente. Portugal, não só por vontade própria, mas também (ou sobretudo), pelas realidades exógenas que o afectavam, não só para desenvolver o que já era seu, mas outrossim para o defender e consolidar, teve que acompanhar esta evolução.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"> Sem embargo, a carência de recursos (população, financeiros, tecnológicos, navais, militares, etc.) limitava todas as acções necessárias. A conflitualidade política e a falta (endémica) de autoridade do Estado, eram outro factor – mais gravoso que o primeiro –, que prejudicava as estratégias que se intentassem desenvolver face às realidades e necessidades ultramarinas. </span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A situação política nacional, só começou a estabilizar no final dos anos 20, do século XX, sobretudo a partir do consulado do Professor Oliveira Salazar e é a partir de então que se podem começar a dar passos significativos relativamente à economia ultramarina.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Mas voltemos à Regeneração e ao Fontismo no sentido de tentar caracterizar melhor a situação na Metrópole para daí se poder extrapolar para o Ultramar.</span></div>
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</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">O desenvolvimento económico e social operado na época de Fontes Pereira de Melo só foi possível com a estabilidade política trazida com a Regeneração a partir de 1851, e é influenciada pela onda de liberalismo que se faz sentir na Europa após as Revoluções do ano de 1848. A economia mundial era liderada pela Grã‑Bretanha, grande impulsionadora da I Revolução Industrial e potência que dominava a indústria da maquinaria a vapor e do ferro.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A primeira acção de Fontes foi procurar o apaziguamento da sociedade portuguesa profundamente afectada pelo anterior meio século de devastação: guerras com a Espanha e França; invasões, guerras civis, humilhações, intervenções estrangeiras, revoluções e golpes militares, independência do Brasil, desarticulação quase total da vida económica, social e financeira, etc.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Para isso tenta a substituição das políticas comprometidas com o passado e tornar a actividade política novamente credível. Do mesmo modo se tenta reabilitar o Estado, pela sua moralização, de modo a que passasse a ser visto pelo povo como uma “pessoa de bem”.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Tudo isto servia para retirar legitimidade a eventuais golpismos futuros. De seguida, Fontes Pereira de Melo tratou das finanças, cujo problema maior consistia em encontrar verbas para pagar aos credores estrangeiros, atrair capitais e inspirar confiança.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Como não havia dinheiro, obrigou‑se, em Dezembro de 1851, à capitalização dos juros da dívida pública, a que se seguiu, um ano depois, a sua conversão forçada que passa de 85.000 para 90.000 contos<sup>2</sup>.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Os títulos da dívida portuguesa deixaram de ser cotados no mercado de Londres e entra‑se em rota de colisão com os credores estrangeiros. Vence‑se o braço de ferro com estes e chega‑se a um acordo, em 1856, que permite renegociar o pagamento da dívida pública<sup>3</sup>.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A partir daqui foi possível começar a financiar as obras de fomento indispensáveis à economia nacional.</span></div>
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</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">No meio de tudo isto o governo português beneficiou da sorte. Com a proibição e perseguição do negócio de escravos no Brasil muitos dos negreiros fugiram para Portugal e trouxeram as suas fortunas, que investiram<sup>4</sup>.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Por esta altura, criou‑se o sistema fiscal moderno.</span></div>
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</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Apesar de tudo as receitas continuam inferiores às despesas, o que é agravado a prazo, pelo facto de muitas das medidas terem sido empregues em actividades não produtivas. O sistema é salvo, a partir de 1871, com a emigração, sobretudo para o Brasil. É com as remessas destes trabalhadores que o Estado irá equilibrar as contas da balança de pagamentos<sup>5</sup>. A queda destas remessas em 1890 para cerca de um quarto faz cair todo o edifício<sup>6</sup>.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">No período, o mercado financeiro aumentou enormemente. Em 1863 existiam quatro bancos que passaram para 15, em 1872 e 51, em 1875, altura em que começou a dar‑se um processo de concentração. Em 1890 havia em Portugal 45 bancos. Os depósitos bancários acompanharam a evolução. Assim em 1846, existiam 939 contos, o que representava menos de metade do dinheiro em circulação; em 1875 já somavam 35.099 contos, ou seja 2,5 vezes a circulação fiduciária. Em 1890 ascendia a 47.000 contos, 4,5 vezes aquele valor. O crédito bancário teve uma subida ainda superior.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A política de obras públicas, sobretudo no sector dos transportes e comunicações era fundamental para acompanhar o que se passava na Europa e o enorme desenvolvimento tecnológico e industrial em todo o mundo, sobretudo no velho continente e nos EUA. O aumento da produtividade e do número de bens de consumo existentes e a melhoria no seu acesso, tinha multiplicado o comércio quer interno quer externo, por muitas vezes. De facto, em 1850, a Europa Ocidental e Central estão já cobertas por uma rede considerável de estradas, canais e caminhos‑de‑ferro.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">De tudo estava Portugal afastado, quando não tinha as suas anteriores estruturas destruídas<sup>7</sup>. O instrumento principal do então Chefe do Governo foi a criação do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, a primeira entidade criada em Portugal directamente vocacionada para o desenvolvimento integrado da economia.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A rede de caminho de ferro a nível nacional, de difícil concepção dadas as sensibilidades regionais e internacionais (Espanha), que houve que ultrapassar, ficou constituída em 1890<sup>8</sup>. A França pretendia ainda conseguir uma via rápida que, de Irun, ligasse aos portos portugueses nomeadamente Lisboa, de modo a poder exportar os seus produtos para as Américas, o que naquela altura era considerado mais económico.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A rede viária foi aumentada significativamente<sup>9</sup>. Todo este esforço teve também um efeito muito positivo na criação de empregos, na concentração de capitais e no alargamento do mercado.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Como complemento do atrás exposto, instalou‑se o telégrafo que passou a ligar as cidades e vilas mais importantes e desenvolveram‑se os portos e os transportes fluviais. Ainda no âmbito do telégrafo, Portugal beneficiou cedo da amarração do primeiro cabo submarino da Inglaterra, em Lisboa, seguindo‑se Cabo Verde e Madeira.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A navegação a vapor desenvolve‑se finalmente e são estabelecidas carreiras regulares para Angola e S. Tomé. Porém, para Moçambique falharam, sendo este território servido até ao fim do século por navios ingleses e alemães.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">O mercado nacional torna‑se único e a economia de subsistência sofreu um forte abalo.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Investiu‑se fortemente na agricultura entre 1850 e 1890, que passou a seu um dos esteios da economia portuguesa, sem embargo de, neste período, ainda ocupar cerca de 70% da população activa portuguesa.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A produtividade aumentou o que para além de permitir um melhor abastecimento interno, criou excedentes exportáveis. Excepção para o trigo, de que Portugal se tornou um grande importador em virtude da concorrência do trigo americano com o qual o trigo nacional não tinha hipóteses de competir.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Os principais produtos de exportação foram o vinho, a cortiça, o gado, as frutas secas, as laranjas e até as amoreiras para alimentar os casulos do bicho da seda<sup>10</sup>. Para o fim, a maioria da exportação de cortiça era já trabalhada, devido ao aparecimento de dezenas de pequenas fábricas<sup>11</sup>.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Vários factores contribuiriam para este surto de desenvolvimento: </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Diminuição da economia de subsistência; alargamento do mercado para produtos industriais, fomento da especialização, redução de baldios e pastos comuns nas regiões do Norte e Centro, cultivo de novas terras, sobretudo no Sul; redução das propriedades da Igreja e fim dos morgadios com a venda pública das melhores terras<sup>12</sup>; generalização do pagamento de serviços em dinheiro e não em géneros; melhoria do sistema fiscal; aumento das propriedades e sua modernização; modernização de alfaias agrícolas e inclusão de adubos, importação das primeiras máquinas agrícolas em 1860, para o trabalho dos cereais, no Sul.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">No entanto esta “reforma” na estrutura agrícola do País ficou incompleta, já que o sector capitalista agrário se manteve débil; as exportações estavam muito condicionadas pela conjuntura do mercado externo, entrando em colapso facilmente; a zona de maior extensão agrícola, o Alentejo estava dependente basicamente do trigo e da cortiça, não sendo o primeiro, competitivo.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">As condições geográficas e climáticas portuguesas tornam a produção agrícola muito instável e o tipo de produtos tradicionais, requer apenas uma mão‑de‑obra sazonal, com apenas cerca de dois meses de trabalho intensivo por ano. Tal facto acarreta que a maioria dos trabalhadores agrícolas tivesse que subsistir precariamente nas suas pequenas terras e migrasse conforme as necessidades em mão‑de‑obra dos diferentes produtos. A aplicação de novas tecnologias ou maquinaria ao arroteamento e tratamento dos produtos agrícolas portugueses é também difícil<sup>13</sup>.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A agricultura de subsistência, obriga à emigração de muitos braços, cujas remessas monetárias, vão por outro lado permitir que as pequenas empresas agrícolas sobrevivam, evitando a falência que a sua improdutividade impunha.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">O comércio interno na época do Fontismo teve um desenvolvimento enorme. Para além das feiras rurais que se mantiveram, apareceu o intermediário e uma nova geração de comerciantes que fizeram canalizar grande parte da produção para as cidades e para os grandes armazenistas.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Como seria de esperar as zonas que mais se desenvolveram foram aquelas que melhor acesso tinham aos transportes, nomeadamente ao caminho‑de‑ferro.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">As exportações sofreram, como já se disse, um forte incremento. Assim, em 1848 cifravam‑se em 8.084 contos, passando para 13.716 contos, em 1861; 20.032, em 1870; 29.662, em 1880 e 21.539 contos, em 1890, o que denota uma crise grave nos mercados exteriores e que ajudou a acabar com o modelo do Fontismo<sup>14</sup>.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">As importações cresceram ainda a um ritmo superior e foram respectivamente para os mesmos anos de 10.731 contos, 24.720, 32.361 e 44.428. Tal facto desequilibrou ainda mais a balança de pagamentos.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Isto revela um problema estrutural de base quanto à capacidade produtiva do País incapaz de acompanhar a modernização da economia e as novas tecnologias. A devastação havida na primeira metade do século, já citada, fez também que Portugal falhasse a primeira revolução industrial. Desde então e até aos nossos dias nunca mais se conseguiu recuperar verdadeiramente deste atraso.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">O comércio internacional e intercontinental sofreu um incremento notável com a navegação a vapor e a perda da hegemonia da Inglaterra, com o aparecimento em força dos EUA a partir de 1865 e da Alemanha, depois de 1870, e ainda com a corrida a África no último quartel do século. Todo este tráfico trouxe uma pressão concorrencial muito forte sobre os produtos portugueses<sup>15</sup>.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Em 1865 a Inglaterra era responsável por 66% das nossas exportações e 49% das importações. Em 1890 os valores desceram para 28 e 31%, respectivamente. O mesmo tipo de descida aconteceu com o Brasil. Em contrapartida surgem novos parceiros comerciais: os EUA, a Alemanha e a Espanha, no fim da década de 80.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Relativamente aos nossos territórios ultramarinos, só passam a ter alguma importância a partir de 1880, com o crescimento dos mercados em Angola e Moçambique, que absorvem parte dos produtos que não se consegue colocar noutros lugares<sup>16</sup>.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Com a implementação do modelo Fontista, Portugal passou a estar muito mais dependente do sistema internacional (isto é, passou a ser mais afectado com todas as suas mudanças), em virtude da abertura ao exterior, da melhoria dos transportes, dos fluxos financeiros e do aumento dos meios de comunicação de massas. A acrescentar a isto há a vertente cultural, no sentido em que as ideias, os hábitos e o conhecimento do que se passava no exterior nomeadamente nas grandes capitais europeias, exercia uma influência muito grande sobre a burguesia e a intelectualidade portuguesa.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Quanto à indústria o Fontismo pretendeu que a industrialização do País copiasse o modelo ocidental liberal, fosse competitiva e virada para a exportação. Pretendia ainda que o motor da indústria fosse a iniciativa privada e não houvesse entraves à livre circulação de pessoas e capitais.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Este tipo de modelo é uma excepção na tradição nacional, e no que se implementaria a seguir, praticamente até à entrada de Portugal na CEE, e que era um modelo mais fechado voltado para o consumo interno pouco competitivo e muito dependente do Estado.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Um levantamento do parque industrial realizado em 1852, revelou a existência de 362 fábricas, com mais de 10 empregados cuja força de trabalho totalizava 16.000 operários e que praticamente não utilizava a força motriz a vapor.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Era uma indústria tradicional, pré revolução industrial. Para além disto existiam uns milhares de ofícios artesanais virados para o mercado regional e cuja permuta era dificultada pela falta de vias de comunicação.</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Com o Fontismo esta actividade artesanal entra em recessão, devido ao acesso a produtos vindos de centros de produção maiores<sup>17</sup>. Estas actividades familiares ajudam a manter de pé a pequena propriedade agrícola.</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A indústria cresce muito modestamente e apesar de, em 1881, haver já instalados 10.000 HP de potência a vapor (10 vezes mais que em 1850), tal equivalia à potência de uma única grande fábrica inglesa desse tempo. Naquele ano já 56% de fábricas portuguesas usavam energia a vapor e os operários subiram para 90.998 (mas apenas 10% trabalham nas unidades movidas a vapor).</span></div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">O valor de produtos manufacturados aumenta a partir de 1880, mas resume‑se a meia dúzia de artigos: cortiça em obra, têxteis de algodão, ourivesaria, sapatos e chapéus.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Arranca também a indústria de conservas de peixe<sup>18</sup>.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A indústria pesada continua afastada e a inovação tecnológica chega muito devagar, mantendo o País com largas dependências exteriores.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">As premissas em que assentou o desenvolvimento do Fontismo acabaram por ser as mesmas que o impediram de se desenvolver plenamente. Só a partir de 1892, quando se impõem pautas alfandegárias fortes, tanto na Metrópole como no Ultramar é que as indústrias portuguesas não competitivas conseguem encontrar mercado para os seus produtos.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Naturalmente existem condicionantes ao pleno desenvolvimento industrial português e à competitividade dos seus produtos:</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">– A periferia do País, que tornava mais caro o transporte dos produtos e a sua colocação noutros mercados;</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">– A pequenez do mercado nacional;</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">– A pouca dimensão das unidades industriais;</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">– A falta de capacidade de modernização tecnológica;</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">– Falta de financiamento;</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">– Falta de investigação científica;</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">– Demora na mudança de mentalidade dos empresários;</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">– A excessiva influência que factores exógenos à vida nacional – e que os governos portugueses não dominam –, têm na economia nacional.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Todos estes factores se interligam numa relação causa/efeito que é muito difícil de modificar e que, para além de consequências económicas e sociais têm, normalmente consequências políticas. </span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Entre 1890 e 1893 o modelo do Fontismo esgota‑se. A crise nos mercados internacionais, para onde não se conseguia exportar, mas mantendo as necessidades de importação; a quebra nas receitas dos emigrantes, a crise política originada pelo “ultimatum” e dificuldades em arranjar crédito, foram‑lhe fatais.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Em termos económicos, pôs‑se um travão ao liberalismo, impondo‑se um modelo mais proteccionista, virado para o mercado interno, onde entrava já o ultramarino. Este sistema iria manter‑se até 1930.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A instabilidade criada veio trazer de novo, ao fim de 40 anos, a tentação das intervenções militares e o recurso a governos fortes, quiçá ditaduras. O regime, no entanto, não se conseguiu reformar e foi ele próprio que ficou em causa. Em 5 de Outubro de 1910, caía.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">O “Império” Português em África<sup>19</sup> pode dizer‑se que começa finalmente com o reconhecimento da independência do Brasil, em 1825, mas na prática só ganha substância com a “corrida a África” no final do século XIX.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">De facto, até 1850, a sucessão de catástrofes sociais e políticas, impediram que qualquer governo se preocupasse com África onde a ocupação efectiva portuguesa, apesar de centenária, se limitava a algumas zonas do litoral, havendo uma vastidão do hinterland por conhecer, delimitar e ocupar. A directiva de Sá da Bandeira, de 1836, visando a substituição do império brasileiro pelo africano não encontrou, assim, terreno fértil para medrar, nomeadamente em encontrar recursos para ocupar e desenvolver a bacia do Congo, entre 1850 e 1870. Deste modo a principal actividade económica no período é o tráfico de escravos, que é combatido desde 1807, recebe um golpe mortal em 1850, com a proibição da escravatura no Brasil e se mantém na clandestinidade, sobretudo em Moçambique, por mais algumas décadas.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A estratégia seguinte é definida pelo ministro Andrade Corvo que domina a política colonial até 1879. Tendo em vista objectivos mais limitados e a antecipação dos interesses das grandes potências sobre África pretendeu consolidar a posição portuguesa em Angola e Moçambique. Defende uma política liberal de investimento estrangeiro e que a economia imperial deve estar ligada às colónias inglesas do Transval.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Dado Portugal não ter recursos financeiros para o desenvolvimento tenta que as grandes obras sejam feitas por empresas mistas de capital estrangeiro, especialmente inglês e americano. Andrade Corvo chega a defender que Portugal poderia funcionar como porta de entrada dos EUA na Europa. A estratégia colhe alguns resultados. Terminam as difíceis operações militares, a escravatura é ilegalizada, existe afluência de capitais estrangeiros e desenvolvem‑se algumas grandes plantações.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Projectam‑se, em seguida, as infra‑estruturas necessárias ao desenvolvimento e ao avanço para o interior. Moçambique toma a primazia, devido aos seus bons portos naturais e à rivalidade anglo‑boer, existente desde 1835.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Andrade Corvo aproveita esta rivalidade para garantir apoios ingleses à nossa fixação no litoral e ao desenvolvimento dos portos, caminhos‑de‑ferro e estradas para o interior.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Em 1879 assina‑se o Tratado de Lourenço Marques que é o coroar de toda esta estratégia. A Inglaterra também ganhava, já que completara o cerco aos Boers. A posse da cidade de Lourenço Marques (e respectivo porto) foi mais difícil tendo que se recorrer à arbitragem internacional do Presidente Francês MacMahon, que foi favorável a Portugal.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A estratégia foi aplicada também ao Estado da Índia onde se conseguiu construir o caminho‑de‑ferro de Mormugão (que servia o respectivo Porto e o interior do território) com capitais ingleses.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Andrade Corvo perspectivava ainda, a negociação de um acordo com a Inglaterra para o controle do Rio Congo, antes que outras potências cobiçassem a zona.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A queda do governo e o afastamento do ministro impediu a plena concretização de tudo isto. O “ultimatum” de 1890 e a agitação social e política que se lhe seguiu coincidiu com uma das piores crises económicas nacionais.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Acontecimentos no Brasil fizeram cair as remessas dos emigrantes o que era fundamental para equilibrar a balança de pagamentos. Ao mesmo tempo a empresa Baring Brothers, banqueiros tradicionais do governo português, abriu falência, privando Lisboa de créditos e dificultando as operações no exterior.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Por falta de divisas o Banco de Portugal tornou inconvertíveis as notas, em 1891, o que se repercute no mundo económico e financeiro. Aumenta o deficit do orçamento e a dívida interna e externa. Os governos caiem uns a seguir aos outros. Em 1893 deixa‑se de pagar os juros e amortizações da dívida externa.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Esta situação financeira aflitiva, explica a paragem da acção civilizadora em África entre 1890 e 94, numa altura em que esta era mais imprescindível, por via do estabelecido na Conferência de Berlim.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A resposta a esta conjuntura não foi fácil e demorou cerca de dez anos a implementar‑se.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Sabendo‑se que os mercados de exportação que foram perdidos não eram recuperáveis, impunha‑se a protecção do mercado nacional, tanto na Metrópole como no Ultramar. Estabeleceu‑se por isso uma pauta alfandegária, em 1892, de cariz proteccionista, o “ágio de ouro”, no valor de 20% sobre as mercadorias importadas. Estas medidas fomentaram a troca comercial entre a Metrópole e o Ultramar, que havia duplicado entre 1861 e 1891. No fim do século XIX, este intercâmbio representa 3% de importações da Metrópole e 10% das suas exportações. À data da proclamação da República estes valores tinham aumentado respectivamente para 4 e 15%. Em vinte anos, portanto, a importância do mercado colonial triplicou<sup>20</sup>.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Moçambique é o território que necessita de medidas com maior prioridade em virtude da presença na zona das principais potências europeias e onde existem equilíbrios instáveis. Por razões financeiras as expedições militares base da ocupação efectiva, só se efectuam – com assinalável êxito, aliás, – a partir de 1894. É o Comissário António Enes que salva Moçambique pela criação de um novo modelo económico. Combinou a aplicação da pauta de 1892 com um tratamento de privilégio ao capital estrangeiro a fim de atrair os recursos de que não se dispunha. Formam‑se companhias magestáticas (Companhia de Moçambique e Companhia do Niassa), com capitais estrangeiros e com amplos poderes. Tecnicamente a soberania continuava portuguesa, mas na prática grandes zonas do território estavam debaixo de influência estrangeira. O modelo não era bom, mas era o possível.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Estas concessões, passaram a ser controladas pela “lei travão” do governo de Hintze Ribeiro, que vigorou até 1901<sup>21</sup>.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">A construção da linha da Beira é entregue a uma companhia inglesa que, por contrato, fica com o direito à administração do Porto da Beira por 50 anos. Esta linha entra em funcionamento em Setembro de 1898.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Funda‑se a Companhia do Niassa disputada por capital francês, alemão e inglês e que arranca em 1893. Fica autorizada a administrar uma zona no norte por 35 anos, a que corresponde 25% de Moçambique. Antes da Grande Guerra e por acordo secreto com os ingleses, passam os alemães a controlar esta companhia. Os alemães, aliás, investem no norte de Moçambique e passam a dominar o comércio a norte do Zambeze. Tornam‑se nítidos os desígnios políticos da Alemanha na zona<sup>22</sup>. A França também dispõe de pequenas empresas como a Boror e a Mandal.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Em 1892, é criada a Companhia da Zambézia com capitais franceses e alemães, que irá dominar a produção do açúcar, sisal e copra, na Zambézia.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Este domínio do capital estrangeiro explica, juntamente com o grande contrabando existente, as fracas trocas comerciais com a Metrópole que, em 1901, por exemplo, se cifram por metade das angolanas e são inferiores às de S. Tomé.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Em 1895 é inaugurado o caminho‑de‑ferro entre Lourenço Marques e Pretória, mais tarde com</span><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><br /></span> <span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;">Fonte: Angola do outro lado do Tempo, post de 27Out2012</span><br />
<span style="font-family: Verdana; font-size: x-small;"><br /></span></div>
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Rui Moiohttp://www.blogger.com/profile/12176812355931448142noreply@blogger.com0