INTRODUÇÃO- - 9- - António Luís Ferronha- - Notas- - 26- - Bibliografia- - 27
1. encontro origem etimológica
Entraldo FONTE 12 ( ENTRALDO - pág. (373))
origem etimológica da palavra encontro :
" sentir que o outro está contra mim "
encontro —> nome de uma ave brasileira que também é conhecida por soldado
latim —> incontra = em contra
2. Modos principais do encontro e da relação :
FONTE - PÁG 12 pág (461 - 462). Modos principais do encontro e da relação :
- relação de objectividade - o outro vai ser para mim um objecto
- relação de personalidade - o outro vai ser uma pessoa
- relação de proximidade - o outro vai ser um próximo, se me corresponde
3. Distinção entre pág
Percepção do outro - é imediata e irredutível
- conhecimento do outro - é mais lenta e implica falibilidade
4. prefácio de Alfredo Margarido Margarido
FONTE PÁG 13 PÁG 13 - " o corte epistemológico dos séculos XV e XVI introduz a diversidade do outro - uma problemática que as sociedades europeias ainda não conseguiramm nem integrar nem superar "
5. alteridade - duplo movimento
Esse encontro foi marcado por esta ambiguidade: alteridade humana é simultaneamente revelada e recusada. As navegações ibéricas simbolizam este duplo movimento . os outros interiores (Judeus, árabes, berberes) são repudiados e expulsos e «descobre-se » o outro exterior ( africano, ameríndi, asiático). A unidade destes dois movimentos está na propagação da fé cristã. Pág. 13
6. expansão - segunda fase
A partir do segundo quartel do século xv~ e já noutro espaço atlântico (para alem de Cabo Verde e dos rios Gâmhia e Senegal), que se estabelece o contacto através do comércio; organizou-se o «cruzeiro», em nome do crescimento, esse Deus escondido da sociedade ocidental, um deus cruel, exigindo sacrifícios humanos, com a sua liturgia contraditória - o lucro e a fé. Pág. 19
7. expansão -primeiros livros impressos - causas
Curioso é oue os livros impressos em Portugal- até à primeirametade do Século XVI relacionam as navegaçoes com a cruzada, a conquista e a procura do Preste João (O paraíso terrestre) falam sobre as actividades mercantilistas, como se estas fossem apenas secundárias, os «suportes» dos outros aspectos fundamentais da sociedade que ainda tem muito de medieval. a glória, dentro de um imaginário cristão - os portugueses estão no mundo para realizar a cidade de Deus, Tommé Pires di-lo em substância. Pág. 21
8. cultura diferenças entre oriente - ocidente Boubou Hama
No Fundo, o encontro dos povos teve que esperar cinco séculos pela evocação feita pelo africano Boubou Hama no seu livro Le Retard de l'Afrique (ed. Présence Africaine, 1972, p. 163):
«.Até aqui," escreve ele, «conheceram-se dois homens, isto é, oespiritual, o da India antiga, materialista, o da civilização técnica ocidental. Será que as sabedorias africanas podem realizar a síntese entre esta manipulação da materia e esta cultura do espírito? Na perspectiva africana, o universo inteiro eslá concebido como um campo de forças, quer se trate das forças da natureza, dos antepassados ou do próprio homem. Por exemplo, o laço que une o africano à sua terra é qualquer coisa bem diferenle do que concerne a um dirreito ; esta dependencia tem uma significação biológica e quase metafísica, ele idenlifica-se com esta terra, faz parte dela como ela faz parte dele, em qualquer caso, pertencem ao mesmo campo de forças." Pág. 25
CAPÍTULO I- - Breves considerações sobre o outro na cartografia portuguesa- - 31- - Luís de Albuquerque
CAPÍTULO 11- - Nota introdutória aos capítulos 11 e 111- - 41
- - A imagem do Africano pelos portugueses antes dos contactos- - 43- - José da Silva Horta- - Notas- - 65- - Bibliografia- - 70
9. antes da expansão - código referencial no qual se valorizam ou desvalorizam os povos extra-europeus
primeiro tópico - esteriótipos directamente associados à côr negra e ao africano - negro ; noutro momento - em articulação com o primeiro - as categorias mais englobantres da iagem dos povos não ocidental-cristãos em que o Africano se integra. Escolhendo o campo religioso como núcleo dessa imagem, veremos como as categorias - Cristão, Mouro, Gentio, etc - aparecem articuladas e hierarquizadaas,compondo assim uma classificação antropológica, que será, a posteriori, largamente utilizada na caracterização dos povos, nãosó africanos como ameríndios e asiáticos, com que a expansão europeia dos séculos XV e XVI se viu confrontada Pág. 44
10. negro imagem negativa antes do século XV DEVISSE, 1979
1. Nas fontes portuguesas confirma-se o grande peso negativo para a imagem do Africano do século XIV e inícios do século XV dos esteriótipos de origem medieval anterior, assopciados à cor negra e ao negro (2)
(2) - l' image des noirs dans l'art occidental
11. cor negra associada a desgraçado
Nas Cantigas de Santa Maria, uma obra de meados do século XIII, o adjectivo negral é mesmo sinónimo de desgraçado..A cor negra é também cor do castigo dos maus ou pecadores por oposição à cor branca, da recompensa dos bons, como no Boosco Deleitoso (4). A contraposição branco/negro de sentidos respectivamente positivo e negativo não representa em si qualquer preconceito de tipo racial, mas é tão-só o rcsultado do sistema de cores próprio do código cultural. Pág. 45
12. cor negra - diabo
O diabo intervém sob a forma animal - cavalo negro, ave de cabeça negra, etc. - e principalmente sob a forma humana ou semelhante. Toma a aparência de uma criança negra no Espelho dos Reis de Álvaro Pais, em duas situações Semelhanles: no capílulo sobre as tentações: «E de S. Marlinho se lê que o diabo amiUde lhe apareceu em forma humana. Semelhavelmente se Ia de S. António a quem apareceu na forma de um menino negro e na forma de diversas alimárias.»Pág. 45
13. negro associado a africano e mouro Courteaux
o Negro aparece frequentemente «camuflado» sob as designações rnais abrangentes de Africano e Mouro que são frequentemente sinónimas, como observa Courteaux:
«O termo Mouros designa os Muçulmanos em geral e no caso da Peninsula iberica recobre duas realidades: os Muçulmanos Negros e os Muçulmanos Brancos sem que seja feita distinção de cor quando se trata do povo., (23) Pág. 51
14. guerreiros de Guynoia
Na cronística portuguesa, tal como na sua antecedente castelhana, é possível isolar um dos tipos mais correntes de mouro negro: o guerreiro negro. Na Crónica Geral de Espanha de 1344, para além de serem designados sob a categoria global de mouros, de diversos povos africanos que integram os exércitos muçulmanos - inclusive guerreiros de «Guynoia» (i.e., Guiné) -, nas armas do rei de Aragão que aí são descritas, têm lugar «(quatro cabeças de mouros negros que vencera em uma batalha» (25): rnenção de um tipo de representação heráltica do negro corrente na epoca. Pág. 51
15. negro associado ao capo religioso
Nos primeiros olhares dos séculos xv c XVl sobre o Africano e no caso de classificações genéricas como a do campo religioso sobre a globalidade dos povos extra-europeus, estará bem presente uma herança cultural, que em parte foi retratada nas páginas antecedentes. O peso do código referencial faz-se sentir na representação do Outro,mas vai sofrendo, progressivamente, as modificações e adequações resultantes do confronto com o rea1. Pág. 64
CAPÍTULO III- - Primeiros olhares sobre o Africano do Sara Ocidental à Serra
- - Leoa (meados do século XV-inícios do século XVI- - 73- - José da Silva Horta- - Notas- - 121- - Bibliografia- - 125
16. expansão - as cinco razões Zurara
«Capftulo VII - No qual sc mostram cinco razõcs por quc o Senhor lnfantc foi movido dc musdar buscar as tcrras dc Guiné. As cinco razões porque o Infante D. Henrique foi movido em mandar buscar as terras da guiné in crónica dos feitos da Guiné de Gomes Eanes de Xurara. Pág. 73-74
17. primeiros encontros com habitantes do deserto além do Bojador Zurara
Como Afonso Gonçalves Baldaia chegou ao Rio do Ouro - na Crónica dos feitos da Guiné de Gomes Eanes de Zurara~pág. 74-75
18. primeiros cativos Zurara -- Antáo Gonçalves
cap XII Crónica dos feitos da Guiné de Zurara Pág. 77
19. Nuno Tristão mata um mouro numa arremetida no interior litoral Zurara Pág. 78-79
20. dificuldades linguísticas Zurara
depois de passadas as fronteiras mouras
21. venda da primeira leva de escravos em Lagos Zurara
« o Infante era ali, em cima de um poderoso cavalo, acompanhado de suas gentes, repartindo suas gentes, repartindo suas mercês como homem que de sua parte queria fazer pequeno tesouro. Porque de 46 almas que aconteceram no seu quinto, ui reve fez deles sua partilha, pois toda a sua principal riqueza estava em sua vontade, considerando com grande prazer na salvação daquelas almas que antes eram perdidas. E certamente que seu pensamento não era vão, pois como já dissemos, logo que haviam conhecimento da linguagem, com pequeno movimento se tornavam cristãos.
« E eu, que esta história ajuntei em este volume, vi, na vila de Lagos, moços e moças, filhos e netos destes, nados em esta terra, tão bons e tão verdadeiros cristãos como se descendessem do começo da lei de Cristo, por geração, daqueles que primeiro foram bbaptizados.» Pág. 81
22. sobrevalorização da alma sobre o corpo como estratégia de justificação da escravatura Zurara Pág. 82-83
A «perdição » das almas é mais importante do que aprópria conservação da vida « corporal ». Na representação da religião, uma hierarquia é estabelecida entre o mouro do Norte ( de aquém-Bojador e Península) e o «novo» mouro árabo-berbere capturado ou resgatado nas costas sarianas, este isento da caracterização psicológica negativa tradicionalmente presente na imagem cristã-peninsular dos Muçulmanos, em particular a renitência na sua Fé. O mouro negro é ainda aquele que goza de um melhor posicionaento : a sua ligação à linhagem dos gentios assegura ua conversão mais fácil ao cristianismo. Pág. 83
23. capacidade de defesa dos guinéus Zurara
A capacidade de defesa demonstrada pelos guinéus, que conduz ao reconhecimento da sua superioridade nesse campo, reafirma-se como o traço mais marcante das representações: ao «artifício» do trabalho de curtir, da carpintaria e da cordoaria, junta-se o «artifício» das suas armas. Não obstando a uma certa lógica da economia da escrita, o cronista não deixa de registar, mesmo que de passagem, estes e outros sinais de descontinuidade com o viver bestial dos povos do deserto. É paradigmática a narrativa de uma incursão nas margens do rio Gâmbia, em 1446, com resultados desastrosos para os portugueses:Pág. 94
24. Nuno Tristão - morte Zurara Pág. 94
25. negro - primeira imagem associada a gentio
Neste primeiro retrato do africano, ser negro não acarreta uma desvalorização global do Homem, deetectável noutros níveis de representação; é antes saliente a conotação positiva da cor negra no horizonte religioso, pela associação à categoria de Gentio. O próprio tópico bíblico da maldição da geração de Cam ( ver o extracto do capítulo XVI - cuja interpretação medieval terá uma longevidade assinalável na legitimação da escravatura do Africano - não tem sequência no discurso para a globalidade dos negros : « homens muito fortes e artificiosos em sua defesa », os guinéus são caracterizados ais poderosos que os mouros do Sara, não se lhes submetendo. Pág. 95
26. Cadamosto - viagem de Pedro de Sintra e Diogo Goes Cadamosto
Desta nova fase de relacionamento com os africanos (a partir de 1448), repercutida nas representações, são testemunho presencial - entre outros - os relatos do veneziano Alvise da Cà da Mosto (vulgo Luís de Cadamosto) - que inclui uma narrativa das viagens de Pedro de Sintra - e de Diogo Gomes (35). pág. 96
27. Cadamosto descreve a chegada dos portugueses às terras do Senegal Cadamosto Pág. 96-97
28. negros - asseio Cadamosto
« As mulhers desta região são muito asseadas de corpo, pois se lavam completamentee, quatro ou cinco vezes ao dia; e, assim, também os homens, as no comer são porcalhões, e sem nenhuma educação.São pessoas muito simples e rudes nas coisas dee que não têm prática ( que são uitas ) ; mas naqueelas em que são práticos, sabem tanto como qualquer de nós. São homens de muitas palavras, e nunca acabam de falar ; e, são todos, sempre, mentirosos e enganadores, em extremo ; por outro lado, são caritativos, porque dão de comer e de beber a qualquer estrangeiro que, de passagem, chegue a sua casa por uma refeição ou por uma noite, sem qualquer remuneração» Pág. 100
29. mercado wolof- descrição Cadamosto Pág. 104
30. recepção de Cadamosto pelo rei Kaloor (1455) Cadamosto Pág. 105
31. ilha de Arguim Cadamosto Pág. 110
32. Mandingas Cadamosto Pág. 111
33. mercado Banhiiis Cadamosto
entre o rio Cacheu e Casamansa, Pág. 113
34. Mandingas - caracterização psicológica Duarte Pacheco Peerira
« E a gente desta terra toda fala a língua dos Mandingas, e são macometas que guardam a lei ou seita de Mafoma; são vestidos de camisas de algodão azuis, e ceroulas do mesmo pano. São gente de muitos vícios, têm as mulheres que querem, e a luxúria entre eles tolalmente é comum, são muito grandes ladrões, bêbados e mentirosos e ingratos; e todos os males que há-de ter um mau, eles o têm.. (69)Pág. 116
35. comparação entre negro e indio quanto às causas da cor da pele Duarte Pacheco Pereira
« Muitos antigos disseram que, se alguma terra estivessee oriente e ocidente com outra teerra, que ambasteriam o grau do Sol igualmente e tudo seria de uma qualidade. E quanto à igualeza do Sol é verdade ; mas como quer que a ajestade da grande natureza usa de grande variedadee, em sua ordem, no criar e gerar das cousas, achámos, por experiência, que os homens dest promontório de Lopo Gonçalves ( 75) e toda a outra terra de Guiné são assaz negros, e as outras gentes que jazem além mar oceano ao ocidente ( que tem o grau do Sol por igual, como os Negros da dita Guiné) são pardos quási brancos ; e estas são as gentes que habitam na terra do Bbrasil, de que no segundo capítulo do primeiro livro fizemos enção. E que algum queira dizer que estes são guardados da quentura do Sol, por nesta região haver muitos arvoredos que lhe fazem sombra, e que, por isso, são quási alvos, digo que se muitas árvores nesta terra há, que tantas e mais, tão espessas, há nesta parte oriental d' aquém do oceano da Guiné. E se disserem que estes d' aqu'em são negros porque andam nus e os outros são brancos porque andam vestidos, tanto privilégio deu a natureza a uns como a outros, porque todos andammm segundo nascera ; Assim que podemos dizer que o Solnão faz mais impressão a uns que a outros. E agora é para saber se todos são da geração de Adão. » Pág. 119-120
CAPÍTULO IV- - Quando o sagrado se manifesta - as brancas imagens- - 129- - Antônio Luís Ferronha- - Notas- - 148- - Bibliografia- - 150
36. africanos proveta ou turgimãos Zurara Pág. 129
37. recepção cordial nos primeiros contactos André Álvares d'Almada Pág. 130
38. chegada dos portugueses a M' pinda - tradição oral Bernardo de Gallo - missionário italiano Pág. 135
39. chegada dos portugueses a Luanda - vumbi Haveau - citado por Randles pág. 135
40. Fernão Veloso Damião de Góis - crónica de D. Manuel
A incompreensão da cultura do outro funcionou nos primeiros encontros de forma negativa. Tal aconteceu na Africa do Sul, como nos relara àlvaro Velho na sua Viagem de Vasco da Gama. Os povos africanos convidaram os portugueses para ua refição. Acto que naqueelas paragens significa bom acolhimento e amizade. Quando os nautas de Vasco da Gama que desembarcaram viram a comida, recusaram-na, o que originou um conflito.
« ... Com esta familiaridade um homem honrado por nome Fernão Veloso deseejou de m companhia de alguns deste negros, a que se já fizera familiar, ir ver suas habitações, e modo que tinhamm eem suas casas, e por isso houve de Vasco da Gama, os quais mostrarão nisso contentamento o levarem consigo, e de caminho tomarão um lobo matinho com o que o festejare, e como nem a Fernão Veloso, acabado o banquete começou a caminho para onde as naus estavam. Os negros que por ventura faziam conta de o trazerem consigo mais tempo para o festejarm a seeu modo vendo-o a tornar tão de súbito, se vieram com ele até à praia, mandando aos modos da aldeia que os seguissem com suas armas, que são dardos ee azagaias, guarnecidos nos cabos de ossos, e pontas de cornos de alimárias ... (26) Pág. 147
CAPìTULO V- - O encontro de Portugal com a Ásia no século XVI- - 155- - Rui Loureiro- - Notas- - 208
41.Chegada a Calecute - mouros de Tunes de lingua castelhana Àlvaro Velho PÁG. 155
42.
incapacidade de compreender o outro civilizacional -Vasco da Gama confunde igreja hindu com igreja cristã Àlvaro Velho Pág. 157
43. Piloto anónimo - armada Pedro Álvares Cabral - costumes do povo de Calecute Pág. 159
44. destruição da feitoria de Calecute Piloto Anónimo Pág. 162
45. encontro com o povo cingalês Gaspar Correia - Lendas da India
Chegada da frota portuguesa em 1506 comandada por D. Lourenço de Almeida filho de D. Frnacisco de Almeida vice-rei da India, Pág. 170
46. conquista de Goa Brás de Albuquerque Pág, 173
47. Uma crónica cingalesa da época, o Rajavali, relata a chegada da frota portuguesa a Ceilão. Cipolla, 1967
« Sucedeu que um navio procedeente de Portugal cheegou a Colombo, sendo o rei informado de que havia no porto uma raça de gentes brancas e formosas, que usam botas e chapéeus de ferro, e nunca se detem em parte alguma. Comem uma espéecie de pedra brnaca e bebbem sangue. Se se lhes oferece um peeixe, dão por ele dois ou três ridé de ouro. Possuem, além disso, canhões que produzem um ruído semlhante ao trovão. Uma bala disparada por qualquer deles, deepois de percorrer uma légua, é capaz de destruir um castelo de mármore.» (24) Pág. 172
48. casamentos mistos de Albuquerque Cartas de ALBUQUERQUE
Após a conquista de Goa, logo casou soldados seus com « algumas mouras, mulheres alvas e dee bom parecer» que tinham sido capturadas na cidade Pág. 175
49. casamentos mistos
por volta de 1524, como escrevia um nobre português de Goa eram « todos ou a mor parte casados com negras que levam à igreja com cabelo mmui untado» (37)
50. conhecimento do oriente Duarte Barbosa - livro das Cousas do Oriente -
« no seu discurso são raros os termos depreciativos, quer dirigidos aos gentios quer mesmo aos mouros » foi feitor de Cananor (32)
51. conhecimento do oriente Tomé Pires - Suma Oriental
foi boticário e feitor das drogas em Malaca Pág. 179
52. descrição dos habitantes do Pegu Tomé Pires
Tb Duarte Barbosa o fez Pág. 180
53. atitude euricêntrica Tomé Pires
A atitude dominante de Tomé Pires face ao outro é, clara e maioritariamente, eurocêntrica ; os valores do outro são frequenteemente desvalorizados, apenas pelo facto de serem difeerentes. De uma forma geenérica, o autor da Suma apenas eencara positivamente os traços do mundo do outro que encontram oaralelo na realidade europeia. Pág. 181
54. conhecimento do oriente Domingos Pais - a descrição de Bisnagar ou Narsinga Pág. 185
55. conhecimento do oriente Diogo Lopes de Sequeira
Lembrança de algumas cousas de Bengala falava persa e tv árabe Pág. 186
56. descrição dos habitantes da ilha de Socotorá
D. João de Castro, 1541 Pág. 188
57. descrição dos habitantes de Ceilão
carta do padre Manuel de Morais Senior em Colombo, 1552 descreve os habitantes de Ceilão Pág. 189
58. perseguição aos hindus e budistas
Com o estabelecimento dos jesuítas e da inquisição, e como reflexo do aumento do fanatismo reliogioso na Europa, o ódio voltou-se para os hindus e budistas na àsia portuguesa, como se manifestara antes contra os maometanos. Pág. 191
59. descrição dos habitantes de Java Fernão Lopes de Castanheda Pág. 195
60. descrição dos habitantes de Ormuz Damião de Góis
abertura ao outro por parte de Damião de Góis, Pág. 196
61. chegada dos portugueses ao Japão O Livro das espingardas, 1606
Crónica japonesa, escrita por um monge budista Pág. 197
62. descrição do Japão Jorge Álvares
inserto na colectânea de 1548 O Livro das cousas da India e do Japão - o trabalho foi feito a pedido do padre Francisco Xavier Pág. 199
63. descrição da China Frei Gaspar da Cruz, 1570
Tratado das cousas da China publicado em Évora Pág. 201
64. caracterização do povo chinês Gaspar da Cruz, 1570
Tratado das cousas da China publicado em Évora Pág.203
65. RRR - formas do encontro - religiosidade -hostilidade para com os muçulmanos, 61. intolerância progressiva para com os denominados gentios Pág. 206
66. brancura da pele
no que respeita à raça, é muito clara a valorização atribuída nos textos portugueses à brancura da pele. Os portugueses tinham sem dúvida preconceitos para com os povos de pele mais escura Pág. 207
CAPÍTULO VI - - O encontro inesperado
Parte I: As primeiras imagens do Brasil- - 215- - António Luís Ferronha- - Notas- - 252- - Bibliografia- - 256
67. funções do chefe indio R. Lowie
um fazedor de paz ; ser generoso com os seus bens ; tem que ser um bom orador Pág. 228
68. alteridade - Brasil
Numa tipologia das relações, entre portugueses e ameríndios, os suportes da problemática da alteralidade podem sintetizar-se da seguinte maneira :
1. através de um julgamento dee valor : o suporte axiológico. Para os portugueses, o outro é bom ou mmau, etc, ;
2. o contacto pressupóe uma aproximação e simultâneamente um distanciammento ( quando a permanência se metamorfoseeia na exploração das riquezas materiais ) : o suporte praxiológico ;
3. finalmente, quando esta presença implica conhecimento ( estuda-se a língua tupi, comparandio-a ao grego ou à biscainha para melhor evangelizar, conhecer os costumes ) ; ou ignora-se a identidade do outro ( quando se afirma que não têm religião, ou desconheceem a agricultura) : suporte epistémmico. Pág. 251
Parte II: A visão do índio brasileiro nos tratados portugueses de finais do século xvi- - 259- - Rui Loureiro- - Bibliografia- - 284
69. tratados sobre as gentes do Brasil - último quartel do século XVI
Pêro de Magalhâes de Gândaro - História da Provincia de Santa Cruz, 1576
Fernão Cardim - tratados, c. 1585
Francisco Soares Padre - coisas notáveis do Brasil, 1590
70. resumo - História da Provincia de Santa Cruz Pêro de Magalhâes de Gândaro
é composta por três núcleos informativos distintos : materiais sobre a geografia do Brasil, núcleo quantitativamente dominante, relação de acontecieentos da história recente da colónia e descrições de carácter antropológico sobre o indio brasileiro Pág. 260
71. assimilação linguística inversa - lingua tupi Fernão Cardim
«Em toda esta província há muitas e várias nações de diferentes línguas. Porem, uma é a principal, que compreende algumas dez nações de indios: estes vivem na costa do mar e em uma grande corda do sertão. Porém, são todos estes de uma só língua, ainda que em algumas palavras discrepam, e esta é a que entendem os Portugueses. É fácil e elegante e suave e copiosa: a dificuldade dela está em ter muitas composições (comparações). Porém, dos portugueses, quase todos os que vêm do Reino e estão cá de assento e comunicação com os indios a sabem em breve lempo, e os filhos dos portugueses cá nascidos a sabem melhor que os portugueses, assim homens como mulheres» (Do Princípio, PP. 194--195.)Pág. 265
72. lingua tupi Francisco Soares
«É a sua língua muito copiosa, e não há coisa a que não tenham posto nomc, como dc crvas, árvorcs, ctc. Sua composição discrepa pouco da latina e regras» (Coisas, (2) p. 150.) Pág. 269
CAPÍTULO VII- - A lconografia do encontro- - 289- - António Luís Ferronha- - Notas- - 303- - Bibliografia- - 305
73. negros em Portugal Münzer
Os africanos estavam espalhados por Porlugal e no dia-a-dia traziam para a Sociedade portugucsa da altura aspectos da sua cultura. Jerónimo Münzer (Itenerarium, 1484-94) refere quenuma visita a uma grande ferraria com muitos fornos, ondee se fazem âncoras colubrinas e outras coisas respeitantes ao mar, eram tantos os trabalhadorees negros junto dos fornos que nos poderíaos supor entre os ciclopes no centro do vulcão». Pág. 296
74. expansão para Africa - primeira fase
durante breves instantes o ocidente toma África em plena consideração, admite a difeerença de cor. Recordemos que àfrica neste período não foi penetrada, mas simplesmente contornada. Pág. 297
75. marfim lavrado Pina
Rui de Pina na sua Crónica a D. João II, com relação ao Congo (p. I59), afirma :
«O presente do dito rei do Congo para El-Rei, era dentes dee alifantes e coisas de marfim lavradas, e muitos panos de palma bem tecidos ee com finas cores.P+ag. 301
76. Mayaka - arte africana
Os Mayaka, principais vítimas desse tráfico na rcgião dc Angola, começam a identificar na sua artc o escravo, o aristocrata, o colono e o padre como figuras da história, ganhando cstas um humor crítico. E vão fixar o lado grotesco dos tipos sociais, em particular os chefes administrativos europeus e os seeus auxiliares africanos, etc. O mesmo acontecendo à cultura ambaquista de crítica e retrato social e à songo, também retratando o colono. Pág. 302
CONCLUSÃO- - 307- - António Luís Ferronha
Conclusão
77. História assocciada a migrações e colonizações
A História não é mais do que a História de sucessivas migrações e colonizações. O Mar foi para os portugueses essa grande estrada de comunicação / contaminação cultural, eso para os que, como Spengler, defendem que as culturas são incomunicáveis de comunicação/contaminação cultural, mesmo para os que, corno Spengler, defendem que as culturas são incomunicáveis.
Mas a História ultrapassou o Mar e obrigou os portugueses a abandonarem o lastro do seu passado, enquanto imposto aos outros.
Como Portugal, acabámos a nossa aventura neste puzzle que não tivemos a vcleidade dc completar. Viajámos com os navegadores de antanho, saltámos de olhar para olhar numa metamorfose biológica/ /civilizacional, esse grande arco-íris cultural do tempo do primeiro encontro. Tivemos os mesmos anseios, desilusões e abandonos no barco, mas também aqui e ali o gozo de espreitar no buraco da fechadura da História os personagens dessa época.
Convidámo-lo a viajar, a meditar, a criticar este caleidoscópio de ideias, para ver melhor, para construir o presente em função do futuro e não como uma secreção do passado, que deve ser a nossa grande lição.
78. educação - o que deve ser Valéry
O essencial da educação é a do «espírito»... é preparar o homem para ser o que ele nunca foi, como dizia Paul Valéry.
ÀS NOSSAS NOIVAS
Há 7 anos
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