via Sopas de Pedra de A. M. Galopim de Carvalho em 30/11/08
. Foto de Philippe Bourseiller
«DN» de 23 de Novembro de 2008
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PLATÃO, O FILÓSOFO GREGO que viveu entre 429 e 347 a.C., admitia a existência de um rio subterrâneo de lama e lava fervente – a que chamou Pirofiláceo - que serpenteava em profundidade, alimentando as bocas vulcânicas. O geógrafo grego Estrabão (63 a. C.-24 d.C.) relacionava a elevação das montanhas com a existência de um fogo central que alimentava os vulcões e, depois de observar o Etna, escrevia que era o vento que lhes ateava o fogo, em consonância com Aristóteles que tirara essa conclusão, três séculos antes, ao descrever uma erupção nas ilhas Lipari (Itália). No séc. XVIII, a escola alemã de Freiberga, defendia que os vulcões expeliam rocha fundida pelo calor da combustão de carvão existente no subsolo, uma explicação que era apoiada pelo conhecimento que já então se tinha da existência de importantes minas deste combustível fóssil. Assim, os vulcões eram vistos não só como as "bocas do inferno", segundo a crença religiosa de então, mas também como respiradouros por onde entrava o ar, a fim de assegurar a combustão. Só mais tarde, em 1796, com o dominicano Patruzzi, se consolidou a ideia de um fogo interior, não de combustão, mas sim de uma massa fundida, incandescente, à semelhança da lava ou do ferro derretido. Para a ciência moderna, os vulcões são entendidos como aparelhos de comunicação de câmaras magmáticas profundas com o exterior. As ilhas vulcânicas não são mais do que vulcões submarinos que cresceram a ponto de emergir.
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À semelhança do Fuji, no Japão, o vulcão do Pico, nos Açores, um pronunciado relevo cónico, com 3000 metros de altura, é um edifício vulcânico, em que as escoadas de lava alternaram com cinzas e outros materiais expelidos durante episódios intercalares de actividade explosiva. O vulcanismo que atingiu a região de Lisboa, há 72 Ma, foi deste tipo. Dele resultou uma alternância de camadas de basalto com outras de tufos ainda observáveis na cidade e arredores. Um outro tipo de vulcões caracteriza-se pelo relevo igualmente cónico mas muito pouco acentuado, edificado por sucessivas escoadas de lava muito fluidas. Nestes, a rocha fundida e incandescente transborda da cratera central, ou brota de outras saídas pontuais, e escoa-se em torrentes e rios de lava com vários quilómetros de extensão. São deste tipo os vulcões das ilhas havaianas. Ocasionalmente, a parte central de um vulcão afunda-se no interior da respectiva câmara magmática, uma vez esta esgotada. Formam-se, assim, as caldeiras de colapso, que podem, ou não, encher-se de água das chuvas. São exemplos destas estruturas de abatimento, entre outras, as caldeiras das Sete Cidades, do Fogo e das Furnas, na Ilha de S. Miguel, Açores
PLATÃO, O FILÓSOFO GREGO que viveu entre 429 e 347 a.C., admitia a existência de um rio subterrâneo de lama e lava fervente – a que chamou Pirofiláceo - que serpenteava em profundidade, alimentando as bocas vulcânicas. O geógrafo grego Estrabão (63 a. C.-24 d.C.) relacionava a elevação das montanhas com a existência de um fogo central que alimentava os vulcões e, depois de observar o Etna, escrevia que era o vento que lhes ateava o fogo, em consonância com Aristóteles que tirara essa conclusão, três séculos antes, ao descrever uma erupção nas ilhas Lipari (Itália). No séc. XVIII, a escola alemã de Freiberga, defendia que os vulcões expeliam rocha fundida pelo calor da combustão de carvão existente no subsolo, uma explicação que era apoiada pelo conhecimento que já então se tinha da existência de importantes minas deste combustível fóssil. Assim, os vulcões eram vistos não só como as "bocas do inferno", segundo a crença religiosa de então, mas também como respiradouros por onde entrava o ar, a fim de assegurar a combustão. Só mais tarde, em 1796, com o dominicano Patruzzi, se consolidou a ideia de um fogo interior, não de combustão, mas sim de uma massa fundida, incandescente, à semelhança da lava ou do ferro derretido. Para a ciência moderna, os vulcões são entendidos como aparelhos de comunicação de câmaras magmáticas profundas com o exterior. As ilhas vulcânicas não são mais do que vulcões submarinos que cresceram a ponto de emergir.
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À semelhança do Fuji, no Japão, o vulcão do Pico, nos Açores, um pronunciado relevo cónico, com 3000 metros de altura, é um edifício vulcânico, em que as escoadas de lava alternaram com cinzas e outros materiais expelidos durante episódios intercalares de actividade explosiva. O vulcanismo que atingiu a região de Lisboa, há 72 Ma, foi deste tipo. Dele resultou uma alternância de camadas de basalto com outras de tufos ainda observáveis na cidade e arredores. Um outro tipo de vulcões caracteriza-se pelo relevo igualmente cónico mas muito pouco acentuado, edificado por sucessivas escoadas de lava muito fluidas. Nestes, a rocha fundida e incandescente transborda da cratera central, ou brota de outras saídas pontuais, e escoa-se em torrentes e rios de lava com vários quilómetros de extensão. São deste tipo os vulcões das ilhas havaianas. Ocasionalmente, a parte central de um vulcão afunda-se no interior da respectiva câmara magmática, uma vez esta esgotada. Formam-se, assim, as caldeiras de colapso, que podem, ou não, encher-se de água das chuvas. São exemplos destas estruturas de abatimento, entre outras, as caldeiras das Sete Cidades, do Fogo e das Furnas, na Ilha de S. Miguel, Açores
«DN» de 23 de Novembro de 2008
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