via Sopas de Pedra de A. M. Galopim de Carvalho em 12/07/09
GOSTAR DE SABER é uma das chaves que abrem as portas ao binómio ensino-aprendizagem e, portanto, ao sucesso escolar e à valorização do indivíduo. A outra, não menos importante, é a consciência do dever cívico de estudar. Compete aos pais, em casa, e aos professores, na escola, desenvolver uma e outra.
Terminada a licenciatura em Geologia, em 1961, e sem qualquer preparação no domínio das ciências da educação, comecei imediatamente a leccionar, primeiro como assistente em aulas práticas e, só mais tarde, após o doutoramento, como regente de aulas teóricas. Os tempos eram outros e a tarimba do docente universitário desse tempo era passar pela maioria, senão todas, as disciplinas do Departamento. Quer em trabalhos práticos no laboratório e no campo, quer em auditórios, por vezes com mais de uma centena de alunos, os docentes dos anos 60 e 70 do século que virou eram conduzidos a uma visão eclética da área científica da respectiva licenciatura. Tal procura de ecletismo, consentida por uma então muito menor especialização do saber científico, estava bem patente nas modalidades de doutoramento e de agregação de então, marcadas por provas incidindo sobre a totalidade das disciplinas dessa área científica, em complemento das necessárias dissertações. O docente da minha geração criava a sua própria pedagogia, determinava-lhe os conteúdos, regia-a a seu modo e examinava os próprios alunos no final do ano ou do semestre.
Por razões diversas, umas bem conhecidas, outras não tanto assim, é frequente, numa qualquer turma, haver um, dois ou mais estudantes menos motivados, visivelmente desinteressados da matéria em estudo. Face a estes alunos, logo identificados nas primeiras aulas, adoptei uma estratégia que quase sempre resultou. Dava-lhes mais atenção, procurando estabelecer com eles um relacionamento de simpatia que lhes tornava agradável o convívio comigo e, consequentemente, a frequência às aulas. Colocava-lhes problemas muito simples, ajudando-os a resolvê-los sem que dessem conta dessa ajuda. Posto isto, elogiava os seus progressos e dava-lhes tratamento que lhes despertava auto-estima, os estimulava a gostar de saber e, por essa via, a gostar de estudar. Para as dúvidas e para recuperarem parte dos atrasos, contavam comigo sem reservas nem receios de revelar dificuldades. Estabelecida uma tal relação de simpatia e confiança, era fácil abordar temas que fossem dar à cidadania e ao dever cívico do estudante que é, em particular, estudar.
Este que foi o meu modo de conviver com os alunos, alegre, cordial, transparente e responsável, tinha como consequência a presença nas aulas da grande maioria dos alunos, do começo ao fim do curso. Uma grande aproximação entre nós intensificava-se nas saídas ao campo e tinha efeitos benéficos até durante os exames, em especial, nas provas orais. Nestas o examinando sentia-se na presença de quem lhe transmitia conhecimento, mas também de um amigo, e não na de um qualquer frio e distante examinador.
Terminada a licenciatura em Geologia, em 1961, e sem qualquer preparação no domínio das ciências da educação, comecei imediatamente a leccionar, primeiro como assistente em aulas práticas e, só mais tarde, após o doutoramento, como regente de aulas teóricas. Os tempos eram outros e a tarimba do docente universitário desse tempo era passar pela maioria, senão todas, as disciplinas do Departamento. Quer em trabalhos práticos no laboratório e no campo, quer em auditórios, por vezes com mais de uma centena de alunos, os docentes dos anos 60 e 70 do século que virou eram conduzidos a uma visão eclética da área científica da respectiva licenciatura. Tal procura de ecletismo, consentida por uma então muito menor especialização do saber científico, estava bem patente nas modalidades de doutoramento e de agregação de então, marcadas por provas incidindo sobre a totalidade das disciplinas dessa área científica, em complemento das necessárias dissertações. O docente da minha geração criava a sua própria pedagogia, determinava-lhe os conteúdos, regia-a a seu modo e examinava os próprios alunos no final do ano ou do semestre.
Por razões diversas, umas bem conhecidas, outras não tanto assim, é frequente, numa qualquer turma, haver um, dois ou mais estudantes menos motivados, visivelmente desinteressados da matéria em estudo. Face a estes alunos, logo identificados nas primeiras aulas, adoptei uma estratégia que quase sempre resultou. Dava-lhes mais atenção, procurando estabelecer com eles um relacionamento de simpatia que lhes tornava agradável o convívio comigo e, consequentemente, a frequência às aulas. Colocava-lhes problemas muito simples, ajudando-os a resolvê-los sem que dessem conta dessa ajuda. Posto isto, elogiava os seus progressos e dava-lhes tratamento que lhes despertava auto-estima, os estimulava a gostar de saber e, por essa via, a gostar de estudar. Para as dúvidas e para recuperarem parte dos atrasos, contavam comigo sem reservas nem receios de revelar dificuldades. Estabelecida uma tal relação de simpatia e confiança, era fácil abordar temas que fossem dar à cidadania e ao dever cívico do estudante que é, em particular, estudar.
Este que foi o meu modo de conviver com os alunos, alegre, cordial, transparente e responsável, tinha como consequência a presença nas aulas da grande maioria dos alunos, do começo ao fim do curso. Uma grande aproximação entre nós intensificava-se nas saídas ao campo e tinha efeitos benéficos até durante os exames, em especial, nas provas orais. Nestas o examinando sentia-se na presença de quem lhe transmitia conhecimento, mas também de um amigo, e não na de um qualquer frio e distante examinador.
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