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via Guiné, ir e voltar de Gil em 24/04/08
Tratemos agora da segunda parte deste capítulo: a referente à "Oposição ao domínio da Civilização Europeia".
No final do século XIX, período da maior actividade dos portugueses no interior da colónia, foi necessário pôr cobro a determinados abusos praticados por soninkés, que insistentemente recusavam a intromissão no seu meio.
Assim, no Oio, em Janeiro de 1891, um corpo de Caçadores 1 destrói a povoação de Némanacó e mais seis. Em 1897, em Fevereiro, as forças militares, já então com destacamento permanente no Oio, infringiram um revés aos soninkés, depois de vários e encarniçados combates.
Em 1902 os soninkés obrigam a novas operações militares.
Em 1908, no Cuór, Infali Soncó, coadjuvado por seu sobrinho Boncó Sanha (régulo de Badora, mercê dos portugueses) subleva-se, tendo sido necessário desencadear várias operações militares para o submeter.
Mesmo perante os constantes fracassos, os soninkés não desistem de revoltas contra a ocupação e, por isso, em 1910, a seguir a uma outra tentativa, os portugueses tiveram necessidade de lhes aplicar um correctivo, muito embora, mais tarde, se verificasse a insuficiência deste, em face das atitudes assumidas.
Vem o ano de 1912 e com ele Teixeira Pinto, que imediatamente dirige a sua atenção para o Oio. Interna-se nesta região disfarçado de inspector comercial estudando as condições estratégicas e de defesa dos soninkés.
Conhecidas as povoações melhor defendidas e as condições económicas dos indígenas, iniciou a marcha sobre os soninkés em 14 de Maio de 1913, batendo as povoações de Cambajú, N'aron e Dandú (fim do mundo, em Mandinga), da área de Bissorã, seguiu pelo Oio dentro até Gendú e toda a margem esquerda do rio Farim.
Rapidamente batido o Oio, pois a 27 de Junho daquele ano foi dissolvida a coluna de operações, Teixeira Pinto dirigiu a sua actividade para outros pontos de rebelião.
Com a submissão daquele núcleo, o Oio, operou-se, imediatamente, uma transformação do espírito do indígena. Compenetrou-se do domínio português, uma vez verificada a insistência na ocupação dos territórios, entrou pelo caminho do desenvolvimento agrícola, mostrando-se, posteriormente, pacífico.
A ocupação do Oio, devido às medidas administrativas adoptadas, não satisfez inteiramente as necessidades da sua população. Antes do território ter sido batido pelos portugueses, já os indígenas tinham a sua organização política restringida a chefes de tabanca, cada um destes com limitada ingerência na vida dos habitantes. Os soninkés haviam conhecido em "Turu-Ban" até onde podia chegar a nefasta actuação dos grandes chefes de território e, assim, trataram de se integrar dentro daquelas modalidades, pondo-se a coberto de novos predomínios, mesmo dos da sua raça.
Cada aglomerado de população (tabanca) administrava independentemente os seus actos por intermédio de agente (talvez mais como poder moderador), sem atritos nem alterações que prejudicassem a sua vida.
O Governo português resolveu, a título de recompensa pelos serviços prestados, colocar à frente do regulado do Oio (então e propositadamente criado) o tão conhecido Abdul Indjai, djôlofo nascido na Gâmbia, de tribo diferente da que ia administrar.
Abdul, dotado de espírito aventureiro, foi-se insinuando, durante as operações militares em que tomou parte, no ânimo de Teixeira Pinto a ponto deste oficial promover junto do Governo a concessão de algumas prerrogativas, entre as quais a respectiva investidura como régulo do Oio.
Para tal lugar havia deitado as vistas em 1913, isto a avaliar pelo que ele mesmo chegou a afirmar.
Esperto e com fama de valentão, pouco tempo depois de assumir a direcção daquele povo, instituiu o grupo de célebres "ejauras" (nome dado à quadrilha de suruás, que compunha a sua corte) para poder pôr em prática o preconcebido plano de assassinatos e roubos, todos habilmente orientados do seu quartel-general em Mansabá.
Quatro anos passados à frente desse formidável bando de criminosos, bem armado e municiado, julgou-se com força para fazer imposições ao Governo que ali o colocara e que, num dado momento, em vista de tantas solicitações da autoridade administrativa, se preparou para pôr cobro aos desmandos.
O seu carácter de bandido e ladrão astucioso estava descoberto e, portanto, só restava jogar com o amo a ultima cartada: mostrar-se armado com grossos efectivos que acudiam do Senegal ao Oio - fonte inesgotável de gado e dinheiro - exibidos grotescamente em Farim, e fazer exigências atentatórias da autoridade colonial, pondo em causa os direitos de soberania.
Nada foi aceite e as tropas portuguesas marcharam para o Oio em socorro de uma coluna bastante dizimada e empobrecida por Abdul.
A breve trecho, a Calábria africana, o Oio, sentiu o peso das operações militares iniciadas em Julho de 1919 e terminadas com a prisão de Abdul e sequazes, levada a cabo a 4 de Agosto no meio da satisfação dos habitantes.
Nada justificava a atitude de Abdul. Nem aquelas hipotéticas "razões subterrâneas e inconfessáveis" que alguém pretendeu apresentar como causa de tão graves delitos.
Depois de tanto crime, tanta luta de autoridades administrativas e militares para os evitar, e tanta fanfarronada de Abdul que dizia "que desta vez morreria mas não se entregava", tudo acabou por uma prisão vulgar, miserável até, sem um gesto de revolta íntima contra tão ridícula aventura.
E com Abdul acabou a luta contra os portugueses.
No final do século XIX, período da maior actividade dos portugueses no interior da colónia, foi necessário pôr cobro a determinados abusos praticados por soninkés, que insistentemente recusavam a intromissão no seu meio.
Assim, no Oio, em Janeiro de 1891, um corpo de Caçadores 1 destrói a povoação de Némanacó e mais seis. Em 1897, em Fevereiro, as forças militares, já então com destacamento permanente no Oio, infringiram um revés aos soninkés, depois de vários e encarniçados combates.
Em 1902 os soninkés obrigam a novas operações militares.
Em 1908, no Cuór, Infali Soncó, coadjuvado por seu sobrinho Boncó Sanha (régulo de Badora, mercê dos portugueses) subleva-se, tendo sido necessário desencadear várias operações militares para o submeter.
Mesmo perante os constantes fracassos, os soninkés não desistem de revoltas contra a ocupação e, por isso, em 1910, a seguir a uma outra tentativa, os portugueses tiveram necessidade de lhes aplicar um correctivo, muito embora, mais tarde, se verificasse a insuficiência deste, em face das atitudes assumidas.
Vem o ano de 1912 e com ele Teixeira Pinto, que imediatamente dirige a sua atenção para o Oio. Interna-se nesta região disfarçado de inspector comercial estudando as condições estratégicas e de defesa dos soninkés.
Conhecidas as povoações melhor defendidas e as condições económicas dos indígenas, iniciou a marcha sobre os soninkés em 14 de Maio de 1913, batendo as povoações de Cambajú, N'aron e Dandú (fim do mundo, em Mandinga), da área de Bissorã, seguiu pelo Oio dentro até Gendú e toda a margem esquerda do rio Farim.
Rapidamente batido o Oio, pois a 27 de Junho daquele ano foi dissolvida a coluna de operações, Teixeira Pinto dirigiu a sua actividade para outros pontos de rebelião.
Com a submissão daquele núcleo, o Oio, operou-se, imediatamente, uma transformação do espírito do indígena. Compenetrou-se do domínio português, uma vez verificada a insistência na ocupação dos territórios, entrou pelo caminho do desenvolvimento agrícola, mostrando-se, posteriormente, pacífico.
A ocupação do Oio, devido às medidas administrativas adoptadas, não satisfez inteiramente as necessidades da sua população. Antes do território ter sido batido pelos portugueses, já os indígenas tinham a sua organização política restringida a chefes de tabanca, cada um destes com limitada ingerência na vida dos habitantes. Os soninkés haviam conhecido em "Turu-Ban" até onde podia chegar a nefasta actuação dos grandes chefes de território e, assim, trataram de se integrar dentro daquelas modalidades, pondo-se a coberto de novos predomínios, mesmo dos da sua raça.
Cada aglomerado de população (tabanca) administrava independentemente os seus actos por intermédio de agente (talvez mais como poder moderador), sem atritos nem alterações que prejudicassem a sua vida.
O Governo português resolveu, a título de recompensa pelos serviços prestados, colocar à frente do regulado do Oio (então e propositadamente criado) o tão conhecido Abdul Indjai, djôlofo nascido na Gâmbia, de tribo diferente da que ia administrar.
Abdul, dotado de espírito aventureiro, foi-se insinuando, durante as operações militares em que tomou parte, no ânimo de Teixeira Pinto a ponto deste oficial promover junto do Governo a concessão de algumas prerrogativas, entre as quais a respectiva investidura como régulo do Oio.
Para tal lugar havia deitado as vistas em 1913, isto a avaliar pelo que ele mesmo chegou a afirmar.
Esperto e com fama de valentão, pouco tempo depois de assumir a direcção daquele povo, instituiu o grupo de célebres "ejauras" (nome dado à quadrilha de suruás, que compunha a sua corte) para poder pôr em prática o preconcebido plano de assassinatos e roubos, todos habilmente orientados do seu quartel-general em Mansabá.
Quatro anos passados à frente desse formidável bando de criminosos, bem armado e municiado, julgou-se com força para fazer imposições ao Governo que ali o colocara e que, num dado momento, em vista de tantas solicitações da autoridade administrativa, se preparou para pôr cobro aos desmandos.
O seu carácter de bandido e ladrão astucioso estava descoberto e, portanto, só restava jogar com o amo a ultima cartada: mostrar-se armado com grossos efectivos que acudiam do Senegal ao Oio - fonte inesgotável de gado e dinheiro - exibidos grotescamente em Farim, e fazer exigências atentatórias da autoridade colonial, pondo em causa os direitos de soberania.
Nada foi aceite e as tropas portuguesas marcharam para o Oio em socorro de uma coluna bastante dizimada e empobrecida por Abdul.
A breve trecho, a Calábria africana, o Oio, sentiu o peso das operações militares iniciadas em Julho de 1919 e terminadas com a prisão de Abdul e sequazes, levada a cabo a 4 de Agosto no meio da satisfação dos habitantes.
Nada justificava a atitude de Abdul. Nem aquelas hipotéticas "razões subterrâneas e inconfessáveis" que alguém pretendeu apresentar como causa de tão graves delitos.
Depois de tanto crime, tanta luta de autoridades administrativas e militares para os evitar, e tanta fanfarronada de Abdul que dizia "que desta vez morreria mas não se entregava", tudo acabou por uma prisão vulgar, miserável até, sem um gesto de revolta íntima contra tão ridícula aventura.
E com Abdul acabou a luta contra os portugueses.
* De Henry Labouret "Terre et La Vie".
"Geografia Antiga e Moderna", Botelho (Ed. 1878)
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Nota do editor: adaptação do texto da responsabilidade do editor.
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