terça-feira, 3 de março de 2009

E Darwin tinha razão

E Darwin tinha razão

via Sopas de Pedra de A. M. Galopim de Carvalho em 27/02/09
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A HISTÓRIA DO HOMEM, como elemento da biodiversidade, remonta aos primórdios da Terra. Mas a sua história mais recente, como hominídeo, começa há pouco mais de meia dúzia de milhões de anos, quando os seus primitivos antepassados se separaram de um tronco comum que partilhámos, entre outros, com os gorilas, orangotangos e chimpanzés. Nas últimas décadas, a paleontologia humana deu passos importantes à compreensão desta caminhada. Vários novos fósseis foram descobertos, nomeadamente em Atapuerca (Espanha), que vieram completar, mas também tornar mais complexa a cadeia ainda muito fragmentada da evolução humana.
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Quando, no século XIX, Darwin referiu esta ascendência, muitas foram as vozes, nomeadamente as da Igreja, viradas contra uma tal heresia. Hoje, o aprofundamento do estudo do ADN e dos genomas dão-lhe razão. No estado actual da ciência que se ocupa desta temática, gorilas, orangotangos e chimpanzés são, em pé de igualdade connosco, considerados hominídeos. A evolução da humanidade já não é vista como uma linha evolutiva única, linear e progressiva, mas como uma ramificação de espécies, em que ainda é difícil saber, exactamente, quais os ancestrais directos de Homo sapiens.
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O mais antigo hominídeo de que temos conhecimento surgiu no continente africano, na região do Tchade, há cerca de 7 milhões de anos, no Miocénico superior, tendo-lhe sido dado o nome de Sahelanthropus. Mais conhecido do grande público, o Australopithecus chegou bem depois. Os seus vestígios datam de há 4,4 milhões de anos. Era um indivíduo pequeno, com pouco mais de um metro de altura, e caminhava erecto como provam as suas pegadas deixadas em cinzas vulcânicas, hoje endurecidas pelo tempo. Como utensílios servia-se de paus e pedras à semelhança dos seus "primos" antropóides.
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Muito mais tarde, há uns 2,5 a 2 milhões de anos, surgiu o género Homo com habilidade para produzir utensílios de pedra, com os quais facilitava as suas tarefas de sobrevivência, capacidade que o distancia do Australopithecus. O volume do cérebro era maior e os maxilares alargaram-se, preparando-lhe as condições necessárias à fala. O seu nome genérico reflecte esta nova condição. As primeiras espécies de Homo viveram igualmente em África, de onde passaram à Ásia e à Europa.
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Um novo Homem dotado de maiores capacidades, o Homo sapiens neanderthalensis, ou Homem de Neanderthal, fez a sua aparição há apenas cerca de 200 mil anos, tendo-se extinguido há uns 30 mil. Foi nesta altura que um outro Homo aqui nos chegou, com uma ainda maior capacidade cerebral. Chamou-se Homo sapiens sapiens. Este nosso mais próximo antepassado trouxe com ele maior tecnologia e uma cultura mais sofisticada. Para além dos muitos utensílios indicadores do seu modo de vida, na caça, na pesca, no vestuário, ficaram-nos as belas pinturas rupestres que documentam aspectos importantes do seu dia-a-dia e retratam os animais com que partilhou o seu espaço.

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