via Sopas de Pedra de A. M. Galopim de Carvalho em 19/04/09
-CONTRA A VISÃO DA IGREJA DE ENTÃO, que impunha para a idade da Terra uma cifra de escassos milhares de anos, o escocês James Hutton (1726-1797), considerado o pai da moderna Geologia, afirmava que os fenómenos geológicos tinham durações de muitos e muitos milhões de anos. Charles Lyell (1797-1875), continuador do pensamento de Hutton, advogava a necessidade de um tempo geológico suficientemente longo que permitisse explicar a grandiosidade dos efeitos da erosão e as consideráveis espessuras de sedimentos acumulados, na ordem de milhares de metros.
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No século seguinte desabrochava uma nova concepção da vida, para a qual a evolução biológica exigia muitíssimo tempo, constituindo um outro sério desafio aos ensinamentos da Igreja. Charles Darwin (1809-1882) encontrava nesta visão dilatada do tempo o suporte necessário às suas ideias sobre a evolução das espécies. Com base em estimativas várias, este ilustre naturalista chegou a valores na ordem das centenas de milhões de anos para o tempo geológico.
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Entretanto, o físico inglês, William Thomson (1824-1907), mais conhecido por Lord Kelvin, debruçava-se sobre a relação entre a temperatura interna do planeta, que supunha em arrefecimento, e a sua idade. Usou neste propósito os seus vastos conhecimentos de termodinâmica e o cálculo matemático, tendo estimado entre 20 a 98 milhões de anos o nascimento do nosso planeta, acrescentando que ele se teria tornado habitável há 20 a 40 milhões de anos.
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Confrontada entre estes números, saídos da física por via matemática, e os outros, estimados por naturalistas a partir de valores supostos de velocidade de erosão ou de sedimentação, a comunidade científica da época não hesitou. Os números de Kelvin, tidos por mais credíveis, arrasaram a vastidão do tempo pressuposta na concepção de Darwin, fazendo baixar drasticamente a idade da Terra, Aparentemente irrefutáveis, as premissas físicas utilizadas por Kelvin e a vénia pela matemática conduziram a valores que geólogos e biólogos não podiam aceitar.
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Com a descoberta da radioactividade, em 1896, passou a saber-se que os minerais com elementos radioactivos fornecem calor às rochas que os contêm. O calor da crosta terrestre não é apenas um calor residual da fornalha primitiva. É também o resultado da radioactividade associada às rochas. Foi o fim do arrefecimento global que serviu de fundamento aos cálculos do físico . Os valores para a idade da Terra (4570 milhões de anos), hoje aceites pela comunidade científica, dão plena razão ao ilustre naturalista, bem como ao igualmente ilustre geólogo James Hutton.
«DN» de 11 de Abril de 2009
No século seguinte desabrochava uma nova concepção da vida, para a qual a evolução biológica exigia muitíssimo tempo, constituindo um outro sério desafio aos ensinamentos da Igreja. Charles Darwin (1809-1882) encontrava nesta visão dilatada do tempo o suporte necessário às suas ideias sobre a evolução das espécies. Com base em estimativas várias, este ilustre naturalista chegou a valores na ordem das centenas de milhões de anos para o tempo geológico.
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Entretanto, o físico inglês, William Thomson (1824-1907), mais conhecido por Lord Kelvin, debruçava-se sobre a relação entre a temperatura interna do planeta, que supunha em arrefecimento, e a sua idade. Usou neste propósito os seus vastos conhecimentos de termodinâmica e o cálculo matemático, tendo estimado entre 20 a 98 milhões de anos o nascimento do nosso planeta, acrescentando que ele se teria tornado habitável há 20 a 40 milhões de anos.
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Confrontada entre estes números, saídos da física por via matemática, e os outros, estimados por naturalistas a partir de valores supostos de velocidade de erosão ou de sedimentação, a comunidade científica da época não hesitou. Os números de Kelvin, tidos por mais credíveis, arrasaram a vastidão do tempo pressuposta na concepção de Darwin, fazendo baixar drasticamente a idade da Terra, Aparentemente irrefutáveis, as premissas físicas utilizadas por Kelvin e a vénia pela matemática conduziram a valores que geólogos e biólogos não podiam aceitar.
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Com a descoberta da radioactividade, em 1896, passou a saber-se que os minerais com elementos radioactivos fornecem calor às rochas que os contêm. O calor da crosta terrestre não é apenas um calor residual da fornalha primitiva. É também o resultado da radioactividade associada às rochas. Foi o fim do arrefecimento global que serviu de fundamento aos cálculos do físico . Os valores para a idade da Terra (4570 milhões de anos), hoje aceites pela comunidade científica, dão plena razão ao ilustre naturalista, bem como ao igualmente ilustre geólogo James Hutton.
«DN» de 11 de Abril de 2009
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