via Sopas de Pedra de A. M. Galopim de Carvalho em 12/04/09
-JÁ LÁ VAI O TÃO AFAMADO tempo das termas e das águas medicinais, um privilégio de uns tantos, nascido em finais do século XIX. Preteridas progressivamente pela imensa, poderosa e democratizada oferta turística associada ao litoral e, sobretudo, às praias, as que ainda existem são relíquias da arquitectura e exploração hoteleiras do primeiro quartel do século XX. A par do seu uso, nos próprios locais, com instalações adequadas, algumas dessas águas passaram a ser comercializadas engarrafadas. Captadas, entre outras, ao longo de uma importante falha geológica, a mesma rotura da crosta terrestre que determinou a extensa depressão que se estende, para norte da Régua, até Verin (Ourense), já em Espanha, passando pela bela e fértil veiga de Chaves. Estas águas, ao circularem no granito, recebem dele, por contaminação, uma certa dose de radioactividade a níveis que, parece estar provado, não têm efeitos indesejáveis sobre a saúde de quem a bebe.
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Recuando à passagem do século XIX ao XX, com a descoberta da radioactividade, por Becquerel, em 1897, e do rádio, pelo casal Marie e Pierre Curie, em 1902, vamos assistir à utilização deste elemento químico radioactivo, associado ao urânio (elemento que, nessa altura, era considerado um material sem qualquer utilidade) na nossa mina da Urgeiriça (Nelas), numa então novíssima terapêutica, a designada radioterapia, ainda hoje aplicada em oncologia, já não com o dito elemento rádio, mas com substitutos mais eficazes e de manipulação menos perigosa, como é, por exemplo, o cobalto radioactivo. Radioactividade era, assim, nesses anos, o dernier cri em medicina. Como tal, a palavra tinha uma conotação altamente positiva, tendo-se tornado comercialmente interessante. Neste enquadramento, assistiu-se à valorização deste processo natural na publicidade destas águas que, além de carbonatadas sódicas e carbogasosas, com base em análises disponibilizadas pela então Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos, passaram a estar rotuladas, de "fortemente radioactivas".
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Nessa época ninguém imaginava o que viriam a ser, anos depois, os trágicos acontecimentos de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, com mais de 200 000 mortes de civis. Com esta tragédia a radioactividade passou, de imediato, a estar associada à bomba atómica, uma associação sempre renovada com os lamentáveis acidentes em centrais nucleares como foram os de Three Miles Island, na Pensilvânia, em 1979, e de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Radioactividade tornou-se, assim, palavra proscrita e, nessa medida, a sua alusão nos rótulos e na publicidade destas águas desapareceu como por encanto.
Recuando à passagem do século XIX ao XX, com a descoberta da radioactividade, por Becquerel, em 1897, e do rádio, pelo casal Marie e Pierre Curie, em 1902, vamos assistir à utilização deste elemento químico radioactivo, associado ao urânio (elemento que, nessa altura, era considerado um material sem qualquer utilidade) na nossa mina da Urgeiriça (Nelas), numa então novíssima terapêutica, a designada radioterapia, ainda hoje aplicada em oncologia, já não com o dito elemento rádio, mas com substitutos mais eficazes e de manipulação menos perigosa, como é, por exemplo, o cobalto radioactivo. Radioactividade era, assim, nesses anos, o dernier cri em medicina. Como tal, a palavra tinha uma conotação altamente positiva, tendo-se tornado comercialmente interessante. Neste enquadramento, assistiu-se à valorização deste processo natural na publicidade destas águas que, além de carbonatadas sódicas e carbogasosas, com base em análises disponibilizadas pela então Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos, passaram a estar rotuladas, de "fortemente radioactivas".
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Nessa época ninguém imaginava o que viriam a ser, anos depois, os trágicos acontecimentos de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, com mais de 200 000 mortes de civis. Com esta tragédia a radioactividade passou, de imediato, a estar associada à bomba atómica, uma associação sempre renovada com os lamentáveis acidentes em centrais nucleares como foram os de Three Miles Island, na Pensilvânia, em 1979, e de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Radioactividade tornou-se, assim, palavra proscrita e, nessa medida, a sua alusão nos rótulos e na publicidade destas águas desapareceu como por encanto.
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