via GENTE DO MEU TEMPO. de princesadonamibe em 26/11/08
Grupo de jovens estudantes, nos finais da década de 60 divertindo-se numa tarde de domingo nas Hortas. Entre eles, reconheço, à esq. Cidália Calão (1ª à esq.) e Miguel (Miguelito, o 4º à esq.. falecido ainda jovem), irmão de Fernanda Barata (Porto Alexandre/Moçâmedes).
Como referi atrás, um passeio às Hortas de Moçâmedes era sempre uma diversão. Dançava-se, cantava-se , tocava-se, conversava-se, namorava-se, faziam-se piqueniques, almoçava-se, comiam-se saborosos frutos acabadinhos de retirar das árvores, mangas, goiabas, uvas, etc. etc. Não reconheço esta Horta, se era a do Torres, se a do Benfica ou a do Quipola, ambas do Venâncio Guimarães ou de outro proprietário, nem se era na margem de cá ou ma margem de lá do rio Bero. Ainda que na década de 60 já não fossem tão religiosamente cumpridos como eram dantes, estes passeios ainda se faziam de quando em quando, talvez por gente mais nova como é o caso deste grupo de estudantes que vemos aqui.
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Mas falar das «Hortas» de Moçâmedes é muito mais do que falar destes usos e costumes tão gratificantes para as gentes do Namibe. É falar da sua história, é falar, por ex. da sua flora...
Por tal, transcrevo aqui parte de um texto retirado do livro de um conterrâneo nosso, nessa matéria muito mais conhecedor que eu:
...«O distrito de Moçâmedes possuía uma rica flora nas terras humosas das margens do Bero e do Giraul: leguminosas, figos roxos, variadas árvores de fruto, videiras, oliveiras, tamarindeiros, goiabeiras, tangerineiras, mulembas ou figueiras, etc. Era contudo nas margens do rio São Nicolau, especiamente na margem esq., que se cultivaram as melhores àrvores de fruto de todo o sul do distrito. Na margem esq., eram os mamoeiros, os diospirios, as bananeiras ,as nespera-cereja-dendém, o palmeira de óleo palma., et., etc. A razão é que na margem esq., dada a inclinação do terreno e à presença de uma lage cerca 5 km , há curso de àgua permanente e à dt. apenas por infiltração.
Na margem esq., o 1º colono aí se instalou foi o bacharel em medicina J. Duarte de Almeida tendo bastado construir uma vala para apoveitamento água do rio ao longo do qual instalou comportas que forneciam água necessária ao regadio das suas culturas agrícolas. Na margem dt., foi necessário a Serafim Nunes de Figueiredo, accionista da Companhia de Moçãmedes, proprietária da fazenda, abrir uns quantos poços para obter água que entretanto desaparecia tendo que a aguardar de novo por infiltração que as águas voltassem a ter o nível estático dos poços. Também a terramargem dt. necessitava de mais qualidade de matéria orgânica e adubos químicos, e até os próprios animais diferenciavam o seu aspecto, porquanto nas margens esq. os corvos eram totalmente negros e menos brilhantes e os da dt. a plumagem era negra, luzidia e com uma gola branca no pescoço. Mesmo as rolas e piriquitos tinham aspecto diferente, côr e tamanho. Havia no distrito 8 exemplares de alfarrobeira cidade a dar fruto e decorar rua cidade entre Administração do Concelho Civil do Concelho e a Escola Portugal e também pitangueiras e tamareiras a embelezar as propriedades e os jardins. Também nas ruas, havia a jubea trazida pelos colonos de Pernambuco, a gravílea ,a acácia, o jacarandá, a ravenela ou árvore dos viajantes, a buganvília as euforbiáceas, os hibiscus e tantas outras. Havia a paleira de leque «Ravenala» (urânia-soberba), que crescem margens Cunene, Cuando e Bero, descoberta em Madagáscar no século xvi e trazida para os jardins de várias cidades mundo…Na província do Namibe espécies herbácias arbustivas e arbóreas começam com a consoante M (um…) Macenda, Mopane, muance, muanda, mubange, mucamba, mucibi, mucongo, mufufuta, muilo-labe, mungo, mungolo, mungondo , mulhambe , munhamde, munquia, mupaco, mupalaia, mupanda, muta, muquequete, murilaonde, mussemba, eram espécies arbóreas para construção civil e marcenaria. Mililampepo, muije, mijinque, mulambe, mulelame, mujongue, mulemba, muleu, mulucolo, mulumba, mumbula muriomuere, munguai, muncurio, mumo ou mumona, mumbula eram espécies arbóreas destinadas a contrução naval;
Mugongo, monpeque mucuma, muleia muquice, mutaku mutia e mutundo, eram espécies arbóreas tintureiras e também cosmética e para fins medicinais; Mucuio, mufufuta, muhi-hi, mupanda mutiati e mutungo eram espécies arbóreas destinadas obtenção carvão; Maboque mamoeiro manga, matambote m'noxa; Muchieia, muco, mucuri, mucuriungo, muemba, mugumbire, muamuia, muilo, mujinque, mujoroso, mulemba, mulolo, mulondo, mulungo, mubé, mumbimba, muno ou muambo, munguengue, munhande, musa, mutunda ou cangagulu, eram espécies arbóreas de fruto comestível;In Memórias de Angra do Negro- Moçâmedes, de António A. M. Cristão
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Nota: O Mu que antecipa sempreDi as palavras significa neste dialecto: «um»
Frutos de Angola, clicar AQUI
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Sobre a cultura do algodão e da cana de açucar levadas para os vales do Giraúl, do Bero e do Curoca pelos primeiros colonos idos do Brasil, diz-nos um trecho do livro «O Distrito de Moçâmedes» da autoria do moçamedense Dr.Manuel Júlio de Mendonça Torres o seguinte: ...«a cultura da preciosa malvácea, iniciada pelos colonos de 49 e 50 assumira no sul de Angola um tão acentuado desenovimento que o porto de Moçâmedes chegou a ser, de todos os portos da província, aquele por onde se vazia maior exportação de algodão. E a cultura da cana, tentada siultaneamente no distrito, merecera, de igual modo, po suas vantagens económicas, vigilantes cuidados aos antigos colonos, que vieram medrar, com natural pujança,Giraúl, do nos vales do Bero e do Curoca, a conhecida gramínea.»
O último quartel do século XIX foi pois um periodo florescente da agricultura distrital, agricultura que em determinada época atingiu um determinado grau de prosperidade, e que foi, a par da industria piscatória levada pelos algavios, o motor de arranque da economia do distrito.
Diz-nos ainda o Dr.Manuel Júlio de Mendonça Torres: «...a quebrar a monotonia do deserto, estadeavam-se, então, luxuriantes, pitorescos, os deliciosos oásis, cheios de sombra e de frescura, formados nas margens dos rios e nas abas da Chela, riquíssimos em húmus, onde os antigos colonos ensaiaram, com sucesso, além das culturas do algodão a cultura de açucar postos em aspa; ...»
Aliás, os dois emblemas expressivos do Brazão de Armas do Município de Moçâmedes, concedido à Câmara Mnicipalde Moçâmedes por Decreto de 29 de Mao de 1891 eram um ramo de algodoeiro e uma cana de açúçar. A cultura da preciosa malvácea, iniciada, e da cana, as das plantas hortenses e as das árvores frutíferas.
Como referi atrás, um passeio às Hortas de Moçâmedes era sempre uma diversão. Dançava-se, cantava-se , tocava-se, conversava-se, namorava-se, faziam-se piqueniques, almoçava-se, comiam-se saborosos frutos acabadinhos de retirar das árvores, mangas, goiabas, uvas, etc. etc. Não reconheço esta Horta, se era a do Torres, se a do Benfica ou a do Quipola, ambas do Venâncio Guimarães ou de outro proprietário, nem se era na margem de cá ou ma margem de lá do rio Bero. Ainda que na década de 60 já não fossem tão religiosamente cumpridos como eram dantes, estes passeios ainda se faziam de quando em quando, talvez por gente mais nova como é o caso deste grupo de estudantes que vemos aqui.
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Mas falar das «Hortas» de Moçâmedes é muito mais do que falar destes usos e costumes tão gratificantes para as gentes do Namibe. É falar da sua história, é falar, por ex. da sua flora...
Por tal, transcrevo aqui parte de um texto retirado do livro de um conterrâneo nosso, nessa matéria muito mais conhecedor que eu:
...«O distrito de Moçâmedes possuía uma rica flora nas terras humosas das margens do Bero e do Giraul: leguminosas, figos roxos, variadas árvores de fruto, videiras, oliveiras, tamarindeiros, goiabeiras, tangerineiras, mulembas ou figueiras, etc. Era contudo nas margens do rio São Nicolau, especiamente na margem esq., que se cultivaram as melhores àrvores de fruto de todo o sul do distrito. Na margem esq., eram os mamoeiros, os diospirios, as bananeiras ,as nespera-cereja-dendém, o palmeira de óleo palma., et., etc. A razão é que na margem esq., dada a inclinação do terreno e à presença de uma lage cerca 5 km , há curso de àgua permanente e à dt. apenas por infiltração.
Na margem esq., o 1º colono aí se instalou foi o bacharel em medicina J. Duarte de Almeida tendo bastado construir uma vala para apoveitamento água do rio ao longo do qual instalou comportas que forneciam água necessária ao regadio das suas culturas agrícolas. Na margem dt., foi necessário a Serafim Nunes de Figueiredo, accionista da Companhia de Moçãmedes, proprietária da fazenda, abrir uns quantos poços para obter água que entretanto desaparecia tendo que a aguardar de novo por infiltração que as águas voltassem a ter o nível estático dos poços. Também a terramargem dt. necessitava de mais qualidade de matéria orgânica e adubos químicos, e até os próprios animais diferenciavam o seu aspecto, porquanto nas margens esq. os corvos eram totalmente negros e menos brilhantes e os da dt. a plumagem era negra, luzidia e com uma gola branca no pescoço. Mesmo as rolas e piriquitos tinham aspecto diferente, côr e tamanho. Havia no distrito 8 exemplares de alfarrobeira cidade a dar fruto e decorar rua cidade entre Administração do Concelho Civil do Concelho e a Escola Portugal e também pitangueiras e tamareiras a embelezar as propriedades e os jardins. Também nas ruas, havia a jubea trazida pelos colonos de Pernambuco, a gravílea ,a acácia, o jacarandá, a ravenela ou árvore dos viajantes, a buganvília as euforbiáceas, os hibiscus e tantas outras. Havia a paleira de leque «Ravenala» (urânia-soberba), que crescem margens Cunene, Cuando e Bero, descoberta em Madagáscar no século xvi e trazida para os jardins de várias cidades mundo…Na província do Namibe espécies herbácias arbustivas e arbóreas começam com a consoante M (um…) Macenda, Mopane, muance, muanda, mubange, mucamba, mucibi, mucongo, mufufuta, muilo-labe, mungo, mungolo, mungondo , mulhambe , munhamde, munquia, mupaco, mupalaia, mupanda, muta, muquequete, murilaonde, mussemba, eram espécies arbóreas para construção civil e marcenaria. Mililampepo, muije, mijinque, mulambe, mulelame, mujongue, mulemba, muleu, mulucolo, mulumba, mumbula muriomuere, munguai, muncurio, mumo ou mumona, mumbula eram espécies arbóreas destinadas a contrução naval;
Mugongo, monpeque mucuma, muleia muquice, mutaku mutia e mutundo, eram espécies arbóreas tintureiras e também cosmética e para fins medicinais; Mucuio, mufufuta, muhi-hi, mupanda mutiati e mutungo eram espécies arbóreas destinadas obtenção carvão; Maboque mamoeiro manga, matambote m'noxa; Muchieia, muco, mucuri, mucuriungo, muemba, mugumbire, muamuia, muilo, mujinque, mujoroso, mulemba, mulolo, mulondo, mulungo, mubé, mumbimba, muno ou muambo, munguengue, munhande, musa, mutunda ou cangagulu, eram espécies arbóreas de fruto comestível;In Memórias de Angra do Negro- Moçâmedes, de António A. M. Cristão
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Nota: O Mu que antecipa sempreDi as palavras significa neste dialecto: «um»
Frutos de Angola, clicar AQUI
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Sobre a cultura do algodão e da cana de açucar levadas para os vales do Giraúl, do Bero e do Curoca pelos primeiros colonos idos do Brasil, diz-nos um trecho do livro «O Distrito de Moçâmedes» da autoria do moçamedense Dr.Manuel Júlio de Mendonça Torres o seguinte: ...«a cultura da preciosa malvácea, iniciada pelos colonos de 49 e 50 assumira no sul de Angola um tão acentuado desenovimento que o porto de Moçâmedes chegou a ser, de todos os portos da província, aquele por onde se vazia maior exportação de algodão. E a cultura da cana, tentada siultaneamente no distrito, merecera, de igual modo, po suas vantagens económicas, vigilantes cuidados aos antigos colonos, que vieram medrar, com natural pujança,Giraúl, do nos vales do Bero e do Curoca, a conhecida gramínea.»
O último quartel do século XIX foi pois um periodo florescente da agricultura distrital, agricultura que em determinada época atingiu um determinado grau de prosperidade, e que foi, a par da industria piscatória levada pelos algavios, o motor de arranque da economia do distrito.
Diz-nos ainda o Dr.Manuel Júlio de Mendonça Torres: «...a quebrar a monotonia do deserto, estadeavam-se, então, luxuriantes, pitorescos, os deliciosos oásis, cheios de sombra e de frescura, formados nas margens dos rios e nas abas da Chela, riquíssimos em húmus, onde os antigos colonos ensaiaram, com sucesso, além das culturas do algodão a cultura de açucar postos em aspa; ...»
Aliás, os dois emblemas expressivos do Brazão de Armas do Município de Moçâmedes, concedido à Câmara Mnicipalde Moçâmedes por Decreto de 29 de Mao de 1891 eram um ramo de algodoeiro e uma cana de açúçar. A cultura da preciosa malvácea, iniciada, e da cana, as das plantas hortenses e as das árvores frutíferas.
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