Nas décadas de 60 e 70 o mundo ocidental foi sacudido por grandes mudanças ao nível dos costumes e dos comportamentos, principalmente entre os jovens que construíram um novo estilo de vida, enquanto o controle familiar começara a afrouxar ao impacto das novas liberdades. Os salões românticos cederam lugar às discotecas onde tudo ganhava dinamismo, desde as luzes aos corpos.
Em Moçâmedes. as festas e os bailes antes efectuados no interior dos salões dos clubes da cidade, passaram a decorrer, também, no interior de discotecas que começavam por toda a parte a despontar. Os jovens já não queriam mais divertir-se, indo aos mesmos bailes que os pais. Percebe-se a crítica e o receio ao que é novo.
Em meio a um mundo em transformação, alguns párocos no interior da Igreja católica, rompendo a tradicional resistência à mudança, procuram chamar a si os jovens, atraindo-os para festas em salas de convívio paroquial. O objectivo era proporcionar-lhes uma opção, através de festas e bailes saudáveis e alegres, dentro de um contexto cristão, num mundo onde a juventude estava perdendo referências. Em simultâneo os eventos visavam resgatar valores familiares, a espiritualidade da juventude, a moral cristã, o sentimento de cidadania, e a promoção de valores que levassem ao fortalecimento da sociedade..............
Mais tarde, a partir de 1965, e por uns anos, foi pároco em Moçâmedes, tendo nessa nova qualidade prosseguido na mesma linha mobilizadora (dinamização do movimento vicentino entre adultos e jovens) e continuando a encantar e a tocar os espíritos mais empedernidos, quer na celebração quer aos microfones do Rádio Clube de Moçâmedes. Era como padre um exemplo para os sacerdotes e como pessoa um exemplo para as demais. As suas iniciativas ultrapassavam em muito o mero campo evangélico. A sua meta eram as pessoas, conduzi-las na vida, de acordo com um padrão moral de comportamento que dignificasse o ser humano enquanto criatura de Deus, porque agir de acordo com esses valores já era um hino e louvor ao seu Criador, independentemente da religião que professasse. Era de uma cepa de que se encontra pouco.
Os anos passaram e soube mais tarde que havia regressado à sua terra natal, GOA, que ele tanto amava. Lá o fui encontrar em 1988. A manifestar a mesma exuberância e alegria de viver, de bem fazer aos outros, de realizar coisas, fantástico! Levou-nos a Margão, a casa de uns familiares, e foi o cicerone de um passeio pela cidade e arredores, por onde conduziu da mesma maneira como viveu: em alta velocidade! Arrepiante. Na condução automóvel como na condução das nossa almas, Martinho de Araújo Noronha marcou pela diferença. Foi uma dádiva de Deus.
(...)
Bem haja Padre Noronha, pelo rasto de coisas boas que semeou nas nossas vidas .
Eduardo A. Correia Ribeiro »
( Sanzalangola)
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