terça-feira, 26 de maio de 2009

Museu Geológico

via Sopas de Pedra de A. M. Galopim de Carvalho em 24/05/09

-PATRIMÓNIO DE UMA RESPEITADA e saudosa instituição pioneira, nascida m 1857, sob o reinado de D. Pedro V, com a designação de Comissão Geológica do Reino, o Museu Geológico é a memória, que teima em não morrer, de uma instituição que prestigiou o País durante cerca de um século e meio, inexplicavelmente extinta em 2003, num grave atentado à Geologia portuguesa e sentida ofensa aos seus cultores.
-
Nos tempos mais recentes, que me foi dado testemunhar, e sob a designação oficial de Serviços Geológicos de Portugal (desde 1917), foi notável a parceria que esta nobre instituição desenvolveu com as universidades nacionais, em especial com a de Lisboa, sobretudo, através dos professores Carlos Teixeira, Orlando Ribeiro e Torre de Assunção, meus mestres. A cartografia geológica do território nacional teve então progressos reconhecidos. Foram muitos os docentes desta Universidade que concluíram os seus doutoramentos com o suporte logístico dos Serviços Geológicos, e foram muitos os geólogos destes mesmos Serviços que se doutoraram na Universidade de Lisboa sob a orientação científica de alguns dos seus professores.
-
Por portaria oficial de 1859, a velha Comissão Geológica do Reino ficou instalada em Lisboa, no 2º piso do edifício do antigo Convento de Jesus, na Rua da Academia das Ciências, e é aí que resiste o Museu Geológico, uma relíquia do século XIX, que não pode deixar de ser visitado. Este, que é o mais completo e valioso arquivo da geodiversidade portuguesa, foi constituído aquando da criação da citada Comissão, em especial, a partir dos exemplares colhidos pelos pioneiros e grandes vultos nacionais das Ciências da Terra, Carlos Ribeiro, Nery Delgado, Paul Choffat e por muitos outros que lhes seguiram as pisadas.
-
Além do seu enorme valor científico, tem grande interesse histórico e museológico, uma vez que foi nas suas instalações que nasceram a Geologia e a Arqueologia portuguesas, como escreveu o Prof. Magalhães Ramalho, o seu incansável defensor e actual director. Igualmente, a vastidão das salas, o mobiliário e o modelo expositivo muito marcado pelas concepções museográficas e pelo estilo da época, conferem-lhe um carácter único no País, cuja importância patrimonial é reconhecida por especialistas dos vários cantos do mundo.
-
As suas vastas colecções, nomeadamente, as de Paleontologia, Estratigrafia, Arqueologia e Pré-história do Homem, revestem-se de grande interesse científico como material de referência, continuando abertas aos investigadores nacionais e estrangeiros.
-
Visita a não perder.

Sem comentários: