via a cidade do sossego de harms em 19/05/09
"Um dos mais formosos espíritos portugueses, afectado pelas minhas considerações de vencido, observava-me, um dia, com sagaz felicidade: 'não somos obrigados a vencer; mas somos obrigados a lutar!'.
Derrotadas as três verdades essenciais da Civilização católica ou ocidental pela Vitória das Democracias, que fazer? Cruzar os braços inúteis? Chorar sobre as ruínas e as desgraças?
Não! Lutar, resistir, viver!
Remar contra a maré; afrontar a onda alta, a vaga terrível; ir ao arrepio da Vitória, e desmascará-la; ir ao encontro dos iludidos, para os esclarecer, ou dos interesseiros, para os revelar. Não se deixar abater pelo desânimo, nem perverter pelo comodismo, nem viciar pelo conformismo.
Em suma: lutar, resistir, viver!
É possível que alguns tombem, vítimas da sua dedicação. Para a frente! - que outros virão ocupar o seu lugar - porque o sangue dos vencidos nobres foi, em toda a parte e em todas as épocas, semente que frutifica. É possível que alguns desistam. Para a frente! - que não há Causa, por mais límpida e mais clara, que não dê motivo a defecções e falhas.
Temos diante de nós os destroços, as ruínas das três verdades essenciais da nossa Civilização europeia e milenária, derrotadas pelas Democracias vitoriosas que preparam o caminho, que abrem as portas à Besta do Apocalipse.
Enquanto me deixarem, lutarei. Lutarei, mesmo, vencendo a repugnância que me causam as dificuldades em que esbarro, os obstáculos que põem á expansão do meu pensamento, as cadeias com que travam a minha caneta, e os mil e um processos com que se condiciona a minha voz.
Enquanto me deixarem, lutarei, a despeito da desigualdade do tratamento que me é dado, em face do que é dado aos meus adversários.
Quando verificar que não posso, ou que é desonrosa para a dignidade do meu espírito a sujeição ao condicionalismo imposto - só então reentrarei no silêncio, observando, pela minha parte, ao formoso espírito português a que aludi: 'sim, não somos obrigados a vencer; somos obrigados a lutar'; mas é indispensável que não nos tolham os pulsos, que não nos submetam a voz a registros de capricho, que não cerquem os nossos movimentos de muralhas espessas e intransponíveis - precisamente aqueles que poderão, um dia, colher os melhores frutos da nossa luta.
Repito: Temos diante de nós os destroços, as ruínas das três verdades essenciais da nossa Civilização europeia e milenária, derrotadas pelas Democracias vitoriosas.
Que atitude devem tomar os que entendem que essas Verdades são indispensáveis ao futuro do mundo e aos destinos normais dos povos?
Lutar, resistir, viver!"- Alfredo Pimenta, Três Verdades Vencidas - Deus, Pátria, Rei, Nova Arrancada, 1999.
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