via sorumbático by noreply@blogger.com (Nuno Crato) on 7/15/08
Por Nuno Crato
UM DOS EPISÓDIOS MAIS ESPECTACULARES da estatística moderna passou-se em 1936, quando as previsões eleitorais da revista norte-americana "Literary Digest" foram contestadas por um ilustre desconhecido chamado George Gallup.
Nas eleições de 1936, após inquirirem mais de 10 milhões de norte-americanos, as sondagens da revista davam a vitória ao candidato republicano Alf Landon, com 57% dos votos. George Gallup, por seu turno, fez apenas três mil inquéritos e previu que o candidato democrata F.D. Roosevelt ganhasse, com 54% dos votos. Ninguém acreditava em Gallup. A revista "Literary Digest" tinha inquirido muito mais votantes. Tinha de estar certa.
O que as pessoas não sabiam era que inquirir mais gente não é sinónimo de melhores previsões. É preciso que a amostra não seja enviesada. George Gallup sabia-o e tinha seleccionado uma amostra aleatória estratificada, como recomendavam para esse tipo de inquéritos os estatísticos que trabalhavam na teoria matemática da amostragem.
Gallup estabelecera proporções para a origem dos inquiridos, conforme o sexo, os rendimentos e o tipo de residência, tentando garantir uma representatividade dos diversos estratos sociais, e escolhera aleatoriamente os inquiridos de cada estrato, de forma a evitar ao máximo as distorções. Roosevelt ganhou as eleições com 61% dos votos e Gallup conquistou a confiança dos norte-americanos.
Passaram sete décadas. De novo os peritos norte-americanos enfrentam eleições muito difíceis de prever. O "International Journal of Forecasting", acaba de publicar uma discussão em que participam 17 especialistas. Irá surgir um novo Gallup?
«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 12 de Julho de 2008
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