Uma semana depois, navegam ao largo das Canárias. Seguem a rota usual ao longo da costa ocidental africana. Na madrugada seguinte, passam a Terra Alta, tradicional ponto de referência para os barcos portugueses, onde pescam durante duas horas. Estão perto do Rio do Ouro, lugar muito frequentado desde o tempo das navegações henriquinas, onde surge o primeiro contratempo: sendo «de noite tamanha a cerração», lê-se no relato de Álvaro Velho, certamente no decorrer das manobras, perde-se a nau de Paulo da Gama e, logo a seguir, a do próprio Vasco da Gama. Felizmente que as instruções são claras: numa situação dessas, devem reunir-se todos em Cabo Verde.
Assim, no domingo seguinte, encontram-se na ilha do Sal. Estão a 23 de Julho. Estão todos, menos a nau de Vasco da Gama, que só será encontrada três dias depois, entre o Sal e a ilha de Santiago. Escreve o autor do mesmo texto que «sobre a tarde nos viemos a falar com muita alegria, onde tirámos muitas bombardas e tangemos trompetas, e tudo com muito prazer pelo termos achado». Nesta última ilha, a armada mantém-se alguns dias; reabastece-se de carne, água e lenha, e levam-se a cabo pequenos arranjos nos navios.
"Vasco da Gama - O Homem, A Viagem, A Época", Luís Adão da Fonseca, Edição do Comissariado da Exposição Mundial de Lisboa de 1998 e da Comissão de Coordenação da Região do Alentejo, 1997, p. 112
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