via INCONFORMISTA.INFO de Miguel Vaz em 26/06/08
"O espírito fundamental do corporativismo era o de uma comunidade de trabalho e de uma solidariedade produtiva na qual os princípio da competência, da qualificação e da hierarquia natural actuavam como sólidos eixos, tendo como próprio um estilo de impessoalidade activa, de desinteresse, de dignidade. Tudo isto foi bem visível nas corporações artesanais medievais, nas guildas e nas Zünften: levando-nos todavia mais atrás no tempo, temos o exemplo das antigas corporações profissionais romanas. Estas, segundo uma expressão característica, estavam constituidas ad exemplum reipublicae, ou seja, à imagem do Estado, e as mesmas designações (por exemplo de milities ou milities caligati para os simples agremiados até aos magistri) reflectiam sobre o próprio plano o ordenamento militar. Relativamente à tradição corporativa, tal como floresceu no Medievo românico-germânico, teve particular relevo a dignidade de serem livres os pertencentes à corporação, o orgulho do sujeito de pertencer a ela; o amor pelo trabalho, considerado não como um simples meio de ganância, mas sim como uma arte e uma expressão da própria vocação, e ao compromisso das mestrias se vinculava a competência, o cuidado, o saber dos mestres de arte, o seu esforço para o potenciamento e elevação da unidade corporativa, a sua tutela da ética e das leis de honra que a mesma tinha como próprias. O problema do capital e da propriedade dos meios de produção quase não aparecia aqui, tão natural era o concurso dos múltiplos elementos do processo produtivo para a realização do fim comum. Para mais, tratava-se de organizações que tinham «como próprios» os intrumentos de produção, instrumentos que ninguém pensava monopolizar para fins de exploração e que não estavam vinculados a uma finança estranha ao trabalho. A usura do «dinheiro líquido» e sem raízes — o equivalente ao que hoje é o uso bancário e financeiro do capital — era considerado como coisa de Judeus e para eles deixada, estando muito longe de condicionar o sistema."
Julius Evola
in "Los Hombres y las Ruinas", Ediciones Heracles
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