Enviado para você por Rui Moio através do Google Reader:
Quando João II mandou chamar à sua presença Pêro da Covilhã, para o enviar ao Oriente, era este já um homem feito, de quarenta anos ou bem perto deles, e tinha atrás de si uma vida longa e acidentada, que o temperava para novas aventuras. Era natural da Vila da Covilhã, com todas as qualidades, seguramente, de energia e persistência, próprias de um beirão da serra; e devia proceder de uma origem obscura, a julgarmos pelas situações modestas em que começou a servir, e também pelo facto de lhe darem sempre o nome da terra de sai naturalidade, e não um apelido de família.
Foi muito novo para Espanha, a procurar ali serviço em alguma casa nobre e opulenta, facto não raro por aqueles tempos, em que os vínculos de nacionalidade foram, sob certos aspectos, menos apertados do que depois se tornaram. […]
Por ali se demorou Pêro da Covilhã seis ou sete anos, fazendo a sua educação militar, e aprendendo ao menos duas coisas. uma, a falar espanhol na última perfeição, o que depois lhe serviu, como veremos; a outra, a confiar principalmente no seu braço e na sua espada, o que também lhe não seria inútil no futuro. Decorridos estes anos, ali pelos fins de 1474 ou princípios do ano seguinte, veio a Portugal com D. João de Guzman, passando então para o serviço pessoal de D. Afonso V, na qualidade de moço de esporas, mas sendo logo acrescentado a escudeiro, servindo de armas e cavalo. […]
"Viagens de Pêro da Covilhã", Conde Ficalho, ed. Viagens Alma Azul, Outubro 2004
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