Enviado para você por Rui Moio através do Google Reader:
As terras do Oriente haviam sido um dos sonhos constantes de D. João II, que pensou incessantemente no engrandecimento do seu país; e, se não foi um bom homem, foi inquestionavelmente um grande rei. Penetrar na Índia, dominar ali se tanto fosse possível, atrair para Portugal o comércio, que enriquecia Génova, Veneza e todo o litoral mediterrânico, tudo o que depois se realizou, ou quase realizou, o seu sucessor, estava já mais ou menos nitidamente formulado no seu alto espírito, mais ou menos preparado pela sua acção persistente e hábil. D. João II havia semeado o que D. Manuel colheu; e a felicidade do felicíssimo sucessor representa simplesmente em muitos pontos a habilidade de quem o precedeu, e lhe abriu, ou pelo menos indicou os caminhos a seguir.
A este plano geral correspondiam as duas faces da missão, confiada agora aos seus exploradores – procurar os países donde vinham as especiarias a Veneza pela terra dos mouros, procurar o Preste, o grande rei cristão do Oriente. E no Preste, queria ele encontrar, não já, como na Idade Média, um aliado salvador contra o islamismo; mas simplesmente uma porta aberta para a expansão de Portugal, um meio de penetrar na Índia, tão desejada e ainda tão misteriosa. […]
"Viagens de Pêro da Covilhã", Conde Ficalho, ed. Viagens Alma Azul, Outubro 2004
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