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De feito, por aqueles princípios do século XV, Portugal começa francamente a ter uma história exterior. Até então, a sua actividade fora principalmente interna: e não admira que assim sucedesse. Ganhar aos mouros as terras do sul, de Soure e Leiria, por Santarém e Lisboa, ao Litoral do Algarve; defender dos exércitos de Leão as terras do norte, delimitando as mal definidas fronteiras, vila a vila e castelo a castelo; sobretudo, ligar em um todo que constituísse uma nação, os retalhos de diversa natureza e diversa procedência, desde as férteis e húmidas veigas do Minho, dote de D. Teresa, até às hortas e figueiras de Silves, ultimamente tomado aos árabes; tudo isto constituiu a obra da primeira dinastia – e não foi pequena. Mas, no princípio do século XV a nação estava formada, a coroa firmemente segura na cabeça do mestre de Aviz, os horizontes desanuviados para os lados de Castela, pelo menos por algum tempo, e Portugal podia entrar numa nova fase da sua história.
"Viagens de Pêro da Covilhã", Conde Ficalho, ed. Viagens Alma Azul, Outubro 2004
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