quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A MINHA GERAÇÃO NÃO FOI RASCA - A RASCA É UM PRODUTO DO 25 ABRIL DE 1974

via DA TAILÂNDIA COM AMOR E HUMOR by Jose Martins on 11/5/09

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Como noutros artigos já referenciei visito o blogue de Miguel Castelo Branco, ( http://combustoes.blogspot.com/ ) de momento, a viver, na Tailândia e me parece estar-se nas tintas para Portugal que nele não viu a luz do mundo, mas em Moçambique, sob a bandeira das Quinas e ficar para sempre neste Reino, que adora, aliás como eu.
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O Miguel vive entre dois amores e posso mesmo afirmar com toda a convicção que ama mais o Reino da Tailândia que o ex-Reino de Portugal.
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Hoje chamou-me à atenção a peça que inseriu que (sem favor algum) lhe bato palmas pela desempoeirada prosa com o genérico:
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"A minha geração, a que não deu em nada"
Transcrevo aqui, apenas, uma parte da peça:
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"A nossa geração embriagou-se a fazer malha e despertou tarde de mais – se é que despertou – da sua suma irrelevância, insignificância, errância, improdutividade, descaracterização? Se o fez é porque não saiu das baias que lhe foram indicadas pelas gerações precedentes, que julgaram entrever uma promessazinha de Sol se se fizesse o frete colectivo de se abandonar o Ultramar e de se genuflectir diante da cornucópia virtual da Europa, fossem quais fossem as consequências ou as facturas para os que viessem a seguir. Nessas estreitas baias relinchamos e escoiceamos desde então, e dedicamos alguns sentimentos nobres à vanglória do palito, a única que nos resta, e mesmo essa desproporcionada, que o país deixou de valer um palito".
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Todas as gerações dão tudo se quem as dirige o faz com inteligência e foi aquilo que não foi encontrado depois de 25 de Abril de 1974.
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Miguel Castelo Branco de quando se deu esse dia e o princípio da destruição económica e social de Portugal, era um "miúdo" com todas as aspirações, de vida que ficaram pelo caminho, absolutamente, desmoronadas.
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Ele, nascido em Moçambique (onde eu vivi os melhores anos de minha vida), pertence ao grupo dos "retornados" e, quando ele tinha vivido numa sociedade multirracial, chegou à capital que foi do Grande Império, sofreu a segregação, dos brancos, metropolitanos, que viram nele, como um miúdo vai ao jardim zoológico de Lisboa e encontra um tigre numa jaula.
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A um miúdo de uns 10 ou 11 anos todas as humilhações lhe entram na carne e ficam impregnadas no corpo até aos fins dos anos de sua vida.
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Mas o Miguel foi crescendo, viu e passou aquilo que calhou, para singrar (não como pretendia) alguma coisa.
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Porém teve que enfrentar as "raivinhas", as intrigas, dos que o rodearam, a "famigerada" corrupção, que voltou um símbolo e uma prática, corrente, de quem assume, a responsabilidade de qualquer coisa que lhe dão o nome de poder em que Portugal ..."o país deixou de valer um palito (acrescento) para escarafunchar os dentes.
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Pertencemos a um país que o Povo lavou as sua mágoas no mar de águas tenebrosas e poucas (ou quase nenhumas) bonançosas encontrou.
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Somos, de facto, um Povo tolerante e trabalhador, mas nunca cheguei a entender por que razão na sociedade portuguesa se criaram tantos corruptos, interesseiros e malabaristas depois o 25 de Abril de 1974.
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Quando me criei não era assim... Já foi há tanto tempo... Já lá vão 74 anos!

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