quinta-feira, 30 de abril de 2009

1º de Maio de 1974 - O MES saiu à rua num dia assim

Ao pé de nós apareceu um grupo, de desertores e refractários acabadinhos de chegar de Paris, animadíssimo (bem animadíssimos estávamos todos) capitaneado pelo Zé Mário Branco aos gritos de «Desertores, Refractários, Amnistia Total!».

Que linda companhia se juntou ao grupo!... bom, eram do mesmo estofo!... Quer esta gentinha fazer parte da História. Sim, de facto, fazem parte... mas, da história de um "h" muito pequenino. 
Rui Moio

via Caminhos da Memória de Eduardo Graça em 30/04/09
  As quatro fotografias de Rosário Belmar da Costa    (Clicar para ver melhor)   Como escrever uma posta acerca de uma memória antiga que não surja aos olhos de quem a lê como o rumorejar de um passado morto? Não sei! Apesar do risco sinto que, no terreno movediço das memórias, há exercícios que valem a pena. É o [...]

Era uma vez… Portugal (XXI)

via Carreira da Índia de Leonel Vicente em 29/04/09

MATIAS DE ALBUQUERQUE - A Vida de um Fidalgo-Guerreiro na Índia

Para estudarmos a História dos portugueses no Oriente no período dos Descobrimentos necessitamos de compreender um pouco a forma como funcionava a "carreira militar", digamos assim, dos homens que partiam para a Índia. A vida de Matias de Albuquerque constitui um bom exemplo do nobre guerreiro típico, que passou toda a sua vida no Oriente ao serviço de El-Rei de Portugal. A partida numa armada para a Índia era uma uma boa oportunidade para prestar serviços, conseguir mercês do rei, ou mais simplesmente fazer fortuna. No caso de um elemento da alta nobreza, como o presente caso, era uma forma de conseguir tudo isto. Foi de facto, o que conseguiu Matias de Albuquerque, que conseguiu aliás atingir o topo da hierarquia do Estado, mas que não deixou de ser atingido pelas contingências da sua própria carreira.

Matias de Albuquerque nasceu em Lisboa em 1547, de família da alta nobreza (o famoso Afonso de Albuquerque era seu tio-avô). Cerca de 1559 entra ao serviço do rei D. Sebastião, tendo sido educado como convinha a um fidalgo. Aos 19 anos parte como soldado para a Índia. Recebeu o seu baptismo de fogo numa expedição marítima no Malabar, na costa ocidental indiana, comandada por Álvaro Pais de Souto Maior, tendo aí prestado os seus primeiros serviços. Logo aqui se revelou um excelente soldado, bom organizador e comandante militar. Esta era uma característima essencial na vida militar de então, sobretudo no Oriente, onde o papel do vigor pessoal dos capitães tinha muitas vezes um efeito decisivo no desfecho de uma batalha. Nos anos seguintes Matias de Albuquerque prestou serviços em diversas regiões do Estado da Índia, nomeadamente em Damão, Goa, Chalé e Cochim. Em 1572, com apenas 25 anos de idade, Matias de Albuquerque recebe os primeiros louvores por parte do rei, que lhe reconheceu os serviços, sendo-lhe concedida a capitania da fortaleza de Ormuz, no Golfo Pérsico. Esta era uma das mais ricas e rendosas fortalezas do Oriente, pelo que a sua atribuição a Matias de Albuquerque revela quer a sua origem nobre, quer a qualidade dos serviços prestados. Porém, apenas exercerá este cargo mais tarde.

Em 1574, ao que parece devido a doença, Matias de Albuquerque regressou a Portugal, sendo recebido por D. Sebastião em Almeirim. Aqui prosseguiu a vida militar, tendo prestado serviço em Almada e no Algarve.

Em 1575 o nosso homem regressa á Índia, desta vez com um cargo de maior responsabilidade: capitão de uma armada que parte directamente de Lisboa a socorrer a fortaleza portuguesa de Malaca. Esta era uma das praças mais importantes do Estado da Índia e a chave da presença portuguesa no Extremo Oriente, nomeadamente do rico comércio com a China e o Japão, e encontrava-se seriamente ameaçada pelas forças do sultanato de Achém, tradicional inimigo dos portugueses. A situação era difícil, e o próprio facto de ter sido enviada uma armada directamente de Lisboa é um bom indicador da sua gravidade. Porém, Matias de Albuquerque foi bem sucedido na sua empresa, conseguindo afastar a ameaça que pairava sobre Malaca e garantir novamente a segurança na região para a navegação portuguesa. O êxito desta missão abriu-lhe novas portas: chegado a Goa, que era o centro da administração de todo o Estado da Índia (que ía de Moçambique ao Japão) foi nomeado comandante da armada de patrulhamento da costa do Malabar (1580-1584), após o que, por fim, entrou na capitania de Ormuz, para a qual tinha sido anteriormente nomeado. Aqui procedeu aos trabalhos de reparação da fortaleza, que se encontrava em mau estado, tendo inclusivamente mandado construir grandes cisternas. Foi este período uma época de pausa na sua vida de guerreiro, continuada com a decisão de voltar novamente a Portugal, o que faz em 1588.

Após voltar novamente a Portugal, onde casou e defendeu Lisboa dos ataques do famoso corsário inglês Francis Drake (em 1589), Matias de Albuquerque foi, finalmente, designado para o mais alto cargo na Índia: o de vice-rei. Partiu então de Lisboa em 1590 para ocupar o cargo, que exerceu entre 1591 e 1597, seis anos portanto, o dobro do tempo habitual que era geralmente exercido por um vice-rei. Aqui, Matias de Albuquerque aplicou todas as suas capacidades de organização e comando para resolver os grandes problemas com que os portugueses se confrontavam, cada vez com maior gravidade. Estes resultavam quer do gravamento geral da situação do Estado da Índia, quer da má gestão e erros cometidos por vice-reis e governadores anteriores. Os principais problemas diziam respeito á má situação financeira, á corrupção generalizada e situação preocupante quer do estado das armadas e das fortalezas, que da própria carência de soldados.

A sua principal e primeira preocupação foi a de mandar fortificar imediatamente as fortalezas, assim como enviar socorros militares ás que corriam maiores riscos. Também reorganizou o aparelho fiscal e da justiça e governou com a prudência e o rigor que se tornavam cada vez mais necessários. É evidente que não foi isento de defeitos e de suscitar inimizades, sobretudo por parte dos jesuítas e da Inquisição. Estas inimizades resultavam sobretudo da sua acção contra a corrupção e o clientelismo, o que desagradava evidentemente a parte da gente que rodeava o vice-rei, quer funcionários quer fidalgos.

Em 1597 regressa a Portugal, mas a sua partida foi marcada por um episódio grave: estando prestes a partir, uma das naus pegou fogo, perdendo assim uma parte considerável dos bens e da sua riqueza, que esperava enviar com destino a Portugal. Regressado ao reino, recolheu-se á sua quinta de Santo Amaro, mas as inimizaes que havia criado provocaram-lhe graves problemas. Acabou por ser preso, mercê da campanha que lhe moveram os seus inimigos, mas conseguiu livrar-se de todas as acusações.

Assim, Matias de Albuquerque constitui um modelo exemplar do nobre guerreiro do século XVI, como homem de armas e notável chefe, autor de importantes decisões e empresas numa época de crise crescente para o Estado da Índia, e é simultaneamente o exemplo acabado da carreira militar bem sucedida, desde soldado até vice-rei.

Paulo Jorge de Sousa Pinto - texto de apoio a programas de rádio sob a designação "Era uma vez… Portugal", emitidos entre 1993 e 1996 pela RDP-Internacional, em associação com a Sociedade Histórica da Independência de Portugal

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Meditação de Aljubarrota por António Sardinha

via nonas de nonas em 24/04/09
Meditação de Aljubarrota

«É essa altura em que o homem predestinado surge, — em que surge o varão mandado por Deus.
Mais que nos prodígios de que lhe anda constelada a crónica piedosa, mais que na humildade e no ascetismo da sua renúncia admirável, é onde eu vejo o sinal inconfundível da vocação sobrenatural do Condestabre: — é no arremesso incondicionado e aberto com que ele, — um feudal, um homem da Cavalaria, se coloca à frente do populacho das ruas, e da desordem alastrando; raivosa e impotente, consegue tirar o penhor seguro da vitória e da grandeza da pátria de amanhã. Visto de longe, nos frutos abençoados do seu esforço, dificilmente se compreende como o Condestabre é excepcional, quase único. Saído das camadas aristocráticas, houve que vencer-se a si mesmo, lutar contra a família, contra os sentimentos da própria honra, contra o que então constituiria o que hoje chamamos «dever patriótico». Não hesita Nun`Álvares, — embora triunfe por virtude do medievalismo de toda a sua imaculada figura —, em combater contra o medievalismo que estrebucha, agonizante, e que o ascenso do Mestre ao trono matará definitivamente entre nós. Estranha e paradoxal contradição que só nos revela como Nun`Álvares, pelo carácter providencial da sua missão, teria de terminar sobre os altares, oferecendo a Deus, com a sua espada, o lírio imarcessível da sua clara alma de Galaaz! E qual é o ensinamento, qual é a inspiração, que perante a atitude do Condestabre, no momento actual se impõe ao nosso patriotismo alarmado? Antes de mais nada, precisamos de reconhecer no caso de Nun`Álvares que, se Deus prepara e cria os acontecimentos, é sempre à vontade humana que cabe efectivá-los e completá-los. De outro modo, um fatalismo brutal conduziria a marcha da história, negando totalmente a intervenção deliberada das iniciativas do homem, sem o quê a nossa liberdade interior não passaria nunca duma névoa, duma fórmula vã. E se pensarmos um pouco mais em toda a vida magnífica do Condestabre, vir-nos-ia, como bons portugueses, o desejo de escrevermos uma Imitação de S. Frei Nuno, — espécie de breviário quotidiano para a nossa dupla fé católica e lusitanista.
«Raison et bom sens ne suffisent pas!» — observou duma vez Renan, — o céptico, exactamente, quando nos degraus da Acrópole, invocava em Palas-Ateneia a claridade serena da sabedoria antiga. Porque, na verdade, «raison et bom sens ne suffisent pas», é que Nun`Álvares, colocando-se fora do existente, voltando esplendidamente as costas aos Mitos, às Normas, às urnas vazias já de toda a essência e de todo o conteúdo, venceu unicamente pelo poder supremo do Espírito. Rapaz e cabeça dum partido de rapazes com as suas rapaziadas inconcebíveis, acendendo fogos no alto dos montes, tocando trombetas por entre a bruma cerrada, escavacando galhardamente favolas de festim, aprendamos em Nun`Álvares o segredo da nossa crença nacionalista que une ao gesto rebelde, que destrói e purifica, o gesto que tanto nos afila as mãos para o Céu, como no-las enclavinha, justiceiras e frementes, na coronha duma espingarda. E o resto acontecerá, por graça de Deus, desde que, em plena vontade nossa, saibamos querer o que Ele no seu plano eterno já concebeu e já quis!
Interpretada assim a broxadas largas a figura do Condestabre, é imperioso que interpretemos igualmente o significado histórico da batalha de Aljubarrota. Por honra nossa e do sangue que nos queima as artérias, que nunca Aljubarrota seja uma data que divida, um grito que separe! Não hasteemos o pendão do Condestabre, como bandeira de qualquer filarmónica de patrioteirice, — como diria Eça —, onde a Pátria, tornada tema de pura retórica, perca o seu sentido positivo e orgânico e não seja mais que um nome abstracto, destinado a não hostilizar aquilo que é contrário e adverso à sua estrutura inalienável. Entendidos, — não é verdade? Ora, da mesma forma não tomemos Aljubarrota como um simples acto guerreiro, desprendido de toda a sequência e toda a relação com a vida posterior de Portugal.» (pp. 7/8/9/10)
«(...) Que S. Fr. Nuno esteja connosco, como estava em Aljubarrota ao lado do Mestre, como esteve em Granada batendo nas veias de Isabel, como pulsou em Lepanto animando o coração heróico de D. João de Áustria! E o Portugal-Maior regressará à posse dos seus antigos roteiros, para que a energia da raça volte a salvar a beleza do mundo, já meio apagada no longo crepúsculo que sobre ela tragicamente anoitece.» (p. 15/16)
António Sardinha
In «Ao princípio era o Verbo», cap. Meditação de Aljubarrota, Livraria Portugália, Lisboa, 1924, págs. 7/8/9/10 e 15/16.

Sobre a Monarquia Constitucional

via Centenário da República de noreply@blogger.com (Luís Bonifácio) em 28/04/09
Eu partilho de muitas das preocupações que o Pedro Arroja tem manifestado neste blog sobre a governabilidade e sobre o futuro de Portugal. A questão coloca-se, pelo menos na aparência, nestes termos: como pode funcionar e que futuro poderá ter um país onde, ao fim de trinta e cinco anos de regime democrático, o estado não realiza as suas funções essenciais, a justiça é de péssima qualidade, a educação medíocre, a segurança muito frágil e a piorar, onde o mercado e a economia privada são quase inexistentes, onde não existe um desígnio nacional que una os cidadãos, onde a instabilidade governativa é regra, e onde ninguém parece saber o que fazer? Para responder a isto, o Pedro foi à História e concluiu que o país só progride em ditadura, melhor, só progrediu verdadeiramente no século passado com a "ditadura boa" do Doutor António de Oliveira Salazar.
Por mim, não discordo do diagnóstico, mas duvido da conclusão. Primeiro, porque nenhuma ditadura é boa. Ainda que permita, ocasionalmente, um certo desenvolvimento económico de um país, as feridas e as cisões que deixa no tecido social têm sempre, a prazo, de ser ultrapassadas. E só há uma maneira de o fazer: terminar com ela, a ditadura, e repor a liberdade e a livre cooperação e competição entre os indivíduos. A História, de resto, demonstra bem a perenidade de todas as ditaduras, até mesmo das mais violentas, como sucedeu com a soviética. A razão é simples: elas são contrárias à natureza livre do homem e, por isso, são-lhe sempre prejudiciais. Mas, em segundo lugar, porque a boa ditadura é uma coisa que não existe. O consentimento só o é quando livre, e por mais férrea que seja uma ditadura sempre haverá quem tenha a coragem da dissensão. Em terceiro lugar, porque uma experiência política como foi o caso do salazarismo, depende exclusivamente da pessoa física que a protagonizou. Neste caso, aliás, a ausência de doutrina política e de ideologia (com excepção do desenho do corporativismo na Constituição de 1933, com baça, muito baça, correspondência com a realidade social portuguesa) eram bem patentes no Estado Novo: para além de algumas dezenas de discursos, Salazar não deixou uma única obra de doutrina. Ela era ele mesmo e a sua acção. Com o fim do homem foi-se o regime, como, aliás, o marcelismo e o 25 de Abril deixaram bem claro.
Eu penso, por isso, que a solução para Portugal passaria por uma outra solução. Ela não deixa de ser evidente. Praticamente um ovo de Colombo, se nos reportarmos à História Contemporânea de Portugal e da Europa. Apenas nos afastam dessa solução os preconceitos ideológicos e os impedimentos legais e constitucionais. Eventualmente, admito, a vontade popular, muito pouco intuitiva nestes assuntos. A solução é, claramente, a da monarquia constitucional. Julgo que não é difícil demonstrá-lo.
Os portugueses são, de facto, propensos à instabilidade e muito pouco vocacionados para a formação de instituições sociais fortes e representativas dos seus interesses e necessidades. A classe política, por sua vez, espelha bem o que é a natureza dos portugueses. É imediatista, não pensa a médio, longo prazo, consome-se em questiúnculas de menor importância, agarra-se vorazmente ao poder assim que o alcança. Por outro lado, não se respeita, nem dentro dos próprios partidos, menos ainda entre os diferentes partidos. Não consegue, assim, estabelecer metas, objectivos e métodos para o desenvolvimento do país, inalteráveis seja qual for o partido do governo que se suceda. Ora, uma das razões do sucesso de países subdesenvolvidos foi, nos últimos anos, manter as políticas, mesmo que mudem os políticos. Basta pensar nos casos da Índia e do Brasil, desde o começo da década de 90 para cá. Ora, na ausência de instituições sociais e políticas fortes e consistentes, reforça-se a necessidade da coesão social e comunitária. Para esse efeito, a monarquia constitucional poderá ser uma excelente resposta. Tem-no sido em todos os países europeus onde existe, não havendo um caso único, pelo menos desde o fim da 2ª guerra mundial, onde não se tenha imposto com naturalidade e harmonia, contribuindo para o reforço dos laços de coesão social e política entre os cidadãos. Num país como Portugal, muito semelhante, nesse aspecto, à Espanha, a tendência para a divisão é enorme. Veja-se o êxito que representou a monarquia espanhola, na implantação e no desenvolvimento da democracia, na credibilização das instituições políticas, na estabilidade governativa, e compare-se com o Portugal democrático da 3ª República.
Estranhamente, por razões que, para mim, permanecem incompreensíveis, a monarquia constitucional estabelece um elo de ligação entre os cidadãos e a comunidade política que não se encontra na república. Ela tem consolidado política e socialmente os países onde vigora e estabelece um princípio de ordem e de harmonia que é muito considerável. Em Portugal, por exemplo, esse elo é quase estabelecido pela população com a figura do Presidente da República, como sabemos, de acordo com a Constituição vigente, uma espécie de monarca sem trono nem sucessão. A verdade, porém, é que se o povo adere entusiasticamente à figura do Presidente, seja ele quem for, o mesmo já se não passa com a classe política, que frequentemente o desrespeita e põe em causa. Por duas razões: porque o presidente é sempre alguém que saiu do seu meio, logo, um político na pré-reforma que eles bem conhecem e com quem litigaram no passado recente; porque a legitimidade de ambos é igual: ela é meramente eleitoral e não institucional.
A experiência republicana portuguesa é, de resto, eloquentemente defensora da monarquia. A I República, como sabemos, foi um domínio de anarquia, de arbitrariedade e da falta do mais elementar senso político. Originou o Estado Novo e os ditos mais de quarenta anos de ditadura. A III República parece estar a afundar-se, sem soluções, e cada vez mais autoritária e instável. Não fosse a União Europeia e, certamente, ninguém de bom senso daria muito tempo pela vida do regime. Se é que o regime ainda estivesse vivo...
A monarquia constitucional, para além do mérito inegável de trazer coesão social, tem a virtude de definir claramente o sistema de governo como parlamentar, conforme a tradição portuguesa e europeia. Na verdade, o presidencialismo nunca colheu no nosso continente, e o parlamentarismo só tem sido efectivamente bem sucedido em países monárquicos, excepcionalmente na Alemanha, neste caso, graças a um muito bem desenhado sistema constitucional responsabilizador dos partidos políticos pelas crises institucionais que eles eventualmente pretendam criar (vd. a moção de censura construtiva, do art. 67º da Constituição Federal). Para além do mais, o exercício do poder moderador, tão necessário em sociedades como a nossa, só é possível por um monarca. Quando um presidente o tenta fazer, é sempre visto como uma "força de bloqueio". E, nas sociedades de cariz democrático e liberal, sem uma natural apetência pela ordem e pela disciplina, como a portuguesa, ao contrário, por exemplo, da alemã, a necessidade de um poder supremo de moderação e influência institucional é absolutamente vital para o desenvolvimento do país. Veja-se, uma vez mais, o caso da Espanha, e diga-se se era concebível a transição democrática sem a existência do rei, bem como a transformação constitucional das autonomias sem a sua decisiva influência e sem o seu papel de coesão sem não interventivo.
Quem escreve estas linhas foi, ao longo de toda a sua vida, ferozmente republicano e ferozmente anti-monárquico. O raciocínio era muito frágil e baseava-se, essencialmente, não na dimensão política e histórica da monarquia, mas nas tristíssimas figuras dos nossos monárquicos. Estes, verdadeiramente, são numa imensa percentagem uma grotesca legião de patetas, que confunde a monarquia com o rei e com uma pretensa fidalguia a que julgam pertencer. Na sua generalidade, os monárquicos portugueses são imensamente saloios e provincianos, quando não genuinamente parolos. Acham que a monarquia seria um regime de corte, para a qual a fidalguia, a que por sangue imaginam pertencer, seria chamada para os mais altos feitos e responsabilidades. Para além do mais, confundem aristocracia com fados, guitarradas e faenas. Têm bigodes retorcidos e falam frequentemente com vozes alteradas e aflautadas. Uns pacóvios, em suma. Todavia, o erro que esta gente comete perante a natureza do regime de que se dizem seguidores, cometia-o eu, em sentido inverso, por razões não muito distantes das deles. De facto, não se pode confundir a monarquia com os monárquicos, sequer com a pessoa do rei. Muito menos nos países onde a monarquia constitucional vigora a "fidalguia" tem assento na mesa do estado. Ao invés da nossa república, onde algum do pariato do 10 de Junho e de muitas outras distinções e reformas precoces por "altos serviços" prestados ao estado se continua a banquetear à custa do contribuinte.
Publicada por rui a.

Era uma vez… Portugal (XX)

via Carreira da Índia de Leonel Vicente em 29/04/09

OS PORTUGUESES EM MARROCOS NO SÉCULO XVI

Como ficou visto anteriormente, o interesse português por Marrocos e pelo Norte de África não foi permanente nem contínuo. É verdade que a conquista de Ceuta constituiu o arranque dos Descobrimentos, e que os portugueses acabaram por tomar uma série de praças marroquinas ao mesmo tempo que avançavam ao longo da costa da Guiné e promoviam a colonização da Madeira, Açores, Cabo verde e São Tomé. No entanto, no final do século XV, Marrocos era uma mera peça num tabuleiro que agora se estendia á Índia o ao Brasil. Vamos hoje falar acerca do que aconteceu nos séculos seguintes, desde o reinado de D. Manuel até ao fim da presença portuguesa em Marrocos.

O reinado de D. Mauel marca o apogeu da presença portuguesa em Marrocos. Foi nesta época que os portugueses mais directamente interferiram na política interna marroquina. Na continuação da política de D. João II, o interesse português centrava-se cada vez mais no Sul de Marrocos, e já não nas praças do Norte, junto ao Estreito de Gibraltar. Era no Sul que se localizava a rica região produtora de cereais e onde se obtinham os produtos para o comércio português na Guiné. Os portugueses abrem uma feitoria em Meça, e mais tarde constroem o castelo de Agadir. Porém, ao contrário de D. João II, foram feitas conquistas: primeiro Safim, depois Azamor e Mazagão, Mogador e Aguz. Outras tentativas falharam, nomeadamente as expedições contra Mamora, Casablanca, Tetuão e Marrakesh.

Um dos aspectos mais interessantes da política de D. Manuel é o estabelecimento de uma zona de influência portuguesa na Meseta marroquina, cujos habitantes se tornam aliados dos portugueses: são os chamados "mouros de pazes". O plano de D. Manuel era o de cerco ao reino de Fez, o que conseguiu até certa altura mediante as posições conquistadas que referimos há pouco. Porém, o fracasso da expedição contra Mamora, ocorrido em 1515, comprometeu tais planos e impediu o movimento seguinte, que seria certamente o ataque directo a Fez. Nesta expedição morreram cerca de 4000 portugueses, o que foi uma séria derrota para os planos do rei português. Esta data marca, assim, o abrandamento da ofensiva em Marrocos, que nunca mais foi retomada. Já se anunciava o recuo que se seguiria. Com a morte de D. Manuel em 1521, encerra-se este período de forte interferência em Marrocos, e inicia-se a decadência da presença portuguesa nesta região.

Uma das características mais importantes da presença portuguesa em Marrocos, por vezes esquecida, é que o maior ou menor interesse por esta região variava igualmente consoante as condições políticas locais. Em primeiro lugar, Marrocos não era um reino unitário, como hoje em dia. Havia uma capital principal, Fez, mas na realidade diversas regiões, como a cidade de Marrakesh, eram autónomas, sobretudo quando o poder de Fez se encontrava enfraquecido. A população marroquina era heterogénea, sem uma forte identidade nacional; havia frequentes guerras civis e perturbações internas; diversos grupos sucediam-se no poder político, variando assim a oposição à presença portuguesa. A "jihad", ou guerra santa, uma das bases do Islão, era teoricamente um apelo unânime à luta contra os portugueses, mas a realidade demonstrava que algumas dinastias não sentiam este apelo religioso, o que facilitou a penetração portuguesa até à década de 1520.

Por esta altura, este cenário altera-se profundamente. As interferências portuguesas, sobretudo o ataque directo a Marrakesh em 1514 faz despertar uma forte reacção anti-portuguesa e anti-cristã, que despoleta a "jihad" proclamada por diversos chefes religiosos por todo o Marrocos, que conseguem aglutinar em torno de si largos sectores da população. Deste modo, levanta-se uma onda anti-portuguesa que acaba por destronar os sultões reinantes, acusados de corrupção e fraqueza face à interferência estrangeira, isto é, dos portugueses. Este movimento culminará em 1549 com o estabelecimento da dinastia saádida, aguerrida e intolerante para com os cristãos.

Assim, o reinado de D. João III é marcado pelo agravamento das condições em Marrocos. O próprio rei não estava interessado em prosseguir a política do seu pai, considerando que apenas trazia despesas ao reino sem quaisquer resultados práticos. É preciso não esquecer que as dificuldades económicas cresciam igualmente na Índia, pelo que se sentia a necessidade de racionalizar os recursos e reorganizar o Império. Deste modo, D. João III pensou abandonar diversas praças, mantendo apenas aquelas de maior importância estratégica. Esta medida foi muito contestada, tendo muitos elementos da corte manifestado oposição a tal eventualidade. O rei pediu autorização ao Papa para abandonar Safim e Azamor, o que foi feito em 1541 após a perda de Agadir. Os portugueses viriam ainda a abandonat Arzila e Alcácer-Ceguer, alguns anos mais tarde.

Após o reinado de D. João III, sentia-se por todo o país um clima de insatisfação face ao estado a que chegara o Império Português, com o agravamento da situação financeira da Índia. Surgiam propostas alternativas de expansão, a mais importante das quais era a que previa a transferência do interesse português da Índia para o Atlântico. Aqui se localizavam as mais promissoras possessões portuguesas, África e sobretudo o Brasil, ao contrário da Índia, demasiado longínqua e dispendiosa para os difíceis tempos que se avizinhavam. O abandono de Marrocos suscitara, como vimos, forte oposição interna. Com a subida ao trono do jovem D. Sebastião, dado às aventuras guerreiras e ao espírito cavaleiresco, estava assim preparado o cenário para um regresso a Marrocos. O próprio rei estava pessoalmente empenhado nesta empresa, aguardando apenas uma oportunidade para intervir. Em 1474-75 fez uma primeira incursão em Marrocos, tendo para tal obtido uma bula de cruzada. Tudo se encaminhava, assim, para Alcácer-Quibir.

Por esta altura, a política interna marroquina era marcada pelo avanço dos turcos no Norte de África. Um rei marroquino, Mulei Mafamede, deparou com uma forte oposição do seu sobrinho, Mulei Maluco, apoiado pelos turcos. Estando assim iminente um estado de guerra civil, D. Sebastião aproveitou para intervir ao lado do sultão ameaçado, obtendo assim um bom pretexto para orgabizar uma expedição que retomaria, pensava-se, o domínio português na região. Como é sabido, o rei estava redondamente enganado. Sem ligar às dificuldades de organização do exército, parte ele próprio à frente de uma pequena força que desembarca em Marrocos e acabaria por ser destruída, como é sabido, em Alcácer-Quibir, tendo o próprio D. Sebastião desaparecido no desastre, como conta um cronista:

"Cristovão de Moura, ficando só com El-Rei, foram cercados de grande quantidade de mouros. Um mouro velho, de cima do cavalo em que estava, abrindo caminho por entre os outros mouros, se chegou a El-Rei que já estava em prisão sem nada na cabeça, e lhe derrubou a sobrancelha direita e deu com ele do cavalo abaixo; e os outros mouros se sevaram nele dando-lhe outras na cabeça e pela garganta com que o acabaram de o matar."

Assim terminou a última empresa marroquina portuguesa. Restavam três praças nas mãos dos portugueses, que uma após outra acabaram por se perder. A primeira foi Ceuta. Quando em 1640 é aclamado D. João IV e se inicia o período da Restauração, foram enviados mensageiros para todas as possessões portuguesas. O capitão de Ceuta recusou-se a jurar fidelidade ao novo rei, mantendo-se fiel ao rei espanhol. Portugal aceitou posteriormente a perda de Ceuta nos tratados de paz que puseram fim à guerra entre os dois países. Em 1658 foi a vez de Tânger, que foi dada aos ingleses como parte do dote de casamento (em conjunto com Bombaim, na Índia) da princesa D. Catarina com o rei de Inglaterra Carlos II. Finalmente, em 1769, e devido ao crescimento das dificuldades de manutenção da última cidade, Mazagão, o Marquês de Pombal ordena o seu abandono, tendo-se procedido à sua evacuação e á sua entrega ao rei de Fez.

Paulo Jorge de Sousa Pinto - texto de apoio a programas de rádio sob a designação "Era uma vez… Portugal", emitidos entre 1993 e 1996 pela RDP-Internacional, em associação com a Sociedade Histórica da Independência de Portugal

terça-feira, 28 de abril de 2009

Gestos que impresionan

via Fidel Alejandro Castro Ruz de samehellas@gmail.com (Same) em 25/04/09
Confieso que muchas veces medité en torno a la dramática historia de John F. Kennedy. Me correspondió conocer la etapa en que fue el mayor y más peligroso adversario de la Revolución. Era algo que no estaba en sus cálculos. Se veía a sí mismo como el representante de una nueva generación de norteamericanos que enfrentaba a la vieja y sucia política de hombres de la calaña de Nixon y lo había derrotado con derroche de talento político.

Lo avalaba su historia de combatiente en el Pacífico y su ágil pluma.

Fue comprometido por sus predecesores en la aventura de Girón por confiar demasiado, ya que no dudaba de la experiencia y capacidad profesional de aquellos. Fue amargo e inesperado su fracaso, apenas tres meses de su investidura. Aunque estuvo a punto de atacar directamente la Isla con las poderosas y sofisticadas armas de su país, en esa ocasión no hizo lo que habría hecho Nixon: emplear los cazabombarderos y desembarcar los marines. Ríos de sangre habrían corrido en nuestra Patria, donde cientos de miles de combatientes estaban dispuestos a morir. Se autocontroló y lanzó una frase lapidaria que no es fácil de olvidar: "La victoria tiene muchos padres, la derrota es huérfana."

Su vida continuó dramática, como una sombra que lo acompañaba todo el tiempo. Pudo más el orgullo herido, y de nuevo se vio arrastrado a la idea de invadirnos. Esto trajo la Crisis de Octubre y los riesgos más graves que ha conocido hasta hoy el mundo de una guerra termonuclear. Emergió como una autoridad de esa prueba gracias a los errores de su adversario principal. Quiso conversar seriamente con Cuba y así lo decidió. Envió a Jean Daniel para conversar conmigo y regresar a Washington. Este cumplía su misión en ese momento, cuando llegó la noticia del asesinato del Presidente Kennedy. Su muerte y la extraña forma en que se programó y llevó a cabo fue verdaderamente triste.

Más tarde conocí a familiares allegados que visitaron Cuba. Nunca comenté las desagradables aristas de su política contra nuestro país, ni hice alusión alguna a los intentos de privarme de la vida. Conocí a su propio hijo ya adulto, que era muy pequeño cuando su padre era Presidente de Estados Unidos. Compartimos como amigos. Murió también en un triste y trágico accidente. Su propio hermano Robert fue también asesinado, multiplicando el dramatismo que acompañó a aquella familia.

A tantos años de distancia, llegó la información de un gesto que impresiona.

Estos días, en que tanto se habló del prolongado e injusto bloqueo a Cuba en las altas esferas de los países del continente, leo en La Jornada, de México, una noticia: "A finales de 1963, el entonces procurador general Robert F. Kennedy buscó anular la prohibición de viajes a Cuba, y hoy su hija, Kathleen Kennedy Townsend, expresó que el presidente Barack Obama debería tomar esto en cuenta y apoyar iniciativas legislativas para permitir a todo estadounidense el libre tránsito a la Isla.

"En documentos oficiales desclasificados por el centro de investigaciones National Security Archive, se registra que el 12 de diciembre de 1963, menos de un mes después del asesinato de John F. Kennedy, el procurador general Robert F. Kennedy envió un comunicado al secretario de Estado, Dean Rusk, instando a que se retiraran las regulaciones prohibiendo los viajes de estadounidenses a Cuba...

"Robert Kennedy argumentaba que la prohibición violaba las libertades estadounidenses. Según el documento, afirmó que las actuales restricciones de viajes son inconsistentes con las libertades tradicionales estadounidenses.

"...Esa posición no ganó el argumento dentro del gobierno de Lyndon B. Johnson, y el Departamento de Estado opinó que suspender las restricciones sería percibido como un aflojamiento de la política hacia Cuba y que formaban parte de un esfuerzo conjunto de Estados Unidos y otras repúblicas americanas para aislar a Cuba.

"En un artículo de opinión de Kathleen Kennedy publicado hoy en el Washington Post, la hija de Robert expresa su deseo de que la postura de su padre sea adoptada por el gobierno de Barack Obama, y que esta sea la posición promovida por el procurador general Eric H. Holder, Jr., mientras el gobierno de Obama considera su próximo paso con Cuba, el cual debería ser avanzar más allá de permitir que sólo los cubano-estadounidenses viajen libremente a la isla y abordar los derechos de todos los estadounidenses, la mayoría de los cuales no tienen la libertad de ir.

"Kathleen Kennedy escribe que tal como aprendió Obama en la cumbre del pasado fin de semana, los líderes latinoamericanos han adoptado un mensaje coordinado sobre Cuba: este es el momento de normalizar relaciones con La Habana... Al continuar intentando aislar a Cuba, esencialmente dijeron a Obama, Washington sólo ha logrado aislarse a sí mismo.

"Así, la sobrina del presidente que intentó invadir y derrocar al gobierno revolucionario cubano e imponer el bloqueo, se suma ahora a un coro cada vez más amplio en favor de revertir esas políticas establecidas hace medio siglo."

¡Digno artículo de Kathleen Kennedy!

Fidel Castro Ruz
Abril 24 de 2009
1 y 17 p.m.

PARABÉNS, SALAZAR!

via o sexo dos anjos de manuel.azinhal@gmail.com (Manuel) em 28/04/09

Debates

via INCONFORMISTA.INFO de harms em 28/04/09
«O senhor não vê a facilidade com que toda a gente discute nos jornais e pelos cafés, sem que, por assim dizer, surja ninguém com colaborações sérias e valiosas que tanto seriam de agradecer? Duma maneira geral, não há, neste País, quem realize. Pensa-se e divaga-se com abundância e facilidade impressionantes, mas, chegados á hora das realizações serenas, das provas reais, poucos são os que resistem à seriedade grave dos problemas que pesam sobre o país».

António Oliveira Salazar
in "Citações", Org. de Fernando de Castro Brandão, 2008.

AINDA OTELO

via DA TAILÂNDIA COM AMOR E HUMOR de Jose Martins em 27/04/09


ISTO NÃO É NOSSO. APARECEU NO CORREIO ELECTRÓNICO (E-mail
PORTUGAL : O crime compensa onde o terrorismo dá direito a promoção no Exército Otelo Saraiva de Carvalho foi o líder operacional das FP-25 de Abril.
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Este facto foi julgado e provado em tribunal.
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Entre os crimes de que foi acusado, estavam o assassinato de 17 pessoas, de uma forma fria, brutal e cobarde.
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Apesar disso, Otelo foi promovido a Coronel por despacho conjunto do Ministro da Defesa e das Finanças.
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Entre as vitimas, estava o meu Pai, Gaspar Castelo-Branco, Director Geral dos Serviços Prisionais, assassinado a sangue frio, de forma cobarde, com dois tiros na nuca.
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Apesar da sua coragem e sentido de dever, Gaspar Castelo-Branco, foi ostensivamente esquecido pelo poder vigente.
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No ano da sua morte, foi proposto para uma condecoração, recusada por Mário Soares.
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Hoje, Otelo é promovido a Coronel, com uma indemnização superior aquela que receberam as famílias das vítimas que assassinou.
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Não vale a pena expressar ainda mais a minha vergonha, revolta e incompreensão.
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Este Ministro que o promoveu, não tem memória nem vergonha, não merece o meu respeito nem dos Portugueses.
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Gaspar Castelo-Branco não foi assassinado por se opor ou discordar das FP-25 Abril, mas porque no exercício da sua função, ao serviço do Estado, cumpriu o seu dever, acatou ordens com coragem e sentido de dever.
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Era o homem certo no lugar errado e por isso foi morto.
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Foi o mais alto funcionário do estado a ser vítima dos terroristas das FP-25 de Abril.
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Um filho indignado e envergonhado com o seu País

Era uma vez… Portugal (XIX)

via Carreira da Índia de Leonel Vicente em 28/04/09

OS PORTUGUESES EM MARROCOS NO SÉCULO XV

Durante mais de trezentos anos, mais concretamente entre 1415 e 1769, Portugal teve possessões no Norte de África. Isto mostra que Marrocos acompanhou toda a época dos Descobrimentos, desde os seus primórdios até aos meados do século XVIII. O interesse português por esta região teve, de facto, altos e baixos, épocas de grande empenho e alturas de desinteresse, ao mesmo tempo em que se explorava a costa africana e se colonizavam os arquipélagos atlânticos, em que chegava à Índia e se descobria o Brasil, em que Portugal perdia e depois recuperava a sua independência. Vamos falar, hoje e na próxima semana, deste percurso da presença portuguesa em Marrocos e das suas principais etapas.

O primeiro grande marco que assinala o início da expansão portuguesa teve lugar em Marrocos. Trata-se, como é bem sabido, da conquista de Ceuta, que ocorreu em 1415. No entanto, o interesse português, ou europeu na generalidade, pelo Norte de África é bem anterior. É preciso compreender que, na mentalidade europeia do século XV, se considerava Marrocos como o prolongamento natural da Península Ibérica, estando ambas as regiões ligadas por antigas e fortes raízes geográficas, culturais e económicas. No entanto, havia uma separação, uma inimizade radical: a Europa era cristã, e Marrocos muçulmano. Mas aqui sabia-se que o Norte de África havia, muito tempo atrás, sido cristão. No século XV, já não restava território muçulmano em Portugal; a chamada "Reconquista" havia terminado há mais de cem anos, mas entendia-se que o esforço de recuperar o antigo território para a Cristandade bem podia estender-se para lá do Estreito de Gibraltar. Havia ainda um reino muçulmano na Península, o reino de Granada, mas os castelhanos não aceitariam uma interferência portuguesa no que consideravam ser território seu a conquistar a curto prazo. Só o fariam, no entanto, em 1492.

Em Portugal haviam assim uma predisposição latente para continuar o avanço para Sul. O momento para tal só surgiu, porém, em 1415. Quais os motivos que levaram os portugueses a tal acto, e porquê só nesta data? As razões são múltiplas. Em primeiro lugar, Portugal havia saído de uma longa guerra com Castela, onde assegurou a sua independência, com uma nova dinastia, a do Mestre de Avis, agora D. João I, e uma nova classe dirigente e aguerrida. Após a assinatura da paz com os castelhanos, em 1411, sentia-se a necessidade de agir no sentido de valorizar Portugal aos olhos de toda a Cristandade, e igualmente impôr algum respeito aos nossos vizinhos. Para tal, nada melhor do que tomar uma cidade muçulmana, o que era, aliás, abençoado pelo Papa e celebrado por toda a Europa. Uma vez que Castela vedava o acesso a Granada, Marrocos era a melhor escolha.

Por esta altura, havia uma concordância quase total em conquistar Ceuta, desde ao rei aos infantes, da nobreza á burguesia de Lisboa. Sendo Ceuta uma rica cidade, onde afluíam diversas mercadorias de todo o Mundo Muçulmano, era uma boa oportunidade para obter uma rica presa e tentar lucrar futuramente com tal conquista. Aliás, o domínio da cidade seria uma posição estratégica importante no Estreito de Gibraltar, que dominava a entrada do Mediterrâneo, permitindo combater a pirataria moura na região e abrir o acesso a uma região rica em recursos, desde as pescas ao comércio do ouro, do açúcar e dos cereais do Sul de Marrocos.

Após a conquista da cidade, os portugueses cedo se aperceberam que uma coisa era tomar Ceuta, outra bem mais difícil era mantê-la em mãos portuguesas. A cidade passou a estar periodicamente cercada, obrigando ao envio permanente de tropas e mantimentos. Esta inesperada resistência e hostilidade aos portugueses impedia o que se julgava bem mais fácil, isto é, o prosseguimento da conquista de Marrocos que muitos advogavam. Assim, uma boa parte da classe dirigente portuguesa passou a preferir um outro vector de expansão, mais pacífico e menos dispendioso: o das viagens de descobrimento da costa e de comércio pacífico, assim como o da colonização da Madeira e dos Açores, entretanto descobertos. Esta via de expansão teve um importante defensor na pessoa do Infante D. Pedro, sobretudo após o fracasso da segunda tentativa de avanço em Marrocos, o malogrado ataque a Tânger, onde ficou refém o seu irmão D. Fernando. No entanto, é preciso entender que, aos olhos da mentalidade da época, as viagens de descobrimento e de comércio pacífico na costa africana não tinham o prestígio e o valor das conquistas guerreiras e da guerra aos muçulmanos, e os portugueses, a começar pelo Infante D. Henrique, para aqui se voltaram apenas porque o prosseguimento da conquista marroquina surgia como inviável.

Ao longo do século XV, assim, os portugueses voltaram ocasionalmente à conquista marroquina, sempre que tal surgia como uma boa oportunidade. Durante a regência do Infante D. Pedro, como vimos, os portugueses viram-se para a exploração atlântica, sendo uma época de rápido avanço para Sul e do incremento do comércio africano. Porém, com a subida ao trono de D. Afonso V, após a batalha de Alfarrobeira, Marrocos volta novamente a ser uma prioridade, em boa parte devido ao interesse pessoal deste rei. Entretanto, morre o Infante D. Henrique, o grande promotor dos Dscobrimentos, pelo que as viagens sofrem um momentâneo impasse. A conquista de Marrocos está, assim, novamente na ordem do dia.

Durante este reinado os portugueses tomaram Alcácer-Ceguer, Tânger e Arzila. O rei participou em pessoa na conquista desta última cidade, assim como o seu filho D. João, futuro D. João II, que aqui foi armado cavaleiro com 16 anos de idade devido à sua valentia demosntrada em combate. Eis como descreve o cronista Rui de Pina o comportamento do príncipe em Arzila:

"Certamente era grande glória ver aquele dia na mão do príncipe em idade de 16 anos sua espada de bravos golpes torcida, e de sangue de infiéis em todo banhada, em cuja vista a maior parte da alegria era de El-Rei seu pai, que naquela vitória e perigo o tomou por parceiro, vendo que em ajuda tão necessária e perigo tão conhecido não poderá no mundo escolher melhor companheiro do aquele que gerara por filho."

Com D. João II, nova viragem. Marrocos passa a deter definitivamente um papel subalterno na expansão portuguesa. O avanço na costa africana e a descoberta do caminho marítimo para a Índia são doravante os grandes objectivos. Por esta altura, os horizontes dos portugueses alargavam-se a um ritmo muito rápido. Marrocos era apenas uma peça no plano mais vasto de expansão do rei D. João, que retoma o interesse meramente pacífico e comercial do seu tio o infante D. Pedro, abandonando a política de conquistas. O seu principal interesse em Marrocos era o de obter produtos que servissem para o comércio da Guiné, que nesta altura conhece uma grande expansão. Assim, o rei irá promover os contactos e a penetração pacífica, o atenuou bastante o clima de permanente tensão que se vivia junto das praças portuguesas. Durante o seu reinado, as cidades de Safim e Azamor, no sul de Marrocos, colocam-se sob a protecção portuguesa. D. João II conseguiu abrir uma feitoria em Orão e uma em Fez, no coração de Marrocos, o que espelha bem o ambiente pacífico que conseguiu promover. Fracassou, porém, a sua tentativa de construir uma fortaleza no Algarve marroquino, a Graciosa.

No reinado seguinte, de D. Manuel, os portugueses voltam a interessar-se por Marrocos, assinalando o auge da presença portuguesa nesta região, como veremos em breve.

Paulo Jorge de Sousa Pinto - texto de apoio a programas de rádio sob a designação "Era uma vez… Portugal", emitidos entre 1993 e 1996 pela RDP-Internacional, em associação com a Sociedade Histórica da Independência de Portugal

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Salazar e Nun'Álvares Pereira

Era uma vez… Portugal (XVIII)

via Carreira da Índia de Leonel Vicente em 27/04/09

MARTIM AFONSO DE SOUSA E A COLONIZAÇÃO DO BRASIL

A descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, no ano de 1500, não despertou grande interesse em Portugal. Durante os anos seguintes, os portugueses limitaram-se a reconhecer algumas partes da costa brasileira e construir alguns fortes. Nesta época, todas as atenções estavam voltadas para a Índia e para a consolidação da presença portuguesa no Oriente. Era aqui que o rei D. Manuel investia os seus recursos, sendo o Brasil apenas um ponto de apoio ás naus que regressavam da Índia. O pau-brasil era o seu produto mais apreciado e importante, mas em nada comparável ás especiarias que os portugueses traziam do Oriente. Pretendia-se também reconhecer a costa, e saber até onde se estendia a terra que, segundo o Tratado de Tordesilhas, cabia por direito a Portugal. Assim, o Brasil desempenhou, até á década de 1530, um papel secundário no seio do Império Português. A certa altura, porém, os portugueses começam a interessar-se pelo Brasil, interesse esse despoletado por um factor essencial: a ameaça francesa que pairava sobre os interesses portugueses. É, de facto, a interferência francesa no Atlântico, ao enviar armadas ao Brasil, ameaçando a segurança da Rota do Cabo, que ligava Portugal ao Oriente, que levaria os portugueses a agir rapidamente no sentido da fixação permanente. E assim se iniciou a colonização da costa brasileira.

O problema da concorrência europeia nos mares explorados pelos portugueses é algo que se colocou em todo o processo dos Descobrimentos. O Tratado de Tordesilhas, assinado entre D. João II e os Reis Católicos de Espanha, deixava de fora outras potências, que cobiçavam cada vez mais os proveitos retirados pelos portugueses e espanhóis, quer no Oriente, quer no Novo Mundo. Os franceses foram os primeiros: logo em 1503 preparam uma armada com destino ao Índico, tendo contratado dois pilotos portugueses. Porém, uma tempestade arrasta-a á costa brasileira, onde carrega pau-brasil. Nos anos seguintes, o rei de França favorece e dá cobertura a diversas iniciativas de corsários franceses no Brasil, que para além de se abastecerem do referido produto pretendiam interceptar os navios portugueses regressados da Índia, carregados de especiarias. D. Manuel, e mais tarde D. João III, responde a esta ameaça com duas ofensivas: em primeiro lugar, enviando armadas de policiamento do Atlântico e da costa brasileira, e construindo aqui uma rede de feitorias que consolidassem a presença portuguesa; depois, desencadeando uma ofensiva diplomática junto da corte francesa e da Santa Sé, protestando e reclamando os direitos de Portugal á navegação atlântica.

A diplomacia não conseguiu, porém, resolver o conflito. Pelo contrário, este agravou-se, e no fim da década de 1520 D. João III apercebe-se da gravidade da situação e da dimensão da ameaça francesa, e passa a considerar várias propostas de colonização e de fixação permanente no Brasil. Acabou por agir rapidamente, preparando logo em 1530 uma grande frota com destino ao Brasil, comandada por Martim Afonso de Sousa e levando cerca de 400 povoadores, entre portugueses, alemães e italianos. Assim se iniciou verdadeiramente a colonização portuguesa no Brasil.

A missão de Martim Afonso de Sousa era vasta: Policiar a costa brasileira e expulsar os franceses; reconhecer de forma profunda a costa, desde o Amazonas até ao Rio da Prata, assinalando a soberania portuguesa em diversos locais; procurar vestígios de metais preciosos; iniciar a colonização, estabelecendo as condições necessárias para o povoamento. Tinha poderes correspondentes a um verdadeiro governador, jurídicos, administrativos, militares e económicos. Levou a bom termo a missão que lhe foi confiada, mau-grado os poucos recursos de que dispunha para tal empresa. Uma das acções que contribuiram para o seu bom êxito foi o contacto com os portugueses anteriormente instalados em algumas localidades, que tinham boas relações com as populações locais: tal facilitou a fixação dos povoadores junto das populações índias que se mostravam abertas aos portugueses. Convém não esquecer que outras já se haviam revelado hostis, havendo mesmo alguns grupos aliados dos franceses.

Mas o aspecto mais importante da acção de Martim Afonso de Sousa diz respeito á colonização propriamente dita, iniciada no sul, onde a presença portuguesa era mais débil. A 22 de Janeiro de 1532, os portugueses fundam duas vilas: a de S. Vicente, na costa e, um pouco no interior, junto ao rio Piratininga, a que mais tarde se chamaria S. Paulo. Tal acontecimento ficou registado no diário de Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso de Sousa, que conta:

"Terça feira, pela manhã, fui num batel da banda de aloeste da baía e achei um rio estreito, em que as naus se podiam correger, por ser muito abrigado de todos os ventos, e á tarde metemos as naus dentro com o vento sul. Como fomos dentro, mandou o capitão fazer uma casa em terra para meter as velas e enxárcia. Aqui, neste porto de São Vicente, varámos uma nau em terra. A todos nos pareceu tão bem esta terra, que o capitão determinou de a povoar e deu a todos os homens terras para fazerem fazendas e fez uma vila na ilha de São Vicente e outra nove léguas dentro pelo sertão, á borda de um rio que se chama Piratininga, e repartiu a gente nestas duas vilas e fez nelas oficiais e pôs tudo em boa obra de justiça, de que a gente toda tomou muita consolação com verem povoar vilas e ter leis e sacrifícios e celebrar matrimónios e viverem em comunicação das artes e ser cada um senhor do seu (…)".

Foi este um dos grandes núcleos da presença portuguesa no Brasil, e aquele em que se deu início á exploração agrícola. Aqui se experimentou o cultivo da vinha e do trigo, mas sobretudo o da cana-de-açúcar, com a instalação dos respectivos engenhos. Foi também incrementada a pecuária, com o recurso a gado proveniente de Cabo Verde e adaptado ao clima local. Já anteriormente, porém, se havia lançado gado com vista á sua aclimatação. Ao regressar a Portugal com os resultados da sua missão, Martim Afonso de Sousa faz escala em Pernambuco, onde expulsa os franceses aí instalados, e destrói a respectiva fortaleza.
Iniciada a colonização com a expedição de Martim Afonso de Sousa, era necessário dar-lhe continuidade. Mas o rei D. João III apercebe-se de que a Coroa não tinha poder nem recursos suficientes para promover por si só a colonização da costa brasileira, que era demasiado vasta. Como a ameaça francesa permanecia um motivo de preocupação, decide então adoptar o modelo já aplicado com sucesso ás ilhas atlânticas, o das capitanias. Na prática, isto consistiu na divisão da linha de costa em lotes, que foram entregues a diversos capitães, abrangendo todo o Brasil. Cada capitão teria a obrigação de, ás suas custas, promover o povoamento, impedir a fixação dos franceses, explorar a terra e os seus recursos, e procurar metais preciosos. Tinha direito a algumas parcelas de terra, e a outros rendimentos que compensavam os seus encargos com a colonização. Deste modo, foi possível prosseguir o trabalho de povoamento que, com alguma s alterações, subsistiu até muito tarde, e permitiu enfrentar as ameaças á presença portuguesa no continente, nomeadamente a holandesa, já no século XVII.

Quanto a Martim Afonso de Sousa, ao chegar a Lisboa, é nomeado capitão-mor da Índia, para onde parte em 1534. Os seus serviços no Oriente foram de tal maneira importantes que o rei o nomeia vice-rei da Índia alguns anos depois. Não mais voltou a terras brasileiras, permanecendo a partir de 1547 como conselheiro do rei. Viria a falecer apenas em 1571, ficando para sempre registado o seu nome como o responsável pelo início da colonização portuguesa no Brasil.

Paulo Jorge de Sousa Pinto - texto de apoio a programas de rádio sob a designação "Era uma vez… Portugal", emitidos entre 1993 e 1996 pela RDP-Internacional, em associação com a Sociedade Histórica da Independência de Portugal

Era uma vez… Portugal (XVIII)

via Carreira da Índia de Leonel Vicente em 26/04/09

MARTIM AFONSO DE SOUSA E A COLONIZAÇÃO DO BRASIL

A descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, no ano de 1500, não despertou grande interesse em Portugal. Durante os anos seguintes, os portugueses limitaram-se a reconhecer algumas partes da costa brasileira e construir alguns fortes. Nesta época, todas as atenções estavam voltadas para a Índia e para a consolidação da presença portuguesa no Oriente. Era aqui que o rei D. Manuel investia os seus recursos, sendo o Brasil apenas um ponto de apoio ás naus que regressavam da Índia. O pau-brasil era o seu produto mais apreciado e importante, mas em nada comparável ás especiarias que os portugueses traziam do Oriente. Pretendia-se também reconhecer a costa, e saber até onde se estendia a terra que, segundo o Tratado de Tordesilhas, cabia por direito a Portugal. Assim, o Brasil desempenhou, até á década de 1530, um papel secundário no seio do Império Português. A certa altura, porém, os portugueses começam a interessar-se pelo Brasil, interesse esse despoletado por um factor essencial: a ameaça francesa que pairava sobre os interesses portugueses. É, de facto, a interferência francesa no Atlântico, ao enviar armadas ao Brasil, ameaçando a segurança da Rota do Cabo, que ligava Portugal ao Oriente, que levaria os portugueses a agir rapidamente no sentido da fixação permanente. E assim se iniciou a colonização da costa brasileira.

O problema da concorrência europeia nos mares explorados pelos portugueses é algo que se colocou em todo o processo dos Descobrimentos. O Tratado de Tordesilhas, assinado entre D. João II e os Reis Católicos de Espanha, deixava de fora outras potências, que cobiçavam cada vez mais os proveitos retirados pelos portugueses e espanhóis, quer no Oriente, quer no Novo Mundo. Os franceses foram os primeiros: logo em 1503 preparam uma armada com destino ao Índico, tendo contratado dois pilotos portugueses. Porém, uma tempestade arrasta-a á costa brasileira, onde carrega pau-brasil. Nos anos seguintes, o rei de França favorece e dá cobertura a diversas iniciativas de corsários franceses no Brasil, que para além de se abastecerem do referido produto pretendiam interceptar os navios portugueses regressados da Índia, carregados de especiarias. D. Manuel, e mais tarde D. João III, responde a esta ameaça com duas ofensivas: em primeiro lugar, enviando armadas de policiamento do Atlântico e da costa brasileira, e construindo aqui uma rede de feitorias que consolidassem a presença portuguesa; depois, desencadeando uma ofensiva diplomática junto da corte francesa e da Santa Sé, protestando e reclamando os direitos de Portugal á navegação atlântica.

A diplomacia não conseguiu, porém, resolver o conflito. Pelo contrário, este agravou-se, e no fim da década de 1520 D. João III apercebe-se da gravidade da situação e da dimensão da ameaça francesa, e passa a considerar várias propostas de colonização e de fixação permanente no Brasil. Acabou por agir rapidamente, preparando logo em 1530 uma grande frota com destino ao Brasil, comandada por Martim Afonso de Sousa e levando cerca de 400 povoadores, entre portugueses, alemães e italianos. Assim se iniciou verdadeiramente a colonização portuguesa no Brasil.

A missão de Martim Afonso de Sousa era vasta: Policiar a costa brasileira e expulsar os franceses; reconhecer de forma profunda a costa, desde o Amazonas até ao Rio da Prata, assinalando a soberania portuguesa em diversos locais; procurar vestígios de metais preciosos; iniciar a colonização, estabelecendo as condições necessárias para o povoamento. Tinha poderes correspondentes a um verdadeiro governador, jurídicos, administrativos, militares e económicos. Levou a bom termo a missão que lhe foi confiada, mau-grado os poucos recursos de que dispunha para tal empresa. Uma das acções que contribuiram para o seu bom êxito foi o contacto com os portugueses anteriormente instalados em algumas localidades, que tinham boas relações com as populações locais: tal facilitou a fixação dos povoadores junto das populações índias que se mostravam abertas aos portugueses. Convém não esquecer que outras já se haviam revelado hostis, havendo mesmo alguns grupos aliados dos franceses.

Mas o aspecto mais importante da acção de Martim Afonso de Sousa diz respeito á colonização propriamente dita, iniciada no sul, onde a presença portuguesa era mais débil. A 22 de Janeiro de 1532, os portugueses fundam duas vilas: a de S. Vicente, na costa e, um pouco no interior, junto ao rio Piratininga, a que mais tarde se chamaria S. Paulo. Tal acontecimento ficou registado no diário de Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso de Sousa, que conta:

"Terça feira, pela manhã, fui num batel da banda de aloeste da baía e achei um rio estreito, em que as naus se podiam correger, por ser muito abrigado de todos os ventos, e á tarde metemos as naus dentro com o vento sul. Como fomos dentro, mandou o capitão fazer uma casa em terra para meter as velas e enxárcia. Aqui, neste porto de São Vicente, varámos uma nau em terra. A todos nos pareceu tão bem esta terra, que o capitão determinou de a povoar e deu a todos os homens terras para fazerem fazendas e fez uma vila na ilha de São Vicente e outra nove léguas dentro pelo sertão, á borda de um rio que se chama Piratininga, e repartiu a gente nestas duas vilas e fez nelas oficiais e pôs tudo em boa obra de justiça, de que a gente toda tomou muita consolação com verem povoar vilas e ter leis e sacrifícios e celebrar matrimónios e viverem em comunicação das artes e ser cada um senhor do seu (…)".

Foi este um dos grandes núcleos da presença portuguesa no Brasil, e aquele em que se deu início á exploração agrícola. Aqui se experimentou o cultivo da vinha e do trigo, mas sobretudo o da cana-de-açúcar, com a instalação dos respectivos engenhos. Foi também incrementada a pecuária, com o recurso a gado proveniente de Cabo Verde e adaptado ao clima local. Já anteriormente, porém, se havia lançado gado com vista á sua aclimatação. Ao regressar a Portugal com os resultados da sua missão, Martim Afonso de Sousa faz escala em Pernambuco, onde expulsa os franceses aí instalados, e destrói a respectiva fortaleza.

Iniciada a colonização com a expedição de Martim Afonso de Sousa, era necessário dar-lhe continuidade. Mas o rei D. João III apercebe-se de que a Coroa não tinha poder nem recursos suficientes para promover por si só a colonização da costa brasileira, que era demasiado vasta. Como a ameaça francesa permanecia um motivo de preocupação, decide então adoptar o modelo já aplicado com sucesso ás ilhas atlânticas, o das capitanias. Na prática, isto consistiu na divisão da linha de costa em lotes, que foram entregues a diversos capitães, abrangendo todo o Brasil. Cada capitão teria a obrigação de, ás suas custas, promover o povoamento, impedir a fixação dos franceses, explorar a terra e os seus recursos, e procurar metais preciosos. Tinha direito a algumas parcelas de terra, e a outros rendimentos que compensavam os seus encargos com a colonização. Deste modo, foi possível prosseguir o trabalho de povoamento que, com alguma s alterações, subsistiu até muito tarde, e permitiu enfrentar as ameaças á presença portuguesa no continente, nomeadamente a holandesa, já no século XVII.

Quanto a Martim Afonso de Sousa, ao chegar a Lisboa, é nomeado capitão-mor da Índia, para onde parte em 1534. Os seus serviços no Oriente foram de tal maneira importantes que o rei o nomeia vice-rei da Índia alguns anos depois. Não mais voltou a terras brasileiras, permanecendo a partir de 1547 como conselheiro do rei. Viria a falecer apenas em 1571, ficando para sempre registado o seu nome como o responsável pelo início da colonização portuguesa no Brasil.

Paulo Jorge de Sousa Pinto - texto de apoio a programas de rádio sob a designação "Era uma vez… Portugal", emitidos entre 1993 e 1996 pela RDP-Internacional, em associação com a Sociedade Histórica da Independência de Portugal

Recomeçar tudo

via INCONFORMISTA.INFO de Miguel Vaz em 22/04/09
«Ainda há pouco, há poucochinho, nós, portugueses, éramos um império dilatado a todo o mundo, e já hoje por hoje não somos senão uma courela exiguamente entaipada na Península, um grotesco retalho de Europa de lilli­putianas proporções, um pobre lameiro irrelevante, um rematadito bairro‑da‑lata... Encolhemos. En­colheram‑nos! E da nossa vocação nacional‑universalista não há mais que falar. Ou ainda há, talvez, mas só naquela mesma medida em que certa personagem de Agustina colocava a questão, quando "dizia que a África haveria de conter o fantasma do português em tudo o que o subs­tituísse".
Àparte isso, a única alternativa em aberto, que nos sobra por agora, con­sistirá em nos glosarmos e em nos repetirmos historicamente passo por passo ‑ fundando‑nos de novo como Nação vocacionada e soberana, e erigindo‑nos novamente como Povo às culminâncias do que nos está cometido empreender ainda.
Trata‑se de principiarmos outra vez a ser coisa que se veja, e de recomeçar tudo, em segunda edição. Se neces­sário, a partir dos Hermínios...
Responder à afundação da na­cionalidade mediante uma segunda fundação da mesma; e, com alguns tantos fundadores, tratar de replicar à desalmada horda dos afundadores!
Recapitulando e concluindo. De agora em diante, há que rapar virilmen­te da caneta e de uma folha em branco, e começar a escrever tudo de novo ‑ tendo sempre bem presente que a nos­sa acção há‑de ser ditada por desígnios eminentemente fundacionais, sob pena de nada valer de nada.»


domingo, 26 de abril de 2009

QUANDO OS CRAVOS MURCHAM

via CACETEIRO de noreply@blogger.com (caceteiro) em 25/04/09

"Na manhã de 25 de Abril de 1974 um amigo do professor Bissaia Barreto telefonou-lhe: rebentara uma revolução, que já se declarava triunfante. O velho mestre de Coimbra, que fora dentro do Estado Novo o cabecilha da corrente democrática, teve apenas este comentário: - «Olhe, meu amigo, rebentou um cano de esgoto.»"

Barradas de Oliveira, Quando os Cravos Murcham, pág. 9

Um grupelho destes energúmenos criminosos - EM NOME DE UNS QUANTOS TOSTÕES, DESTRUÍRAM A MAIS ANTIGA NAÇÃO DA EUROPA

Conquistada a pulso firme homens de honra e coragem por Heróis sobre as suas vidas, com audácia e coragem, sofrimento e lágrimas, sob juramento de lealdade, dedicação e amor na defesa ao serviço da sua Nação.

Um exército é uma das bases da estabilidade, da confiança, da defesa, do respeito, da dignidade, do prestígio, do orgulho, da honra de qualquer Nação civilizada. Existem situações das quais inaptos não podem participar, mesmo na mais simples situação, os ignorantes não sabem como tratar, pior se torna quando ignorantes têm propensão ao crime organizado.

No exército de Portugal existiram Heróis, homens com honra, coragem e patriotismo que deram e davam as suas vidas pela defesa da sua Pátria, mas todos nós sentimos como vítimas que nas suas fileiras perfilavam uma espécie de canalha, criminosa apátrida.

Um grupo de soldados a 25 de Abril de 1974 – destes criminosos –, saíram de um qualquer quartel utilizando abusivamente de forma ilícita material de guerra que se encontra confiado a um exército e atentaram contra a Pátria, em paz (sim, paz !!! porque não se pode chamar guerra a focos de terroristas), utilizando esse material de guerra não para defesa da Pátria, mas, contra a sua própria Pátria (Crime de Lesa-Pátria, só assistido em Portugal como um país da Europa), e civilizado na altura).

A causa!? Por mais erróneo que seja, por mais que às mentes e compreensão de milhões de portugueses seja repugnante a razão não se encontre uma justificação para tão desprezível e apátrida acto dizem eles: por reivindicação por aumento de salários !!!.

Não atentaram contra uma entidade particular, utilizaram armas de guerra propriedade de um Estado para a defesa da sua integridade territorial como Nação e a paz dos seus povos.

Poderemos imaginar facilmente as consequências se um qualquer empregado para reivindicar um qualquer status laboral ou aumento no seu salário o fizesse sob coacção pelo terror de uma qualquer arma de fogo,(na hipótese seria morto ou preso e expulso do local de trabalho) essa seria a justiça adequada, para um desequilibrado de índole criminosa.

Um grupelho destes energúmenos criminosos, que pelo seu comportamento e participação na amputação da Pátria , e pelos consequentes dramas daí resultantes, são impróprios de viver paredes meias com pessoas que se bateram em defesa da mais antiga Nação da Europa.

Se sem ambiguidades estes monte de excrementos que medraram entre a traição a hipocrisia e a vilania para esta escória da sociedade, o destino será o contentor dos resíduos da Pátria ou a valeta dos detritos da História, tornou-se no carrasco de um povo que foi grande e que desde 1974 definha, por lhe terem destruído a mística, anulado a personalidade e alienado o sentido Pátrio numa democracia imposta pelas prisões arbitrárias, por sevícias a civis e a militares feitas por energúmenos fardados; por esbulhos, por ocupações selvagens, por violação à justica, por espancamentos, por coacções psicológicas, por afrontas a gente humilde e honrada, não se pode dizer que este regime seja límpido e cristalino, como os intitulados pais da pequena pátria pretendem fazer crer.

Entendemos nós que a democracia genuína não se impõe pela força das armas, nem pela constante mentira. Não foi o povo que se levantou e lutou pelo regime político em que

vivemos desde 1974. A democracia que nos oprime psicologicamente emergiu de um golpe militar que teve origem em reivindicações de uns quantos improbos, insanes, malfardados. Enfraquecida a Nação, depauperado o sentido Pátrio, anestesiado o povo as perspectivas que se abrem aos portugueses são muito sombrias, pressagiando um colapso de consequências imprevisíveis.

Os novos detentores do poder tentam iludir o povo fogem ao esclarecimento dos nefastos acontecimentos que fizeram submergir Portugal num turbilhão de angustiados dramas sob constante ameaça vinda de fora da perda da própria nacionalidade.

O pior que poderia ter acontecido a Portugal e aos portugueses é o de terem sido sobrecarregados por um grupo de indivíduos desorientados pela ambição do mando, que à sombra de uma ideologia estranha a Portugal, cujos seguidores se tratavam por camaradas, desprestigiaram, empobreceram e reduziram Portugal a uma dimensão impensável.

Que se poderá chamar a quantos contribuíram para tamanha tragédia se não Dejectos da sociedade. Cristina da Nóbrega - Monte Estoril Publicado nowww.aloportugal.org

 Fonte: Blogue "aloportugal.org" – post de Cristina da Nóbrega

(título desconhecido) - Homenagem" ao 25 de Abril" - As bichas do nosso desconforto

via DA TAILÂNDIA COM AMOR E HUMOR de Jose Martins em 24/04/09



Homenagem" ao 25 de Abril"
As bichas do nosso desconforto
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Quando vim de África, juntamente com as levas de famílias que de lá vieram também, nos aviões solidários dos TAP, que sucessivamente nos iam despejando cá, na debandada provocada pelo momento feliz que estamos todos a festejar pela trigésima quinta vez com o mesmo cravo rubro na botoeira, habituei-me às bichas da documentação necessária para as transferências dos adultos e das crianças – primeiro lá e depois aqui. Bichas longas, entediantes, morosas, vividas na surpresa do caos que sobre nós desabara com a descolonização.
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Muitos são os heróis que promoveram essa surpresa, bem galardoados pelos seus feitos heróicos em promoções, bons ganhos e perpetuidade na glória. Passado tempo, ultrapassadas as bichas da papelada para reorganização material da vida cá, outras bichas surgiram, mais longas e entediantes ainda, pois duravam o dia inteiro, com continuação, por vezes no seguinte, para se receber o vencimento, reduzido a metade, na situação de funcionários adidos. Eram as bichas no B. N. Ultramarino, ao Rossio, inicialmente, posteriormente transpostas para a FIL, com as avalanches em acréscimo imparável.
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Mas, enfim, a Pátria estendera-nos a mão, restava-nos cumprir e adaptar-nos. O sentimento envergonhado de equiparação com outras levas – de animais ou de desterrados Judeus - não ousávamos manifestá-lo, reconhecendo-nos numa posição infinitamente superior à daqueles, mimados nós outros no confronto.
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Adaptámo-nos. As bichas pararam, excepto as das greves aos produtos. Outras vidas se ergueram, na pretensa estabilidade trazida pela ajuda europeia. Mas a democracia por que os bem intencionados ou os fala-baratos lutaram, ruíra, no outro caos dos laxismos, que generalizaram a indisciplina moral e mental, levando à nossa miséria.
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Outras bichas se formaram e estas estão para se manter. Jovens sem futuro, velhos sem arrimo, os telejornais os mostram, maltrajados, infelizes, tristes, os filhos do nosso amor, que a Pátria, esgotada de recursos, porque houve quem os sugasse, não pode mais obter, desde que a prevaricação se institucionalizou. Custa olhar!
Berta Brás
www.aloportugal.org/
Um grupelho destes energúmenos criminosos
EM NOME DE UNS QUANTOS TOSTÕES, DESTRUÍRAM A MAIS ANTIGA NAÇÃO DA EUROPA.
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Conquistada a pulso firme homens de honra e coragem por Heróis sobre as suas vidas, com audácia e coragem, sofrimento e lágimas, sob juramento de lealdade, dedicação e amor na defesa ao serviço da sua Nação.
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Um exército é uma das bases da estabilidade, da confiança, da defesa, do respeito, da dignidade, do prestígio, do orgulho, da honra de qualquer Nação civilizada. Existem situações das quais inaptos não podem participar, mesmo na mais simples situação, os ignorantes não sabem como tratar, pior se torna quando ignorantes têm propensão ao crime organizado.
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No exército de Portugal existiram Heróis, homens com honra, coragem e patriotismo que deram e davam as suas vidas pela defesa da sua Pátria, mas todos nós sentimos como vítimas que nas suas fileiras perfilavam uma espécie de canalha, criminosa apátrida.
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Um grupo de soldados a 25 de Abril de 1974 – destes criminosos –, saíram de um qualquer quartel utilizando abusivamente de forma ilícita material de guerra que se encontra confiado a um exército e atentaram contra a Pátria, em paz (sim, paz !!! porque não se pode chamar guerra a focos de terroristas), utilizando esse material de guerra não para defesa da Pátria, mas, contra a sua própria Pátria (Crime de Lesa-Pátria, só assistido em Portugal como um país da Europa), e civilizado na altura).
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A causa!? Por mais erróneo que seja, por mais que às mentes e compreensão de milhões de portugueses seja repugnante a razão não se encontre uma justificação para tão desprezível e apátrida acto dizem eles: por reivindicação por aumento de salários !!!.
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Não atentaram contra uma entidade particular, utilizaram armas de guerra propriedade de um Estado para a defesa da sua integridade territorial como Nação e a paz dos seus povos.
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Poderemos imaginar fácilmente as consequências se um qualquer empregado para reinvindicar um qualquer status laboral ou aumento no seu salário o fizesse sob coacção pelo terror de uma qualquer arma de fogo,(na hipótese seria morto ou preso e expulso do local de trabalho) essa seria a justiça adequada, para um desequilibrado de índole criminosa.
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Um grupelho destes energúmenos criminosos, que pelo seu comportamento e participação na amputação da Pátria , e pelos consequentes dramas daí resultantes, são impróprios de viver paredes meias com pessoas que se bateram em defesa da mais antiga Nação da Europa.
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Se sem ambiguidades estes monte de excrementos que medraram entre a traição a hipocrisia e a vilania para esta escória da sociedade, o destino será o contentor dos resíduos da Pátria ou a valeta dos detritos da História, tornou-se no carrasco de um povo que foi grande e que desde 1974 definha, por lhe terem destruído a mística, anulado a personalidade e alienado o sentido Pátrio numa democracia imposta pelas prisões arbitrárias, por sevícias a civis e a militares feitas por energúmenos fardados; por esbulhos, por ocupações selvagens, por violação à justica, por espancamentos, por coacções psicológicas, por afrontas a gente humilde e honrada, não se pode dizer que este regime seja límpido e cristalino, como os intitulados pais da pequena pátria pretendem fazer crer.
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Entendemos nós que a democracia genuína não se impõe pela força das armas, nem pela constante mentira.Não foi o povo que se levantou e lutou pelo regime político em que vivemos desde 1974. A democracia que nos oprime psicologicamente emergiu de um golpe militar que teve origem em reivindicações de uns quantos ímprobos insanes malfardados. Enfraquecida a Nação, depauperado o sentido Pátrio, anestesiado o povo as perspectivas que se abrem aos portugueses são muito sombrias, pressagiando um colapso de consequências imprevisíveis.
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Os novos detentores do poder tentam iludir o povo fogem ao esclarecimento dos nefastos acontecimentos que fizeram submergir portugal num turbilhão de angustiados dramas sob constante ameaça vinda de fora da perda da própria nacionalidade.
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O pior que poderia ter acontecido a portugal e aos portugueses é o de terem sido sobrecarregados por um grupo de indivíduos desorientados pela ambição do mando, que à sombra de uma ideologia estranha a Portugal, cujos seguidores se tratavam por camaradas, desprestigiaram, empobreceram e reduziram Portugal a uma dimensão impensável.
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Que se poderá chamar a quantos contribuiram para tamanha tragédia se não Dejectos da sociedade. Cristina da Nóbrega- Monte Estoril Publicado no www.aloportugal.org
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Nota minha: Porque esta foi a realidade e a tragédia do 25 Abril de 1974, tomei a liberdade de transcrever as peças que foram publicada no website acima designado.
José Martins