segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Vida para lá da Terra

Vida para lá da Terra

via Sopas de Pedra by A. M. Galopim de Carvalho on 8/14/08
.
TÉCNICOS E CIENTISTAS DA NASA e muitos cidadãos deste mundo estão suspensos dos resultados das análises em curso, pela Phoenix, na superfície de Marte. A recente comprovação da existência de água no solo marciano fez renascer o interesse pela procura de indícios de vida presente ou passada, por mais simples que possa ser, através da presença de substâncias associáveis à actividade biológica.
.
São muitos os estudiosos ao mais alto grau do saber científico que aceitam a vida como uma consequência inevitável da evolução natural da matéria no Universo. Como se se tratasse de um destino, às partículas subatómicas primordiais seguiram-se os átomos e, só depois, as moléculas, começando pelas mais simples, a que se sucederam, progressivamente, as mais complexas com capacidade de se reproduzirem. Basta que se reúnam as condições necessárias, ela surje. Foi o que aconteceu aqui, no "planeta azul", com o nascimento de seres muito primitivos, à semelhança das arqueobactérias. A evolução que se seguiu, numa interacção permanente e ao longo de 3800 a 4000 milhões de anos, entre as sucessivas formas de vida, o ar, a água e as próprias rochas, conduziu à biodiversidade actual, cujo expoente de maior complexidade é, sem dúvida, o cérebro humano. Para surgir onde isso lhe é permitido, a vida só precisa de esperar que a matéria cumpra o seu "destino", e, nessa espera, a enormidade do tempo consumido tem uma dimensão que ultrapassa a nossa capacidade de o abarcar. Nada nos diz, pois, que não possa haver vida no "planeta vermelho", tão velho como este seu vizinho que é o nosso. E quem diz em Marte, diz em outro qualquer corpo planetário exterior ao Sistema Solar.
.
São já muitos os chamados exoplanetas, associados a outras estrelas da Galáxia (Via Láctea), referenciados por diversos astrónomos. Este conhecimento, cientificamente comprovado em relação com estrelas relativamente próximas, permite extrapolar esta certeza à totalidade das estrelas do céu, as que vemos e as que nem os mais potentes telescópios conseguem ver, a milhares de milhões de anos de luz de distância, num número da ordem dos 10^22 (cerca de cem mil milhões de galáxias com cerca de cem mil milhões de estrelas, em média, cada uma)
.
Com um número tão descomunal é de admitir razoável probabilidade de existirem estrelas com um sistema planetário no qual um planeta tem com ela a mesma relação de massa e distância que caracteriza a relação da Terra com o Sol. Uma tal relação determinou os níveis de temperatura favoráveis à presença significativa de água no estado líquido, tida por berço da vida que conhecemos.
.
Neste enquadramento cósmico, de que ainda não conhecemos o fim, a existência de planetas nos quais se desenvolveram civilizações tanto ou mais avançadas do que a nossa não é, de todo, impossível. As incomensuráveis distâncias (milhares de milhões de anos-luz) que nos separam é o grande factor que impede a confirmação deste raciocínio logicamente correcto.

.
«DN» de 13 de Agosto de 2008

Sem comentários: