quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

0845 - DE CEUTA A TIMOR - -LUÍS FILIPE F. R. THOMAZ


Proémío - IX


I. - Expansão Portuguesa e Expansão Europeia reflexões em torno da gênese dos - Descobrimentos 1

1.mouros - tratamentos diferentes entre cruzados e portugueses

(18) O radicalismo dos cruzados do Norte da Europa que pretendiam exterminar os Muçulmanos em vez de os integrar como tributários na sociedade cristà, como tradicionalmente se fazia na Peninsula, causou numerosos problemas aos reis peninsulares a que pretenderam ajudar, a começar por Fernando Magno ; O mesmo choque se verifica entre nós na tomada de Lisboa, na de Silves e na de Alcácer do Sal. No século XV a oposição entre as duas mentalidades não se esBatcra ainda, e Zurara nota a in~genuidadc dos embaixadores de Granada quc, para se assegurar de que a expedição que se preparava não tinha por alvo o seu reino, foram com presentes a D. Filipa de Lencastre, esquecendo que esta « era naturll d' hingraterra, cuja naça amtre as do mundo naturallente e desamam todollos jmfiees »( Crónica da Tomada de Ceuta, cap XXXIV). Pág. 12

II. - A evolução da política expansionista portuguesa- na primeira metade de Quatrocentos - 43

- Os primeiros projectos de expansão - 44

- A crise e a expansão - 52

- A mudança dinástica e a expansão 58

2.expansão portuguesa

Como é bem sabido. a expansão não conseguiu impor-se como vector permanente da potítica portuguesa senão com a Casa de Avis, jsto é, após a vitória da realeza apoiado pelo terceiro estado sobre a aristocracia fundiária e da estratégia Atlântica sobre a estratégia ibérica.

Apenas se impôs após um duplo malogro: o da intervenção portuguesa em Caste1a sob D. Fernando e o da intervençào castelhana em Portugal no reinado de D. João I. Após este duplo fracasso Portugal tornara-se como que ua ilha segundo a bela expressâo de Zurara «de ua parte nos cerca o mar, de outra temos muro em os reinos de Castela (32). pág. 58 - Crónica de Ceuta cap VI de Zurara

O tempo das dificuldades: os anos cruciais - 68

3.cerco de Ceuta - apoio de Granada

Estavam as coisas neste pé quando, com o apoio de uma frota granadina, uma grande coalizão de forças da Berheria veio cercar Ceuta 60. Pág. 69 Zurara, Crónica de D. Pedro de Mnezes

- A paz, o recomeço da expansão e o seu malogro - 82

- A grande mutação da regência - 102

- Epílogo: de Alfarrobeira ao Império - 127

III- O Projecto Imperial joanino (Tentativa de interpretação - global da política ultramarina de D. João II - 149

4.As sete frentes distintas de D. João II

A primeira linha é a preparaçào técnica das empresas futuras.

A segunda linha é a organizaçao da exploraçao do comércio nas costas africanas, de que o grande marco é, .sem dúvida, a construçâo de S. Jorge da Mina (45). Podemos associar-lhe o povoamento de S. Tomé e Príncipe (46), de iniciativa joanina, cujo escopo foi, sem duvida, antes do mais, proporcionar aos Portugueses uma escala cómoda na volta da Mina, inviável em navegaçào costeira devido à contra-corrente da Guiné.

A terceira linha. quiçá a mais conhecida- é o prosseguimento do descobrimento da costa ocidental africana. O escopo é agora, decididamente, virar o Cabo o e penetrar no Índico,

A quarta linha é a colheita de informações no Oriente, mediante o envio de exploradores por via terrestre até ao Índico. Referimo--nos, é c1aro às viagens de Pero da Covilhâ e Afonso de Paiva, para não citar senão as que tiveram algum sucesso. (53)

A quinta tinha de acção são as tentativas de penetração no interior do continente afíicano, seja co o obbjectivo decontactar, enfim, o Preste João, seja com o de assentar diploaticaente o trato com os potentados do ouro.

viagem de Joào Afonso de Aveiro ao Benim (1484 ou 1485) e envio de missionários-astónomos para o pais, com o fito de alcançar o Ogané (1486); viagens Até junto dos reis do Songo e dos Mosses a partir de S. Jorrge da Mina; tentativas de subir o Senegal e o Gâmbia ; viagens de Gonçalo de Antas, Gil e Vicente Anes a Felu ; etc (52)

5.A sexta linha de acçào joanina

consiste em iniativas de criação de abcessos de cristianização no continente africano, de que,a mais espectacular é a que conduziu á cristianizaçâo do Congo em 1491 (54) Pág. 163

Finalmenre a sétima linha de actuação é a actividadc diplomática tendente a reservar para Portugal a influência, quer sobre os territórios descobertos. quer .sohre a área oceânica indispensável às comunicações entre estas e Portugal. e entre Portugal e as terras que pretendia descobrir no futuro. Pág. 164

VI. Os portugueses e a rota das especiarias - 169

V. - A «Política Oriental» de D. Manuel I - as suas contracorrentes - 189

VI. - Estrutura política e administrativa- do Estado da índia no século XVI - 207

VII. - Goa: Uma Sociedade Luso-indiana - 245

6.Goa - importância da História ..

É seguramente a história e não a geografia que explica a presença desta cultura enquistada. Pág. 245

7.Goa - geografia

Todavia, este território de 3400 Kmz e de 750 000 habitantes permanece vivo. Quando o visitamos vindos de Bombaim ou do interior da Índia, depressa nos apercebemos de que penetramos num outro mundo e que Goa, ainda que decaída da sua antiga grandeza, conserva ua vida e ua cultura próprias. Foram sohre os geógrtafos que puseram em evidência a originalidade sua ciIilizaçào 1(1)

Veja-se Orlando Ribeiro - Aspectos e problemas da Expansão Portuguesa, Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1962, em particular o estudo »Originalidade de Goa»

Veja-se Raquel Soeiro de Brito, Goa e as Praças do Norte, Lisboa, J.I.U., 1966 e o número especial sobre Goa da Revista Garcia da Orta, Lisboa , J.I.U. 1956.

Pierre Gourou - « um duplo tesouro de civilização », citado por Orlando Ribeiro op cit p. 184

8.Originalidade da civilização de Goa - geeógrafos

Orlando Ribeiro, Raquel Soeiro de Brito Pierre Gourou

9.Goa - assimilação

Quatro séculos de influência cristã foram aqui tão profundamente absorvidos por um meio geográfico e por uma sociedade completamenle indianos que seria impossível acreditar que, `a semelhança do hinduismo, o cristianismo tivesse nascido à sombra daqueles palmares e nas margens daqueles rios Pág. 246

1. A Evolução da Sociedade Goesa - 246

10.concani - proibição de a utilizar

No século XVII que esta política repressiva atinga o apogeu. Com o objectivo de lavar ainda mais longe a assimilação da população à cultura portuguesa e impedir os contactos entre hindus e cristãos, reputados perigosos para a ortodoxia, o vice-rei Francisco de Távora, por sugestão dos Franciscanos de Bardez, chega ao ponto de interditar, em 1684, o uso da língua local, o concani, que todavia, os Jesuítas tinham estudado, transcrito em caracteres latinos e adoptado como língua de pregação e de catequese. (21) - é ainda hoje a única lingua indiana romanizada. Pág. 257

11.Goa - cargos públicos - população local

É ainda a nobreza indo-portuguesa que domina nas câmaras municipais, das quais a de Goa, rica, poderosa, regida pelo mesmo foral que a de Lisboa e usufruindo aproximadamente dos mesmos privilégios, é de longe a mais importante. Desde- a Restauração .faz-se representar nas Cortes, ao lado da Baía, ao tempo capital do Brasil (24). Pág. 258

12.discriminação religiosa

a discriminação eessencial é religiosa ais do que racial, sendo a profissão de fé cristã sempre considerada, pelo menos em princípio, como equivalente à cidadania portuguesa. (25) - C. Boxer - Race relations in the portuguese colonial epire 1415-1825, oxford university press, 1963.

13.Goa - população local na governação

Com a revolução de 1820 que instaurou em Portugal o regime.liberal as possibilidades de expressão e de participação politica dos nativos goeses tomaram-se maiores. A Índia Portuguesâ esteve desde entào e até aos nossos dias reprcscntada no Parlamcnto de Lisboa por dois deputados eleitos mediante sufrágio directo e já não, como os procuradores as Cortes tradicionais, escolhidos pela Câmara unicipal Pág. 264

14.Goa -- imprensa

O primeiro diário, o Heraldo, fez a sua aparição em 1900. Em 1961 pubblicava--se nove jornais, seis em português, dois e concani e u e mmarata. Pág. 267

15.Goa - população letrada

Afora dois ou três reeinóis (metropolitanos) como Cunha Rivara e Tomás Ribeiro e de alguns descendentes como Germano Correia, as figuras que dominam a cena cultural goesa, nas letras , no jornalismo, no ensino são maioritariamente brâmanes e chardós, membros das castas superiores da sociedade cristã. Pág. 268

16.Goa - emigração

Dado que este surto da instrução não foi acompanhado por um desenvolvimento econóico - tendo o território permanecido a este respeito mmuito estagnado - depressa se produziu uma situação desubbemprego da élite culta que a levou a expatriar-se . Pág. 269

11.Traços fundamentais da Sociedade e da Vida Goesa, 271

17.Goa -- Timor - influência espiritual -- contraste co a influência aterial

Em Goa, como em Timor e noutros territórios do Oriente onde a presença portuguesa logrou fixar-se, observamos com estranheza que, se a vida espiritual e cultural revela uma nítida influência portuguesa, a vida material e aorganizaão social das populações ostram uito poucos traços dessa influência. A razão é que os estabeleciemmntos portugueses no Oriente permaneceram até aos nossos dias coo sobrevivêencias anacrónicas da primeira expansão europeia, predoinanteente mercantilista, e pouco influenciados pela segunda, de carácter francamente colonial, que decorre da revolução industrialdo século XVIII. Pág. 271

III. A Diáspora Goesa - 282

18.Goa - emigração

Pelas suas ligações à colonizaçâo portuguesa, as suas origens .sociais. as suas direcçôes geográficas e os seus caracteres, a emigração goesa que se esboça a partir do século XVI e se desenvolve a partir do último quartel do século XVIII distingue-se da emigraçao indiana. que só se inicia mais tarde. Pág. 282

19.Goa - emigração

Esta emigração apenas toca as classes superiores ou médias. Pág. 282

20.Goa - emigração

Os primeiros casos de emigração goesa, no quadro da expansão portuguesa, datam do século XVI: há já alguns goeses entre os membros da expedição de Francisco Barreto a Moçambique (1568) e em 1598 um catequista goês, Lourenço Gonçalves, é martirizado em Lamaquitos (Timor). Por volta de 1560 havia dois missionários de Goa no Japão, os pactres Baltazar da Costa e Belchior Figueirecto. Dos setenta e dois membros da « embaixada mártir» enviada de Macau aoJapão em 1640, sessenta dos quais foram mortos, três eram goeses (52) - Peregrino da Costa - A expansão do Goês pelo mundo. Pág. 283

21.Moçambique - goeses

É no século XVII e sobretudo na centuria seguinte que os Goeses se começam a tornar numerosos em Moçambique, como já vimos. Quatro ou cinco atingiram aí o posto de capitão-mor; e quando. Pombal separou o governo de oçambique do de Goa o primeiro secrefário-geral de Moçambiquc foi também um goês, Caetano Xavier. Pág. 283

22.Portugal -- Europeu - goeses

É por esta época que começamos a cncontrá-los no próprio Reino. Entre os cem estudantes vindos do Ultramar que, entre 1833e 1857, frequentaram a Univcrsidadc dc Coimbra encontramos quarenta e oito goeses, seis dos quais descendentes e quarenta e dois nativos Onze fizeram_estudos de mdicina, seis estudaram Direito e quatro Teologia; quatro deles obtiveram o grau de doutor, enquanto oitoo outros se tornaram oficiais do Exército ou da Marinha, Pág. 283

23.goeses emigrantes em Portugal

Peregrino da Costa enumera entre os que se estabeleceram na metrópole portugueesa : vinte e três professores universitários ( entre os quais toda a dinastia dos Gonçalves Pereira, brâmanes de ilha de Divar, na Faculdade de Direito de Lisboa Pág. 284 vários goeses ou descendentes ilustres representaram Portugal Pág. 284

24.Origem goesa -- primeiros ministros

Para tenninar, assinale-se ainda que dois primeiros-ministros de Portugal eram de origem goesa: Marcello Caetano (1968-1974), originário de Assagâo (Bardez) e Nobre da Costa (1978), proveniente de uma família brâmane de Salsete. Pág. 284

25.goeses no estrangeiro

Uma centena de goeses fizeram carreira em outros países da Europa. Op primeiro deles foi, provavelmente, D. Mmateus de Castro, o primeiro prelado goês, sagrado bispo titular de Grisopolis e 1652, que fez a sua carreira em Itália. O seu caso é interessante sobretudo coo símbbolo de u desenvolviento cultural do pequeno território e da assimilação dos seus habitantes à cultura europeia. Pág. 285

26.goeses no Oriente -- Bombaim

A emigração dos Goeses no Oriente, por seu lado, é, pelo seu carácter, um pouco diferente e apresenta outro significado. Segundo uma estimativa de 1954, o seu número atingia 180 000, dos quais 80 000 em Bombaim e 20 000 no resto da Índia, 10 000 em carachi 20 000 no GoIfo Pérsico (55). Como em Bombaim, possuem organizações próprias quase por toda a parte; é o caso do Goan Institute e do Santa Cruz Club em Momhaça, do Catholic Recreative Clubb no Barém, etc. Pág. 285 (55) - B. Graciano de Sousa, p. 203

27.Goeses em Bombbaim

A colónia de Bombaim é a mais aniiga. Começou a constituir--se no fim do século XVIII, quando os ingleses iniciaram o desenvolvimento quc fez desta cidade uma das grandes metrópoles da Ásia. Os goeses contaram-se entre os primeiros que ali se foram eslabclecer, da mesma forma que os cristãos lusófonos de Malaca figuram entre os primeiros habitantes de Singapura e os lusófonos de Macau cntre os de Hong-Kong. Em qualquer destes três casos, trata-se de comunidades formadas pela expansão portuguesa que foram atraídas para a órbita da colonização inglesa, desde que esta assume decididamente a dianteira em relação àquela. Pág. 285

28.goeses em Bombaim - profissões

Entre os 40 000 membros dos trezentos e quarenta e um ctubes goeses de Bombaim contam-se 14 000 homens do mar, 7000 cozinheiros e empregados de hotelaria. 3000 funcionários, 3000 alfaiates, 3000 amas e enfcrmeiras ee 700 úsicos (56) - B. Garcia d' Sousa , p. 205

29.Goa - difusor do cristiasnismo

Goa se..tornou verdadeiramente como que um foco difusor do cristianismo na Ásia e dos contactos culturais entre a Índia e o mundo, Ocidental. A este respeito, a emigraçào goesa parece desempenhar um papel cõnsiderável : é graças a ela que a cultura goesa é, ais do que uma sorevivência enquistada nu recanto perdido do Condão, um princípio activo, um elemento dinâico que, ao irradiar a sua influência, assume na história universal, ua função be mais importantedo que aquela que as dimensões do território permitiria prever Pág. 289

VIII. - De Malaca a Pegu - 291-

Iª. Parte. As duas viagens do feitor Pero Pais (1512-1515) - 291

- Os Portugueses, o Pegu e o «comércio de índia em índia» - 291

- As viagens : rota, organização e carga - 303

- Explicação dos Pesos, Medidas e Moedas:

- Pesos - 323

- Peso Novo de Lisboa - 324

- Dacbim grande de Malaca - 324

- Dacbim pequeno de Malaca - 325

- 3º. Sistema de Malaca (cate de taéis) - 325

- Dacbim de Pacém - 326

- Sistema de Martabão - 326

- Medidas - 327

- Moedas - 327

- Moedas Portuguesas - 327

- Moedas indígenas de Malaca - 328

- Moedas de Pacém - 328

- Moedas de Pegu - 328

- Caxas - 329

- 2ª. Parte. A viagem de António Correia - 345

- Quem era Antônio Correia - 345

- A conjuntura político-militar nas vésperas da viagem - 352

- A viagem: cronologia e aspectos gerais - 361

- A viagem: organização - 369

- A feitorla em Pacém - 373

- As transacções comerciais - 378

- As diligências diplomáticas - 385

- Presentes dados em Pacém - 395

- Presentes dados em Pegu - 396

- Actividade Militar - 397

- Conclusão - 401

IX. - Os Portugueses e o mar de Bengala - na Época Manuelina 403

- 1. Da primeira imagem ao Primeiro contacto - 403

- 2. Constragimentos, contradiçõese mal-entendidos.-

- as características estruturais da expansão portuguesa - 417

- 3. Os particulares à descoberta do golfo - 435

- 4. As primeiras missões oficiais e suas consequências - 440

- 5. A embaixada de 1521 - 457

30.X - Nina Chatu e o Comércio Português em Malaca - 487

- Documentos - 508

XI - Malaca e suas comunidades mercantis

- na viragem do século XVI - 513

- O sultão primeiro mercador dos seus estados - 515

- As comunidades estrangeiras - 518

- Técnicas comerciais e forlunas-privadas - 526

- Cosmopolitismo e Islão - 528

- Os efeitos da presença portuguesa - 531

31.população de Malaca -- alteração com a conquista

Um novo grupo fez a sua apariçào: o dos casados, isto é, soldados portugueses que desposaram mulheres da terra, O Estado, desejoso de melhor assegurar a sua presença na Ásia, via estc pequeno grupo com bons olhos; concedia dotes às esposas e entregava aos maridos propricdades confiscadas aos muçulmunos. Pág. 531

32.Malaca - inversão hierarquica das comunidades

É notório que a hierarquia das comunidades se encontra de alguma forma invertida. Passam a ser os cafres e especialmente os quelins os favorecidos pelo poder. Neina Chatu é o principal conselheiro comercial de Rui de Brito Patalim, primeiro capitão português de Malaca . Pág. 533

33.Malaca - mestiços - área de habitação

Estes portugueses, mestiços ou assimilados, estabelecera-se sobretudo no centro da cidade, ao redor da fortaleza e da igreja, que tinha substituído, respectivamente , a esquita e o palácio dos sultões. O bairro foi fortificado (entre 1527 e 1542) com baluartes e encheu--se de igrejas e conventos. Pág. 532

34.Malaca - evangelização

A partir de 1550 instalam-sc em Malaca diversas ordens religiosas e a evangelizaçào ganha um novo incremento. O número dos cristãos indígenas recrutado entre os quelins e os chineses tende a aumentar. O bendara, sem dúvida um neto de Neina Chatu, converte-se em 1564 e confia a cducação de seu filho aos jesuítas: é provavelmente ele quem. com o nome de Dom joâo, morre em 1513. batendo-se contra os Achens que cercam a praça. Pág. 534

XII - Maluco e Malaca - 537

XIII - Os Portugueses nos mares da Insulíndia no século XVI - 567

- Monopólio e comércio livre - 569

- Rotas e mercadorias - 581

XIV - Relance da História de Timor - 591

- Pré-história - 591

- Proto-história - 593

- História moderna e contemporânea - 593

- História Religiosa - 597

35.Timor cristianismo - origem

O cristianismo foi introduzido na segunda metade do séc. XVI.Após a pregaçào do franciscano Fr. António Taveira (1556), que não teve continuidade. Timor foi evangelizado pelos dominicanos, estabelecidos em Solor desde 1562. A primeira igreja de que há noticia foi consítuida em 1590 no reino de Mena (perto de Oé-cussi) por Fr. Belchior da Luz: mas é com a pegaçâo de Fr. Cristóvão Rangel (c. 1633) e Fr. António de S.Jacinto (c. 1639) que a religiào católica cria na ilha raízes decisivas. Para o fim do século, ao mesmo tempo quc se espalha pelas vizinlas ilhas de Savu, Adunara e Flores testa, ainda hoje, o coração católico da Indonésia), o catolicismo progride em Timor.Pág. 598

- História Cultural - 600

36.Timor - influências culturais

A civilização de Timor é herdeira, sobretudo, da dos austronésios e. como tal, um ramo da civilização chamada por vezes «austro-asiática," comum a todo o Sudeste do Continente Asiático e Insulíndia,onde subsiste hoje, pouco alterada, entre as populações mais isoladas- A influência do substrato papua é porém mais forte que no resto da lnsulíndia. A esse fundo vieram juntar-se elementos introduzidos pela influência de Dong-Son e das civilizações javanesa e malaia: mas os introduzidos pelos Porugueses sào os mais vultosos.

37.Timor - influência portuguesa

Trazida pelos missonários, sobretudo, a influência portuguesa é mais nítida no aspeçto espiritual (religião, lingua, arte) que no material;..neste traduziu-se sobretudo na introduçào de novas plantas (milho de maçaroca, hoje base da alimentação nativa, mandioca, goiaba, teca, etc.), na sua maioria oriundos do Brasil. e novos animais (vaca, ovelha); Pág. 600

38.música aculturada

Na úsica aculturada, o instruento fundammental é o violino ( uitas vezees de fabrico local) ; o acompanhamento é feito por cavaquinho, bombo, tabor e ferrinhos. As elodias são e parte de origem europeeia (valsa, polcas, etc.), e parte alaia ou indonásia. Pág. 601

- A grande crise e a invasão índonésia - 603

- Bibliografia - 611

39.Timor influência portuguesa - razões da aculturação

mas a sua individualidade foi reforçada quer pela unificaçâo política quer pela difusão de uma cultura luso-timorense em que avulta, pelo seu papel aglutinador, o catolicismo que ao mesmo tempo acentuou a oposição dos timorenses quer aos povos predominantemente muçulmanos da Indonésia Ocidental e de Celebes. quer aos Holandeses, calvinistas). A fidelidade a Portugal materializou-se no culto da bandeira, aparentemente identificada. no contexto do totemismo tradicional, ao totem do grupo mais vasto em que os timorenses se sentiam.intregados.

40.Timor influência portuguesa -- razões da aculturação

Em segundo lugar, explica-se pela separaçào entre o poder económico e o político, pois estando todo o comércio e a nascente indústria nas ãos da comunidade chinesa, o poder português nâo aparecia como de exploração económica, mas antes, como uma força arbitral, potencialmente morigeradora do poder económico.

41.Timor influência portuguesa -- razões da aculturação

Em terceiro lugar, deve notar-se a fraca concorrência no mercado do emprego entre a nascente elite cultivada timorense e os metropolitanos, escassos, e em grande parte integrados pelo matrmónio em famílias timorenses - 81 por cento dos quadros do funcionalismo. por exemplo. era intregados por timorenses.

Pág. 604

42.Timor - consequências da ocupação da Indonésia

A ocupação alterou profundamente as posiçôes das forças políticas timorenses, levando-as a uma aproximaçâo contra o invasor estrangeiro. O contacto directo com os indonésios fez realçar aos olhos dos timorenses as diferenças que os separam, exaltando o seu sentimento de individualidade étnica, com todas as mani-festaçôes tradicionais (incluindo o culto da bandeira portuguesa, como outrora perante os Holandeses e durante a ocupação japonesa). Esse sentimento, de ordem estrutural, foi conjunturalmente exarcebado pela corrupção da administração indonésia, de venalidade indescritível e sobretudo pelo comportamento bárbaro das suas tropas : Díli foi saqueada e removidos para Jacarta a rádio, o bloco operatório do hospital, viaturas, recheio de casas, etc.; no cais forom fuzilados, «para mostrar como seriam tratados os que se opusessem à integraçào» 27 homens e 33 mulheres escolhidos à sorte enrte a multidão convocada para o efeito; em muitas localidades do interior a população adulta foi fuzilada, deixando apenas as crianças; pessoas pouco afectas à ideia da integraçâo foram levadas de suas casas e atiradas ao mar de helicóptero; Pág. 610

XV. - A formação do Tétum-Praça língua veicular de Timor leste - 613

- Nota sobre a transcrição do Tétum - 635

- Bibliografia - 635

XVI. A língua portuguesa em Timor - 637

- I- Vias de difusão do português na Ásia - 637

43.Lingua portuguesa - oriente - causas da expansão

A situação do nosso idioma no Oriente afigura-se-nos à primeira vista assaz paradoxal: em pontos onde a presença política portuguesa se limitou outrora a um pequeno espaço urbano e cessou. para mais. já desde há séculos. continua o português em uso. como sucede. por excmplo. em Chaul ou em Malaca onde a ocupação foi mais extensa. alargada a zonas rurais adjacentes de dimenssão razoável, e mais duradoura por cima, atingindo como em Goa e em Timor os nossos dias. o seu enraizamento afigura-se menor e o seu uso. por tal razâo. quase moribundo. Pág. 638

44.lingua portuguesa - trêes vias de difusão

Este aparente paradoxo nâo se pode explicar se nâo se tomar em conta a diversidade das vias por que o português se difundiu, nem de igual maneira a multiplicidade das funç6es que preencheu. Pág. 638

O português espalhou-se pelas costas dos países que marginam o Oceano Índico essencialente por três vias : por via de dominação política, por via do coércio e por via da missionação. Pág. 638

45.difusão da lingua portuguesa - causas

facilitou-a, sobretudo nos grandes centros em que se fixou razoável quantitativo de portugueses reinóis, a presença de falantes que o tinham como lingua materna; prolongou-a o constante aumento do número de mestiços; assegurou-a ainda, pelo menos nalguns pontos, a criação de escolas em que o português era ensinado: assim, por exemplo, em Goa, onde desde o vice-reinado de D. Joao de Castro (1545-1548) se criaram escolas elementares em todas as paróquias rurais, Num ou noutro caso houve mesmo por parte do poder público um deliberado esforço para o impor em detrimento do falar local: assim na Goa do século XVII - que se queria uma Roma oriental, capital de um grande império cristão de cultura portuguesa, um bastião da Contra-Reforma; aí decretou em 1684 o vice-rei Francisco de Távora, a instâncias dos Franciscanos de Baraéz, a proscrição local, do.concani~, o que, naturalmente, nào sortiu efeito. Pág. 639

46.lingua doinante - causas da sua difusão

Em todas as sociedades etnicamente nâo homogéneas com efeito, a Iíngua da etnia dominante adquire ipso facto um considerável prestígio falá-la é mostrar-se integrado no grupo que ocupa o cimo da jerarquia social, é, pelo menos, aproximar-se e poder comunicar com ele. A adopção da língua do conquistador, fenómeno de que formigam os exemplos ao longo da história universal, parece pois muito mais de natureza social do que política. no estrito sentido da palavra. Ainda hoje em Salcete - o distrito mais meridional das Velhas Conquistas de Goa, em que a aristocracia local de brâmãnes e chardós cristãos conserva bastas vezes em família o uso do português - é frequente os indivíduos de mais baixa Na extracçào social diligenciarem por mostrar, quando o Ouvem. que o sabem falar também, pois o português, língua das grandes famílias terratenentes da região, conserva aí, independentemente de toda a pressão do poder público. uma conotaçào de aristocracia e de bom tom. Pág. 639-640

47.divulgação do português - missionação

A sorevivência do~português no seio~de comunidades cristãs enquistadas entre infiéis, como sucede em Damâo, em Chaul ou em Malaca tem por certo a ver com tal fenómeno, Pág. 642

- II-Evolução bistórica da da presença do português em Tímor 643

- III - O português no espaço social timorense - 643

- IV- O português nas redes marítimas tangentes a Timor - 643

- V- O português em Timor - 643

48.Português de Bidau

Quase nada podemos dizer do «português de Bidau». A Unica referência escrita que lhe encontramos é a de Osório ae Castro, que na sua obra A Ilha Verde e Vermelha de Timor transcreve algumas conversas e um pequeno poema. Sabemos ainda que a Missào Antropológica de Timor, dirigida pelo recém-falecido Prof, António de Almeida (de quem tivemos esta informação) recolheu da boca de velhos que o falavam ainda algumas gravações magnéticas, que até hoje nào foram, que saibamos, transcritas nem estudadas. Pág. Pág. 658

49.português de Bidau - causas da decadência

Quanto ao «português de Bidau» a sua decadência, que tem no fundo a mesma causa é paralela à do indo-português e Damão e à do crioulo macaista em Macau : desaparecida a rede marítima que lhe deu origem sem ter a protegê-los um enquistamento socio--religiomso, estiolara a coberto da manutençào da soberania portuguesa, como que entalados entre o prestígio da língua oficial e a pressão da língua veicular do espaço circundante. Foi, por certo,por uma razào semelhante que em Goa não chegou, aparentemente,a instalar-se um dialecto crioulo: não lhe deixava espaço social de um lado o peso, forte aí, do português literário (consolidado quer pela presença da nobreza descendente (28) e de um clero numeroso, quer pela utilizaçào precoce da imprensa), de outro a força integradora do concanim, prestigiado ele também pelo emprego que dele fazia a Igreja e pela romanizaçâo que lhe deu desde o século XVI o cariz de urna língua de cristaos. Pág. 658

- VI - Futurro do português em Timor - 643

50.Filipinas - mudança da lingua oficial

O exemplo das Filipinas, onde o inglês baniu quase totalmente em três gerações , o castelhano , implantado de há três séculos e veiculado por um ensino que comportou desd o século XVI o nível universitário, é elucidativo. Pág.. 664

XVII. O afluxo ao meio urbano no Timor português

- Nota prévia - 667

- Antecedentes históricos - 668

- Uma sociedade dual - 673

- A cidade de Díli - 682

- Factores de desintegração de indivíduos do meío rural

- tradicional e seu afluxo ao meío urbano - 689

- juizo sobre este movimento - 698

- Perspectivas de evolução - 704

- Conclusão - 708

- Apêndices I - 708

51.Timor - população aculturada - profissões

Os mestiços preferem o funcionalismo, o quadro administrativo, as forças armadas e a enfermagem (que no seu conjunto ocupam 40.3 por cento desse grupo rácico), sem contudo predominarem em nenhuma profissão. A pequena colónia goesa dedica-se tota1mente aos serviços, em especial medicina, clero e comércio bancário. Os cabo-verdianos sào em parte funcionários, em parte artífices . Os timores concentram-se espectacularmente na agricultura; estão totalmente ausentes das profissôes que exigem habilitaçoes de nível universitário, mas estão já bem representados no clero (ao contrário dos mestiços); predominam de modo exclusivo nas forças militarizadas e ainda nitidamente nas forças armadas e no fundonalismo civil: estão mal representados no sector secundário; mostram, nas attividades tradicionais, acentuada tendência para o trabalho famlliar, evidenciada pela desproporção de mais de um para dez enue os trabalhadores agrícolas (assalariados) e os agricultores por conta própria. Pág. 710

- Apêndices II - 722

52assimilado - bai- nó

O tipo social que neste estudo principalmente focamos, o indivíduo aculturado, letrado ou semiletrado, é designado geralmente em Timor pelo termo tétum bai-nó. Este vocábulo merece uma curta explicaçâo. O termo tem hoje uma leve conotaçâo pejorativa devido à tendência para o aplicar sobretudo aos rapazes vadios do meio suburbano, mas na origem era um tratamento de cortesia, aplicado sobretudo aos filhos dos nobres e pessoas importantes, e, portanto, praticamente equivalente ao tratamento português de « menino».

A evolução semântica deste vocábulo confirma de certo modo o que acima afirmámos: que a classe dos letrados timorenses emergiu da aristocracia rural tradicional, a que se mantém vinculada pelos laços de sangue. Pág. 723

Origem dos textos aquipublicados - 725

Outros trabalhos do autor - 729

Cbave das aberturas usadas nas citações - 737

índice antroponímico - 741

índice toponímico - 759

índice temático - 767

índice filológíco - 773

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