via Império, Nação, Revolução by Riccardo Marchi on 5/28/10
Recebo e publico algumas notas de Pedro Mesquitela, protagonista - ele e a sua família - de páginas importantes da luta integracionista pelo então Ultramar português.
[Na] reunião na Quinta das Lágrimas, em Coimbra em 1970, após incidentes no Teatro Gil Vicente, […] discursaram vários integrantes das chamadas "direitas" inclusive ex-ministros de Salazar (Franco Nogueira), de que resultaram realmente vários artigos contra o regime "liberald" do Marcelo Caetano. O Luís Fernandes deve ter ainda cópia do artigo que na altura escrevi no jornal que ambos patrocinávamos chamado "Acuso". Muita pretensão minha ...
Devemos ainda falar de gente que naquela altura foi realmente importante como o Jaime Nogueira Pinto, o Luís Fernandes e o Pedro Pinto (em Lisboa) e nos movimentos nas faculdades em Lisboa em 1970 (Jorge Braga de Macedo, Marcelo Rebello de Sousa, eu mesmo, e tantos outros, que já demonstrava o que seria o pré e o pós 25 de Abril.) E os movimentos dentro do próprio governo de Marcelo Caetano com gente como o Baltazar Rebello de Sousa, o Silva Cunha (antigo ministro do Ultramar), O João Rosa (ex-ministro das Finanças) cada qual com a sua agenda e propósito.
[…] meu Pai escreveu vários livros sobre a posição a respeito do Ultramar e fez várias intervenções na Assembleia onde era deputado por Moçambique , e até 7 volumes sobre a História de Portugal em Macau e Extremo-Oriente . Mas fazem parte de um quadro mais vasto, e só posso adiantar que as chamadas "direitas" não eram exactamente monolíticas, tendo várias vertentes, sobretudo no que respeita á política Ultramarina. Desde 1952, quando o Prof. Adriano Moreira foi Ministro das Colónias existiam vários movimentos e matizes quanto á auto-determinação, independência ou simples abandono do Ultramar. Expoentes eram o próprio Prof. Adriano Moreira (que criou o ICSPU), o meu Pai, o Jorge jardim, o Santos e Castro (governador em Angola), o Pimentel dos Santos (governador em Moçambique) entre outros.
Cada qual á sua maneira e com uma visão pessoal do futuro, embora pudessem diferir nos meios para se alcançarem os fins. E todos poderiam ser chamados de "direitas". Mas "direitas" em relação a quê? Onde estava o centro em 1970? Enfim, daria para conversarmos anos a fio.
O Ultramar era a grande questão em Portugal, talvez porque era filho de uma visão de ditadura ou de democracia. Sobretudo a partir de 1970 a questão fica mais aparente, com o Marcelo Caetano e sua indecisão íntima, a traição ao Integralismo Lusitano de que tinha sido artífice, a traição aos ideais "fascistas" como Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa, e a enorme falta de capacidade de substituir o movimento aglutinador da antiga União Nacional pela amorfa ANP. Mas não quero ainda entrar nessa questão. É só um "aperitivo ".
Sem comentários:
Enviar um comentário