quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O «achamento» do Brasil (IV)

via Carreira da Índia de Leonel Vicente em 22/10/09

Em carta datada de 30 de Julho de 1514, Estêvão Fróis afirmou que o equador era considerado em termos práticos a divisória das zonas de influência entre Portugal e Castela na América, certamente por se ter observado anteriormente que o equador passava próximo da foz do Amazonas, o que era verdade, pois por aí passavam de facto as 370 léguas a ocidente das ilhas de Cabo Verde e por aí aparece traçada a linha divisória no chamado «Mapa de Cantino» de 1502.

A referida afirmação implicava saber que a linha de demarcação estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas passava pela proximidade da foz do rio Amazonas. Ora uma das hipóteses que se tem colocado e a que já aludimos, é a de que a esta região já em 1498 teria sido enviado Duarte Pacheco Pereira, o qual em 1494 havia sido um nos negociadores do Tratado de Tordesilhas podendo sugerir-se a hipótese de ter sido o conhecimento de terras ou indícios de terras brasileiras, o factor que levou a que D. João II exigisse mais 270 léguas para ocidente da linha de demarcação. O que é certo é que quando em 1498 Cristóvão Colombo saiu das ilhas de Cabo Verde para ocidente ele referiu que tal conhecimento teria sido indicado por D. João II quando negociara o referido tratado. Por outro lado, em 1514 EStêvão Fróis afirmou que Portugal «possuía estas terras há vinte anos ou mais e que já João Coelho, o da porta da Cruz, vizinho da cidade de Lisboa», já fora a terras do Norte do Brasil, onde ele havia ido.

Depois da viagem de Cristóvão Colombo de 1498 tem-se discutido se os navegadores castelhanos Vicente Yañes Pinzon e Diego de Lepe teriam chegado em 1500 a terras brasileiras a oriente da foz do rio Amazonas. Trata-se de um assunto bastante nebuloso e controverso, onde é difícil obter certezas, depois de Duarte Leite e Damião Peres terem apresentado abundante argumentação contra tal possibilidade.

"Breve História dos Descobrimentos e Expansão de Portugal", de José Manuel Garcia, Editorial Presença, 1999, pp. 70 e 71

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