domingo, 30 de dezembro de 2012

'Será que já houve uma guerra santa que foi puramente sobre religião?' Ricardo Bonalume Neto entrevista Nigel Ckliff, o autor do livro "Guerra Santa"

'Será que já houve uma guerra santa que foi puramente sobre religião?':


'Será que já houve uma guerra santa que foi puramente sobre religião?', diz historiador

RICARDO BONALUME NETO

Entrevista com o historiador, biógrafo e crítico britânico Nigel Cliff, formado na Universidade Oxford. Ele é autor de "Guerra Santa - Como as Viagens de Vasco da Gama Transformaram o Mundo", agora publicado no Brasil.

Por que o nome do livro é "Guerra Santa"? Você acredita que Vasco da Gama e os portugueses estavam envolvidos em um verdadeiro choque de civilizações, em vez de simplesmente iniciarem uma guerra comercial?

Nigel Cliff - Essa é uma questão complexa. Para começar, o meu título original era na verdade "A Última Cruzada: As Viagens Épicas de Vasco da Gama". Esse é o título no Reino Unido e também o título do paperback que saiu em [agosto] nos EUA. Eu concordei em chamar a edição de capa dura nos EUA de "Guerra Santa" para diferenciar de outros títulos semelhantes, mas "A Última Cruzada" representa a tese do livro com mais precisão. Ler mais

sábado, 29 de dezembro de 2012

Entrevista de Hitler ao Diário de Notícias


In revista "Sábado", n.º 449 de 6 de Dezembro de 2012
Clicar duplamente na imagem para ampliar

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Companheiros inesquecíveis


Dois camaradas da companhia a que pertenci durante a minha comissão militar em Angola

Os camaradas angolanos que tive na minha companhia, durante a minha comissão militar, eram filhos do povo. Do admirável e sofrido povo de Angola. Quer isto dizer que, para a esmagadora maioria deles, foi só quando passaram a fazer parte da nossa companhia que eles puderam, pela primeira vez nas suas vidas, relacionar-se com brancos de igual para igual. Olhos nos olhos, ombro com ombro, de homem para homem. E foram insuperáveis no companheirismo e na dignidade com que se relacionaram connosco, os europeus da companhia. Ler mais

sábado, 22 de dezembro de 2012

Portugal nasceu à sombra da Igreja


Portugal nasceu à sombra da Igreja e a religião católica foi desde o começo elemento formativo da alma da Nação e traço dominante do carácter do povo português. Nas suas andanças pelo Mundo – a descobrir, a mercadejar, a propagar a fé – impôs-se sem hesitações a conclusão: português, logo católico. Tiveram o restrito significado de lutas políticas, e não de questão religiosa, os dissídios dos primeiros séculos entre os reis e os bispos e os que mais tarde envolveram os governos e a Cúria. Na nossa história nem heresias nem cismas; apenas vagas superficiais, que, se atingiam por vezes a disciplina, não chegavam a perturbar a profunda tranquilidade da fé. A adesão da generalidade das consciências aos princípios de uma só religião e aos ditames de uma só moral, digamos, a uniformidade católica do País foi assim, através dos séculos, um dos mais poderosos factores de unidade e coesão da Nação Portuguesa. Portanto, factor político da maior transcendência; e por esse lado nos interessa.

António de Oliveira Salazar in «Discursos».

Fonte: Blogue "Acção Integral", post de 05Dez2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Teoria do Município


Para o Congresso Nacional Municipalista do Porto, em 1924, escreveu António Sardinha, então Presidente da Câmara Municipal de Elvas, dezasseis teses de apoio à Teoria do Município.
Numa altura em que se discute a reforma administrativa e municipal em Portugal, convém pois recordá-las:

1ª Tese – O Município não é uma criação legal. Anterior ao Estado, é preciso defini-lo e tê-lo como organismo natural e histórico. Ler mais

2ª Tese – A descentralização administrativa não é, por isso, suficiente para resolver o problema municipalista. Ler Mais

sábado, 15 de dezembro de 2012

O direito ao "Foda-se!"

Por Millôr Fernandes

(Com pequenas adaptações minhas)

Existe algo mais libertário do que o conceito do “foda-se!”?

O “foda-se” aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Liberta-me.

“Não queres fazer?! – Então, foda-se!”
“Queres fazer tudo sozinho? – Então, foda-se!”

O direito ao "foda-se" devia estar consagrado na Constituição.

Os palavrões não nascem por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário  de expressões que traduzem  com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o português a fazer a sua língua

“Comó caralho!”, por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita e quantidade que “comó caralho!”? Tende para o infinito, é quase uma expressão matemática.

“Eu gosto do meu clube comó caralho!”
“O sol está quente comó caralho!”
“O gajo é parvo comó caralho!”

E o “nem que te fodas!”?
Expressa a mais absoluta negação.
O “nem que te fodas!” é irretorquível e liquida o assunto.
Quando lhe pedirem dinheiro, mate o assunto:
“Ó meu caro, não te empresto, nem que te fodas!”

Há outros palavrões igualmente clássicos:
Pensa na sonoridade de um “Puta que pariu!”,
ou o seu correlativo “Pu-ta-que-o-pa-riu!”
Diante uma notícia irritante, qualquer “pu-ta-que-o-pariu!”, dito assim, põe-te outra vezes nos eixos.

E o que dizer do nosso famoso “vai levar no cu!”?
E a sua maravilhosa e reforçada derivação “vai levar no olho do cú!”?
Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha do seu interlocutor e solta:
“Chega! Ó meu, vai levar no olho do cu!”?
Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida e da tua auto-estima.
Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso  de vitória.

E seria tremendamente  injusto não registar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: “Fodeu-se!”
E a sua derivação, mais avassaladora ainda: “Já se fodeu!”.
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação.
Quando ouves uma sirene da polícia atrás de ti a mandar-te parar,
o que dizes? “Já me fodi!”.

E quando te apercebes que és de um país em que quase nada funciona; o desemprego não baixa; os impostos são altos; a saúde, a educação e a justiça são de baixa qualidade,
Agora digo eu:
Foda-se! Pu-ta-que-pa-riu este país!
E se alguém - no genérico! - entra no teu bolso:
Já me fodi! Estes gajos roubam comó caralho!
E a algumas pessoas apetece mesmo dizer:
“Vão levar no cu!

Mas não desesperemos!
Portugal ainda vai ser um país do caralho!!!

Só não sei quando…

Luís Castro

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Linguagem falada e linguagem escrita


A linguagem falada é popular. A linguagem escrita é aristocrática. Quem aprendeu a ler e a escrever deve conformar-se com as normas aristocráticas que vigoram n'aquele campo aristocrático.
A linguagem falada é nacional e deve ser o mais nacional possível. A linguagem escrita é – ou deve ser – o mais cosmopolita possível. Philosopho deve escrever-se com 2 vezes PH porque tal é a norma da maioria das nações da Europa, cuja ortografia assenta nas bases clássicas ou pseudo-clássicas.

Fernando Pessoa in «Pessoa Inédito».
*Sublinhado meu.

sábado, 8 de dezembro de 2012

A Importância do Ultramar para a Economia Nacional


 A Importância do Ultramar para a Economia Nacional
Tenente‑Coronel PilAv João José Brandão Ferreira*
No número 10 de Outubro de 1999 da Revista Militar, escrevemos com o mesmo título um artigo em que a matéria exposta cobria o período em que Portugal se tinha lançado na gesta dos Descobrimentos, até à realização da Conferência de Berlim em 1884/85. Vamos hoje retomar o tema mas agora na tentativa de cobrir o período que dista daquela Conferência até ao golpe de Estado que depôs o regime Corporativo, conhecido por Estado Novo, em 25 de Abril de 1974.
O Século XIX
“O primeiro passo de uma Nação para aproveitar as suas vantagens é conhecer perfeitamente as terras que habita, o que em si produzem, o de que são capazes.”
Memória Económica
Abade Correia da Serra
Ler Mais

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Sobre as greves


Somos excessivamente pobres para nos permitirmos a esse luxo. Tanto mais que quando se reconhece o direito à greve admite-se que há uma incompatibilidade absoluta entre o interesse patronal e o interesse dos trabalhadores, e que a questão não poderá ser resolvida senão pelo recurso à força. É evidente que ganhará o mais forte, o que não significa que triunfe a justiça. Tanto que se rejeita o direito à greve deve admitir-se que os interesses patronais e os interesses dos trabalhadores são, no fim de contas, concordantes e não contraditórios; que deve ser também considerado um terceiro interesse que é o interesse social; e que uma organização deve ser erigida para permitir aos interesses divergentes definirem-se e conciliarem-se, reconhecendo-se o Estado como árbitro supremo. Nestas condições, o direito à greve pode, sem riscos, e com vantagens, deixar de ser reconhecido.

António de Oliveira Salazar in jornal «Le Figaro», Setembro de 1958.
Fonte: Blogue "Acção Integral", post de 14Nov2012.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Essa é que é, Eça!

Enquanto à inviolabilidade do chefe do estado oferece-nos expor o seguinte:

Há um cidadão a respeito do qual é permitido ao jornalista mais timorato ou mais covarde escrever quotidianamente as alusões mais aviltantes, insinuar as calúnias mais pérfidas, apontar os insultos mais profundos, sem o mínimo risco de que o agredido tente no dia imediato esbarrar a cabeça do agressor sobre o delito respectivo. Esse cidadão é o rei.
Difere singularmente da educação dos outros homens a educação dos reis constitucionais. Os outros homens desenvolvem a sua razão para acertarem com a escola de uma religião ou de uma politica; o rei cultiva a sua razão unicamente para a sujeitar à política e à religião que lhe derem.
Os outros homens criam as suas ideias para as fazerem combater e triunfar; o rei dispõe as suas do modo mais conveniente para poderem submeter-se às ideias estranhas.

(Eça de Queiroz, As Farpas, Julho de 1871).
Fonte: Blogue "Centenário da República", post de 24Nov2012