Pedro Mesquitela - II [28-05-2010]
via Império, Nação, Revolução by Riccardo Marchi on 5/31/10
Recebo e publico algumas notas de Pedro Mesquitela, protagonista - ele e a sua família - de páginas importantes da luta integracionista pelo então Ultramar português.
Foi um período muito interessante, pois nem sempre as pessoas estavam directamente ligadas a partidos, e muitos iam apenas pelo feeling e sem coordenação alguma, participando só de grupos restritos aos amigos.
Poucos foram realmente influentes como pensadores ou idealizadores, e, eu mesmo, nunca fui ligado a nenhum partido ou facção política, tendo sempre pautado as minhas acções pelo que me parecia correcto e não porque seguisse ordens de ninguém. Fui mais prático do que teórico, embora tivesse estudado toda a teoria. Conheci pessoalmente a maior parte dos nomes que cita a respeito de Coimbra, e concordo que eles tinham um maior embasamento político como grupo. Lisboa sempre foi mais "generalista ".
De certa forma fui o contrário do Luís Fernandes. Ele era o teórico, mas só conheceu a prática no exército. Eu era o prático que no exército foi CCC (graduado em comandante de companhia) mas trazia a bagagem de ter nascido no meio da política e conhecer bem os atores, tanto na Metrópole como no Ultramar. E tinha uma experiência prévia de comando.
As únicas vezes que me consenti pertencer a algum grupo foram os escoteiros em Lourenço Marques e, claro, a Mocidade Portuguesa. Depois conheci o Luís Fernandes (creio que através do António Maria Zorro e o António Couto Viana) e passámos a militar juntos em algumas acções inclusivamente na Legião Portuguesa. Foi ele que me levou para lá e tivemos boas discussões internas no grupo de combate a que pertencíamos com teóricos "marcelistas" tipo Casal Ribeiro .
E nós estávamos certos, o que não ajudou em nada pós 25 de Abril, a não ser prisão ou confinamento domiciliar e seguidas idas á Comissão de Extinção da Legião Portuguesa (leia-se MFA).
Acredite que hoje sou muito mais liberal, talvez até porque não sofro pressões de nenhum tipo e não tenho que reagir com a mesma intensidade e em sinal contrário. Mas não acredito em nenhum político nem faço política no sentido lato da palavra. Acompanho como espectador atento, tiro as minhas conclusões, comparo minhas opiniões no passado com o futuro, e fico feliz quando acerto o diagnóstico. E fico triste com a "baixa política" existente hoje em Portugal.
Que saudades da Librerie de L'Amitié em Paris ....e, de certa forma, da Nouvelle Ordre e dos seus ideólogos. Ao menos existia uma ideologia pela qual viver e lutar. Hoje não sei se realmente existe, até porque o mundo está muito diferente e o bipolarismo acabou (felizmente nesse ponto). Mas falta ainda a "Terceira Via " que nem sabemos ainda realmente o que é.
Vi muito, ouvi muito, vivi muito até porque os Pais e irmãos estavam em Moçambique e eu era o único em Lisboa na Faculdade de Direito. Tinha assim acesso aos 2 lados da realidade portuguesa - a da Metrópole e a do Ultramar, a dos civis e a dos militares, a dos políticos de "esquerda"e de "direita". Triste foi ver como a população da Metrópole em geral conhecia mal a realidade Portuguesa. E disso se aproveitaram muitos, sem escrúpulos nem cor política.
Isso não significa que eu não aprove um Portugal mais Europeu. Também acreditei que as Províncias deveriam ter sua independência, mas não gostei da forma como foi feito, com total desrespeito aos portugueses de lá e até animosidade na Metrópole em relação aos chamados "retornados ". E, sobretudo, o posicionamento dos 2 primeiros governos pós 25 de Abril em relação aos cidadãos, tanto em Portugal como no estrangeiro (consulados). Sou testemunha viva disso, pois saí de Portugal em Agosto de 1975 e só pude voltar em 1988 (quando consegui uma amnistia pela visita do Papa), que acabou com a minha ordem de captura em Portugal. E tive irmãos considerados apátridas pelo Governo Português só porque tinham nascido em Moçambique...Mas tinham bilhetes de identidade e passaportes dizendo República Portuguesa, e não conheceram nunca outra bandeira na vida que não fosse a nossa.
Vejo hoje mais as coisas sob o ponto de vista humano do que político.
Foi um período muito interessante, pois nem sempre as pessoas estavam directamente ligadas a partidos, e muitos iam apenas pelo feeling e sem coordenação alguma, participando só de grupos restritos aos amigos.
Poucos foram realmente influentes como pensadores ou idealizadores, e, eu mesmo, nunca fui ligado a nenhum partido ou facção política, tendo sempre pautado as minhas acções pelo que me parecia correcto e não porque seguisse ordens de ninguém. Fui mais prático do que teórico, embora tivesse estudado toda a teoria. Conheci pessoalmente a maior parte dos nomes que cita a respeito de Coimbra, e concordo que eles tinham um maior embasamento político como grupo. Lisboa sempre foi mais "generalista ".
De certa forma fui o contrário do Luís Fernandes. Ele era o teórico, mas só conheceu a prática no exército. Eu era o prático que no exército foi CCC (graduado em comandante de companhia) mas trazia a bagagem de ter nascido no meio da política e conhecer bem os atores, tanto na Metrópole como no Ultramar. E tinha uma experiência prévia de comando.
As únicas vezes que me consenti pertencer a algum grupo foram os escoteiros em Lourenço Marques e, claro, a Mocidade Portuguesa. Depois conheci o Luís Fernandes (creio que através do António Maria Zorro e o António Couto Viana) e passámos a militar juntos em algumas acções inclusivamente na Legião Portuguesa. Foi ele que me levou para lá e tivemos boas discussões internas no grupo de combate a que pertencíamos com teóricos "marcelistas" tipo Casal Ribeiro .
E nós estávamos certos, o que não ajudou em nada pós 25 de Abril, a não ser prisão ou confinamento domiciliar e seguidas idas á Comissão de Extinção da Legião Portuguesa (leia-se MFA).
Acredite que hoje sou muito mais liberal, talvez até porque não sofro pressões de nenhum tipo e não tenho que reagir com a mesma intensidade e em sinal contrário. Mas não acredito em nenhum político nem faço política no sentido lato da palavra. Acompanho como espectador atento, tiro as minhas conclusões, comparo minhas opiniões no passado com o futuro, e fico feliz quando acerto o diagnóstico. E fico triste com a "baixa política" existente hoje em Portugal.
Que saudades da Librerie de L'Amitié em Paris ....e, de certa forma, da Nouvelle Ordre e dos seus ideólogos. Ao menos existia uma ideologia pela qual viver e lutar. Hoje não sei se realmente existe, até porque o mundo está muito diferente e o bipolarismo acabou (felizmente nesse ponto). Mas falta ainda a "Terceira Via " que nem sabemos ainda realmente o que é.
Vi muito, ouvi muito, vivi muito até porque os Pais e irmãos estavam em Moçambique e eu era o único em Lisboa na Faculdade de Direito. Tinha assim acesso aos 2 lados da realidade portuguesa - a da Metrópole e a do Ultramar, a dos civis e a dos militares, a dos políticos de "esquerda"e de "direita". Triste foi ver como a população da Metrópole em geral conhecia mal a realidade Portuguesa. E disso se aproveitaram muitos, sem escrúpulos nem cor política.
Isso não significa que eu não aprove um Portugal mais Europeu. Também acreditei que as Províncias deveriam ter sua independência, mas não gostei da forma como foi feito, com total desrespeito aos portugueses de lá e até animosidade na Metrópole em relação aos chamados "retornados ". E, sobretudo, o posicionamento dos 2 primeiros governos pós 25 de Abril em relação aos cidadãos, tanto em Portugal como no estrangeiro (consulados). Sou testemunha viva disso, pois saí de Portugal em Agosto de 1975 e só pude voltar em 1988 (quando consegui uma amnistia pela visita do Papa), que acabou com a minha ordem de captura em Portugal. E tive irmãos considerados apátridas pelo Governo Português só porque tinham nascido em Moçambique...Mas tinham bilhetes de identidade e passaportes dizendo República Portuguesa, e não conheceram nunca outra bandeira na vida que não fosse a nossa.
Vejo hoje mais as coisas sob o ponto de vista humano do que político.
Pedro Mesquitela
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