quinta-feira, 6 de novembro de 2008

1235.º LUGAR NA CLASSIFICAÇAO NACIONAL

1235.º LUGAR NA CLASSIFICAÇAO NACIONAL

via Sopas de Pedra by A. M. Galopim de Carvalho on 11/5/08
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DURANTE A LONGA E ÁRDUA CAMPANHA que conduzi em defesa da jazida com pegadas de dinossáurios de Pego Longo, na vizinhança de Carenque, localizada no fundo de uma pedreira abandonada, a servir de lixeira, contei, entre outros, com o grande e empenhado apoio da então Escola Preparatória e Secundária (C+S) de Queluz, a funcionar, desde 1985, em instalações provisórias, "a dois passos" desta importante jazida.
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O bom relacionamento que estabeleci com os professores desta escola levou a que estes, sem nada me dizerem, acordassem fazer de mim o seu patrono. Comunicaram esta sua escolha à Câmara Municipal de Sintra, em cuja área concelhia ela se situa, e esta autarquia, por sua vez, transmitiu essa pretensão à Secretaria de Estado da Administração Educativa. Na sequência deste processo, o Diário da República de 21 de Maio de 1999 (2ª série) publicava o Despacho nº 10 091/99, daquela Secretaria de Estado, no qual se determinava que esta escola passava a chamar-se Escola Básica 2,3 Professor Galopim de Carvalho. Os anos que se seguiram têm sido marcados por uma colaboração permanente e dela nasceram, entre outras realizações, belas e participadas exposições, algumas centradas na temática dinossáurios, e o Geoclube, dinamizado inicialmente por meia dúzia de alunos (que agora são já uma vintena) enquadrados por uma professora, com actividades nos domínios da mineralogia, da paleontologia e da geologia, entre as quais merece destaque a organização de um minimuseu ao serviço da escola. Acompanhante de muito perto e colaborador em algumas destas actividades, verifico, com preocupação crescente, que a carga burocrática que, nos últimos dois anos, se abateu sobre esta escola, à semelhança do que é notório e alarmante por todo o Pais, ameaça ferir de morte muitas destas voluntariosas acções, uma responsabilidade que terá de ser imputada a alguém.
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Esta escola, nas suas actuais, novíssimas, óptimas e belas instalações, inauguradas em 2001, continua a servir uma população maioritariamente constituída por famílias oriundas das ex-colónias, cidadãos que a nossa sociedade acolheu e explora mas aos quais não proporcionou condições mínimas de integração. De um estrato sociocultural baixo a muito baixo, muitas destas famílias vivem situações difíceis e complexas, sendo pouco ou nenhum o apoio que dão ao papel da escola na formação dos seus filhos.
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Neste cenário, a grande maioria dos alunos não tem hábitos de estudo nem motivação para a vida escolar, além de que manifesta uma deficiente formação pessoal e cívica, condições que se reflectem no ambiente de trabalho na sala de aula, sendo fraco o seu rendimento e frequentes os actos de indisciplina, violência e roubo.
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Nestas condições, e acrescidos os factos da superlotação da escola e da notória falta de pessoal auxiliar, classifico de Muito Bom este modesto 1235.º lugar, na avaliação das nossas escolas. E isso deve-se ao esforço, à dedicação e à coragem de um punhado de docentes e auxiliares que fazem desta escola a sua casa e destas crianças e adolescentes os seus filhos de adopção.

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